sábado, 28 de junho de 2014

Ferri durities temperatur igne, hominum poese et artibus*

"Eis que o tempo passou e os corações tornaram-se rochas polidas e refinadas, porém ainda rochas. A essência de passar para a nova geração a beleza do outrora perdeu-se. Os precursores das artes e poesia são desprezados e sobrevivem cabisbaixos e taciturnos, moribundos, de certa forma, em prateleiras empoeiradas. O futuro é preocupante. A relevância dos sentimentos descritos brilhantemente em palavras, tintas e notas que reluzem como gotas douradas de sol vagueia pelo escárnio - envelheceu. E os discursos limpos e prazerosos sobre ela estão em baixa.
Como sacerdotes da antiga Grécia em ruínas, os semeadores ainda espalham os grãos quase extintos. Todavia os frutos apodrecerão em uma estrada com muitos caminhantes. Se esse cenário se mantiver, em breve, lacunas que não poderão ser mais preenchidas serão uma realidade intransponível e as bases fortes e essenciais, consideradas antiquadas, logo serão derrubadas e substituídas. E será o fim daqueles que embelezaram o mundo apenas com a imaginação. E a dureza dos homens não poderá ser mais abrandada."



Colin Firth e Scarlett Johansson em Moça com Brinco
de Pérola (2003)
Em Moça com Brinco de Pérola (Girl with a Pearl Earring/Reino Unido/Luxemburgo/2003) há um diálogo que merece atenção: Johannes Vermeer (Colin Firth) explica a jovem empregada Griet (Scarlett Johansson) o que é uma base de cor, pois a moça indagou sobre um quadro que parecia não ter nenhum cor certa. Sendo assim, o pintor define que a base determina o tom, a sombra na luz, e quando esta seca, ele dá o acabamento. Para elucidar, pergunta a Griet de que cor as nuvens são e ela responde que são brancas. Vermeer sabia que Griet compreendia e espera pela resposta certa. Griet pensa mais e percebe que as nuvens possuem cores: amarelo, azul e cinza, ou seja, há cores nas nuvens. E ele finaliza: agora você entende. Mais tarde, no desfecho da história do filme, a esposa de Vermeer, furiosa, reafirma que Griet é analfabeta. Mas ela, a própria companheira de Vermeer, não é capaz de compreender a essência dos quadros dele, a beleza e a importância da demora na composição. A jovem empregada, mesmo iletrada, entende e admira, sabe o que pode mudar, por exemplo, a luz no estúdio e atrapalhar a pintura. Ela sabe que pode mover até mesmo um móvel de lugar para dar mais liberdade ao cenário de um quadro inacabado.

Em Os Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills
Kate Winslet em Contos Proibidos
do Marquês de Sade (2000)
/EUA/Alemanha/Reino Unido/2000
), a jovem lavadeira Madeleine (Kate Winslet) faz de tudo para que os livros do Marquês de Sade (Geoffrey Rush) sejam publicados, mesmo este estando decadente e confinado em um asilo. Ela adora ler os contos dele e os considera até mesmo divertidos e cômicos. O Marquês procura chocar, mostrando um lado proibido e faz uso desse para o entretenimento da sociedade. Só que não é aceito e muito menos bem visto. Porém faz sucesso no submundo e poucas pessoas o compreendem como Madeleine.

Nos dois exemplos há a quebra do muro do status social - o poder da compreensão é independente de saber ler ou não, de ser rico ou pobre. É como um instinto, mas somente inerente ao ser humano que nasce com ele.

E na compreensão das artes e da poesia reside, de forma cromossômica, a essência da humanidade - os sentimentos. Não os de origem vil e sim os que emocionam, despertam o amor, a compaixão e fazem rir. Esta percepção tira-nos da escuridão de bases mais selvagens e primitivas - os de posse, os territorialistas, os de sobrevivência a qualquer custo e do possuidor e do possuído. É uma janela aberta que é capaz de manter nossa alma limpa, mesmo com todas as sujeiras ao redor.

Agora vivemos, depois de épocas de frenesi cultural, um verdadeiro estupor, onde prevalece a insensibilidade. Não existe entendimento total das artes e poesia, muito menos da literatura mais trabalhada, ou das músicas mais esplendorosas.

Se estamos em época assim, como haverá o despertar da compreensão naqueles que nasceram e nascerão com essa percepção? Todos precisamos de estímulos e situações para descobrirmos o que nos fazem seres humanos, assim como Griet tinha as pinturas de Vermeer e Madeleine tinha as obras do Marquês. A pergunta que fica é: o que essa geração e a geração vindoura terão? Os novos alicerces são castelos de cartas e as referências diluídas. Sabe-se tudo sobre tecnologia, porém quase nada sobre a escrita. Sabe-se muito sobre a vida dos outros e muito menos como os de perto sentem-se. Sim, os corações transformaram-se em silício, silicone, plasma e LED. Não há tempo e nem vocação para doçura - a praticidade não deixa e o novo não importa-se com o velho.

Porém, enquanto houver uma fagulha da chama que mantém viva as artes e a poesia, bem como sua compreensão, sempre existirá esperança - uma das poucas dádivas que restou nessa caixa de Pandora em que vivemos.

E mesmo encoberto e, por muitas vezes, imaginário, ainda é um mundo maravilhoso, esperando apenas ser descoberto e sentido.

"Amai para entendê-las..." Bilac diria.

***


Palavras e frases latinas:

*Ferri durities temperatur igne, hominum poese et artibus
- a dureza do ferro é abrandada pelo fogo, a do homem pela poesia e pelas artes.

***


Fragmento extraído da parte XIII [Ora (direis) ouvir estrelas!] do poema Via-Láctea de Olavo Bilac, declamado por Juca de Oliveira, ator  e dramaturgo brasileiro.




quinta-feira, 15 de maio de 2014

Fase de dor...

"Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido." (Charles Chaplin, o último discurso do filme O Grande Ditador)


De todos os dias que posso me lembrar, esses fazem parte do rol dos piores: angustiantes, solitários e sombrios. Minhas lágrimas esvaíram-se pela demanda. Estou vazia. É como apenas levar, dia após dia, um peso invisível, indiferente para as outras pessoas. O ar me falta muitas vezes e crises de pânico se instalam e tomam conta por algumas horas excruciantes. 

É uma pequena história... Que se faz, agora, em uma tentativa de arranjo de palavras.

Tenho uma diminuição no espaço discal entre L5 e S1 (degenaração discal) que se arrasta desde 2011 (assim que cheguei a São Luís para o curso de Física). Na época, fiz fisioterapia, RPG - Reeducação Postural Global - e tive uma melhora considerável. O custo foi elevado, afinal, estava mergulhada em uma segunda vida de universitária tardiamente. Passei os dois anos seguintes mais ou menos, com algumas crises que não duravam mais do que dois ou três dias (com gelo ajudando a aliviar um pouco o desconforto). 

Como já relatei aqui, nas postagens de 2012, o meio deste ano foi de grande tristeza, perda de semestre e descrença. Tive o primeiro contato com o desespero, a incapacidade e a autoflagelação. As dificuldades que vinha enfrentando tanto no lado pessoal como no universitário, finalizando com um grave problema familiar, resultaram em uma inexplicável falta de ar que arrastou-se por dois meses. Estive por vários dias acamada, impossibilitada de qualquer atividade física e mergulhada em uma profunda apatia. Procurei ajuda médica. O primeiro, um pneumologista, pediu um exame para detectar asma (pois sou asmática). Lembro que ao chegar no local para o mesmo, fui muito maltratada pelo realizador. Já estava bastante frágil nessa altura e fiquei ainda mais triste. Quando o resultado saiu, o pneumologista disse que eu não tinha nada. Ele apenas falou que aquilo poderia ser uma "ansiedade" e ratificou o diagnóstico. Depois estendeu as mãos e se despediu (foi a partir daí que fui perdendo ainda mais a crença na medicina que é oferecida à maioria da população, com consultas a preços exorbitantes e que não há a preocupação em passar exames diversos, ou mesmo verificar o histórico de tristeza e problemas pessoais para, assim, ajudar no diagnóstico de queixas que, a primeira vista, não parecem ter sentido físico.). 

Nesta época eu morava eu um pensionato numa parte muito perigosa do centro da cidade, que poderia muito bem ser comparada com o submundo de uma Londres Vitoriana em pleno século XXI - com todos os tipos de crime, pessoas e cenas grotescas que se possa imaginar. 

Meu mundo estava completamente fragmentado e eu pensava somente em tristeza e dor. Dois amigos me ajudaram nessa fase. E, talvez, se não fosse por eles, poderia ter definhado naquele lugar, esquecida e desacreditada, pois, como constato hoje, raramente os outros se importam com a dor e o desespero do próximo. É quase um consenso de muitos (incluindo professores) que estes infortúnios são uma mentira, ou uma desculpa para não estudar. É a máxima do mudo instantâneo: você só vale quando está saudável e alegre. 

De onde esperei ajuda, esta não veio. E descobri na pele, da pior forma, o clichê mais verdadeiro desta terra: amigos e amores estarão do seu lado quando mais precisar, seja qual for o momento. Assim, mais tarde, foi-me revelado que perdoar é um ato muito complicado e que necessita de muita reflexão. Sou apenas um ser humano que tem todo direito de guardar mágoas (geralmente, por incrível que pareça, até este direito é tido por alguns como algo tão execrável que você passa de vítima a algoz.).

Até esta parte da história, eu já carregava comigo inúmeras decepções com o curso de Física e com pessoas que eu conheci e comecei a gostar. Muitas partiram meu coração, falaram mentiras, ou simplesmente [englobando o mundo machista], por algum motivo, suas vidas se tornaram um tédio e, para escapar disso, momentaneamente, viram em mim o objeto de entretenimento - uma gueixa ávida por encontrar verdadeiros sentimentos, entretanto apenas uma gueixa. E como as estações são efêmeras, o inverno passou. E elas voltaram para sua rotina, usando justificativas fáceis para maquiar o verdadeiro cenário. 

Eu estava cansada. Muito cansada. O grande sonho de ser uma cientista começava a se fragmentar e este se desfazia em mais pedaços a cada aula superficial de professores ruins, egocêntricos e iconoclastas, aliado ao fato de colegas que, fazendo jus a frase de Oscar Wilde "A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida." (Pen, Pencil and Poison - Pena, Pincel e Veneno), copiavam os piores exemplos de comportamento e sempre, mesmo falhando, diziam que tudo era muito fácil ou que sabiam o que, às vistas claras, era difícil e mal explicado - um verdadeiro show de gabolice.  

Perdi o semestre e voltei para casa. Descobri que tinha gastrite e um probleminha que fazia com que eu tivesse uma alergia respiratória devido a um refluxo (sim, maus hábitos, comidinhas noturnas, estresse, má alimentação, tristeza, café e muitos outros fatores.). Em três meses consegui recuperar a saúde e um pouco de fé. Porém o fato de ter quase 10 anos a mais do que muitos que estão em Física e ainda perder o semestre contribuíram para uma tristeza praticamente inerente. 

Assim... Final de 2012 e todo o ano de 2013. Alguns bons acontecimentos fizeram-se presentes. E, em um dia favorável do destino, em uma certa tarde, muito brilhante e ensolarada, eu vislumbrei e tive o que sempre quis. Um pequeno conto de fadas, uma lembrança excelente. E assim, ao cair da noite, tudo desfez-se. Sim, um presente merecido. Eu precisava voltar a acreditar que o mundo, mesmo feio e cruel para alguns, pode oferecer, mesmo que rapidamente, passagens marcantes e edificantes. 

Passou-se um certo tempo.... E cá estou em 2014. Mudei de endereço, contudo morando em pensionato ainda. Uma vida muito difícil, onde preciso me anular, baixar a cabeça, chorar quieta. E, claro, encarar a solidão como uma verdade universal.  É como estar de mãos e pés atados. Meu cotidiano não é mais do que uma atuação, um palco. Geralmente as pessoas ao redor estão quase sempre chateadas por qualquer fato, ou estão aborrecidas por dinheiro, isso e aquilo outro, reclamando aos montes, fazendo seu direito em cima do meu de também estar triste. Sinto-me obrigada a sorrir e dizer que está tudo bem, afinal, pelas leis naturais, a vida impõe quem deve gritar mais alto para ser ouvido. E, assim, quando volto para a casa provisória, no cubículo que chamo de quarto, posso ver a prisão que me cerca: além do frio desses dias chuvosos, ronda-me a atmosfera fortalecida de muita dor e falta de esperança. O medo é uma presença constante e fiel. 

E aqueles dias de dois anos atrás parecem ter deixado resquícios que hoje brotam. As dores lombares voltaram muito fortes. Fui ao médico e o problema se agravou. Descobri que, além da degeneração, tenho osteófitos [os famigerados bicos de papagaio]. Há quatro meses minha vida se arrasta com correntes que fazem um barulho audível só para mim. Tento, ao máximo, amenizar a situação para os outros. Pois sei, com a experiência já adquirida, que serão apenas palavras que não farão diferença alguma na vida dos mesmos. É mais um semestre que será perdido. Somente sinto-me bem nas aulas de Latim.  

Hoje faltei mais uma vez na faculdade. Acordei às três horas da manhã com dor. Antigamente considerava dormir uma forma de expurgar a melancolia do dia que passou. Todavia o sono está sendo interrompido. Então, nem isso tenho mais. Minha garganta está seca e causa-se uma agonia misturada com letargia. Tenho medo da volta da falta de ar. Estou esperando que ela se cure... Pelo menos para ter um mal a menos. 

(Chove muito... Não recordo de dias tão frios e cinzas... Um clima atípico e estranho: úmido e taciturno.)

Estou fazendo outro tipo de fisioterapia. E não estou sentindo melhoras. Meu castelo desmorona, pedra por pedra.

Tudo que eu queria, agora, era um tempo, um lugar para voltar e me curar das dores do corpo e da alma. Um pouco de aconchego, carinho. Nada de olhares de piedade, pena e bem distantes da ajuda que vem cheia de cobranças e da carga que mostra que eu sou um fardo. Queria estar longe da indiferença. Gostaria de sorrisos, de paz, de estar bem. Desejo o que nunca tive, uma outra vida, um recomeço. 

Tive que tomar uma difícil decisão. Alguns sentimentos são tão inexplicáveis ante aos fatos que fazem deles um acesso de loucura e pouco amor próprio que livrar-se dos mesmos é uma tarefa árdua, solitária e martirizada. Hoje percebo o mal que faço a mim mesma insistindo em mudanças que nunca virão, em respeito que nunca se fará presente e na reciprocidade que habita apenas o fantasioso. 

Vivo minha agonia e meu pesar. Lembranças de épocas ruins vão e voltam em solavancos. Espero, apenas, daqui algum tempo, contar que algumas feridas cicatrizaram. Enquanto isso, resta-me apenas esperar mais um dia dissipar-se. O tempo, então, é o único que me sobrou por inteiro.


sábado, 3 de maio de 2014

Levanta e anda!

"Irmão, você não percebeu que você é o único representante do seu sonho na face da Terra? Se isso não fizer você correr, chapa, eu não sei o que vai..." 

Álbum O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve 
Aqui/Emicida/2013
E era mais um dia frio, cheio de dores. Era hora de trabalhar, fazer algo, pensar  e achar soluções... Melhor... Dá motivo, sentido. Parece tudo tão perdido, oscilando harmonicamente no seno do ângulo de uma esperança diminuta.

Meus ouvidos e uma estação de rádio: trânsito, tolices, muita música ruim, uma balbúrdia de palavras mal empregadas e melodias de um doce artificial. Um cenário enjoativo, amenizado por um pequeno cristal reluzente: eis que uma música do Emicida fala justamente sobre a importância de continuar com os sonhos e buscar a motivação, mesmo em meio a dor e as tantas desventuras da vida, pois, afinal, quem pode mover a máquina das realizações e suas engrenagens senão nós mesmos?

"Quem costuma vir de onde eu sou, às vezes, não tem motivos pra seguir. Então levanta e anda, vai, levanta e anda, vai, levanta e anda. Mas eu sei que vai, que o sonho te traz coisas que te faz prosseguir."

Jesus ressuscitando a filha de Jairo
Afresco na Igreja de Chora, em Istambul.
São pequenas porções de reflexão sobre nós mesmos, um pouco aqui e um pouco mais adiante, a história de cada um em cada verso. O cotidiano duro [na proporcionalidade de cada vida], frangalhos de desejos envoltos em lágrimas e descrença. Porém assim como Jesus disse: "Levanta-te, garotinha!" para a filha de Jairo, devemos pegar nossos moribundos sonhos e trazê-los de volta à vida. 

"Eu sei, cansa, quem morre ao fim do mês: nossa grana ou nossa esperança. Delírio é equilíbrio entre o nosso martírio e nossa fé."

Não é fácil encarar a dor física e da alma, a falta de dinheiro e quase tudo esvaindo-se com a fluidez da água. Sonhamos com uma vida melhor, respeito, amor e o reconhecimento. A fase mais difícil é a perseverança - justamente o insistir, continuar e acreditar mesmo em tempos de dificuldade.

"Esses boy conhece Marx, nós conhece a fome. Então serra os punho, sorria. E jamais volte pra sua quebrada de mão e mente vazias."

Muitas pessoas nunca entenderão a dor daqueles que conhecem as amarguras e decepções do cotidiano. Para as mesmas é importante apenas ler e discutir sobre as mazelas da vida dos outros - é a busca do status da intelectualidade envolto na comodidade e nos louros dos mundos esfuziantemente coloridos. E do outro lado, no submundo cinza, partilhar as angústias é como gritar onde não existe ar para estabelecer a comunicação - uma pantomima sem plateia e a surdez da incompreensão.

[E lembrou-me George Orwell que, em suas andanças por Paris e Londres, muito mais do que enaltecer seu intelecto, quis sentir as aflições de uma vida de dificuldade extrema (mesmo que depois tenham sido essas impostas a sua própria vida) antes de relatá-las em seu livro sobre a pobreza.] 

Emicida contextualiza no agora o que Gonçalves Dias proclamou em tempos anteriores na Canção do Tamoio

"Viver é lutar. 
Se o duro combate 
Os fracos abate, 
Aos fortes, aos bravos, 
Só pode exaltar."

E nessa luta por viver nossos sonhos, com pés descalços e feridos, o amanhã melhor é fruto justamente do nosso ato de levantar e seguir em frente. 

Fontes:

O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui - Wikipédia em Português


  

terça-feira, 22 de abril de 2014

Notícias do front... Hurts

É uma época bem estranha, talvez muito mais triste do que as outras. Até aqui  uma sucessão de acontecimentos ingratos tem assolado a minha vida. Minha cabeça dói e a sensação de morbidade inebria todo este lugar. É o grande inverno da alma.

[Não me veio nenhuma trilha sonora, não desejaria clichês e nem lugares comuns. Ah, esse comum, o irmão siamês da superficialidade de hoje, da falta de palavras para classificação, do refinamento tão vagabundo quanto o mais vagabundo dos materiais existentes... Sim, lembrei, Ceremony do Joy Division e cantado pelo New Order... This is why events unnerve me, they find it all a different story...]

Bebi chá, bebi achocolatado, todos desceram sem gosto, sem vida. A casa e suas grades, seus problemas vulgares, fria, escura, tão triste como contos de orfanato.

Aflige-me a dor, não a psicológica, companheira inseparável das lembranças que surgem vez e também outra e que espalham um rastro vermelho no cubículo que intitulam de quarto, estou com a dor física dos velhos problemas de saúde que resolveram fazer uma visita.

É estranho até escrever sobre, pois escrever é uma arte tão nobre e agora tão esquecida que penso que deveria ser um ritual, uma purificação, mas neste momento custa-me pensar sobre como organizar as palavras.

O começo de ano veio com as típicas enfermidades de veraneio, mas que amedrontam muito os que moram sozinhos: infecções intestinais recorrentes, talvez, pelas comidas suspeitas e pelos desgostos que aparecem.

Gastei dinheiro que não deveria, investi em viagens que me trouxeram muitos dissabores e alguns dias de cama. Cheguei a conclusões que não queria. E, finalmente, voltei a sentir dores nas costas a ponto de procurar o médico novamente e constatar que minha coluna está muito comprometida.

Passei muito tempo deitada, remoendo muitas lembranças ruins e escolhas ruins. Estando sozinha, fico sem opção alguma e até o céu noturno, muitas vezes, me é negado, pois as grades da prisão intitulada de "casa provisória" não deixam espaço para observação.

Era só o grande sonho de trabalhar com aquilo que eu sempre quis. Mas tornou-se um grande e enorme pesadelo, sem volta, sem chances de recomeçar. Não posso recuar e não posso avançar. É um fígado comido pelo abutre das circunstâncias e que renasce apenas para ser devorado novamente.

Muitas vezes minha tristeza é alvo de escárnio. Sinto-me refém no próprio mundo que eu quis. Tornou-se feio, sujo e cheio de dor, com falsidade, ambições, pessoas erradas, de conversas erradas, de pensamentos tortos: o peixe em um aquário cheio de lodo. 

Compreender as pessoas ao redor está além das minhas possibilidades no momento e muito mais improvável está minha empatia pelas mesmas. Sinto falta de uma compreensão em larga escala. Sinto falta de alguém que diga: "independente do que acontecer, do que resultar, vamos te apoiar e estaremos do seu lado."

Fase, trajetória, estigma, tantas denominações... Dos fatos cômicos e trágicos desta vida a que, por vezes, me assombra é a paixão. Queria ter o dom de transformar um grande erro de quatro anos em uma história no nível de Woody Allen, um roteiro para a arte, espalhado pelo mundo em forma de recuperação e cicatrização [não só esta história, mas todas as posteriores que ficaram muito longe de um final feliz]. Foram muitas feridas, muitas palavras duras e pontiagudas professadas em nome da clareza. No nível psicológico, ataques gratuitos por erros ou por desconhecimentos naturais cabíveis a qualquer ser humano; nível físico, também em palavras: o objeto, eu, que precisa manter a mesma forma, sem alma e coração, que ousou ter um acréscimo e teve que escutar pedras em forma de reprovações.

Claro, depois do choque e do afastamento da fonte de angústia e mágoas foi quase instintivo tentar achar diferentes modos de agir em diferentes pessoas. Nem sempre aqueles que parecem, no começo, gentis, amáveis, conservam por muito tempo essas características se isso tudo for só um embuste. Poderia agradecer ao fato de mudanças repentinas de comportamento, uma salvação da superficialidade dos dias de hoje, mascarada por gostos finos, subcultura pop, etc, etc. Uma vez foi-me permitido constatar que as melhores lembranças, mesmo as de um dia apenas, não necessitaram de lugares caros, passeios de carros... Bastaram apenas boa vontade, ônibus e uma pessoa disposta a tornar o dia leve, bonito e sem pressões.

Dizem que nada dura para sempre, nem mesmo a tristeza, porém, se houvesse permissão, desejaria que fosse o tempo de mudanças, onde finalmente há a permuta das estações.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

Via Láctea

Desde o tempo imemorial, o caminho das estrelas traçado no céu, e conhecido como Via Láctea, foi guia para muitos peregrinos que levados por seu fulgor chegaram a Fisterra* galega, onde ficavam deslumbrados pela imensidão do Atlântico e os impressionantes pores-do-sol que a partir de lá podem ser vistos. (De Luar Na Lubre para a música Vía Láctea. Tradução e adaptação por T.S. Frank)


Fotografia de autoria de Laurent Lavender, 
extraída do site do autor.
Via branca, apaixonada
De pérolas pontilhada
São olhares noturnos
Nunca taciturnos

São lendas e mitos
De heróis destemidos
Ao longo da jornada
Dos deuses morada

Olhamos... Sonhamos
Olhamos... Encontramos
Pensamentos e amores
Abraços e ardores

E mesmo com mudanças
[Óh, doce via branca!]
Depois de muitas andanças
Ainda és minha esperança.

(Poema inspirado levemente na música Vía Láctea do grupo galego Luar Na Lubre)
T.S. Frank


Significados

*Fisterra - (latim: finis terrae - fim da terra) - é a capital da Comarca de Fisterra que pertence a Província da Corunha, uma das quatro que formam a Galícia. Faz parte do Caminho de Santiago de Compostela. Os antigos geógrafos greco-romanos situavam nesse lugar o Promontorium Nerium e o Ara Solis, o altar de culto ao Sol construído pelos fenícios e que foi destruído por ordem do Apóstolo Santiago.

Sobre a fotografia...

De Laurent Lavender, trata-se da Via Láctea (Voie Lactée) sobre a vigia costeira da Ponta do Raz (Pointe du Raz) que é um cabo na costa atlântica do departamento de Finistère, na Bretanha, noroeste da França.



Fontes:



sexta-feira, 28 de março de 2014

Astronomia - uma estrela

Dizem muito mais do que podemos decifrar
As anis estrelas distantes
E, há muito tempo, sonhos infantes
Foram moldados à luz do luar

Enquanto a Rainha do Norte brilha
A grande e formidável Ursa ergue-se
Assim a bela vaidosa despede-se
Com ousadia pela celeste trilha




E, todos os dias, nessa roda gigante
A madrugada brinca com seu véu
Negro hipnotizante de movimentos flutuantes

E assim chega ao fim mais uma história
É o começo da aurora
E de mais um dia que já vem!



(Poema inspirado levemente na música Astronomy do grupo americano Blue Öyster Cult
T.S. Frank

Significados 

Rainha do Norte - constelação boreal Cassiopeia (latim: Cassiopea)
Grande e formidável Ursa - constelação boreal Ursa Maior (latim: Ursa Major)


Mitologia

"Continuando seu voo, Perseu chegou ao país dos etíopes, cujo rei era Cefeu. A rainha Cassiopeia, orgulhosa de sua beleza, atrevera-se a comparar-se com as ninfas marinhas, que, indignadas, mandaram um prodigioso monstro marinho devastar o litoral. A fim de apaziguar as divindades Cefeu foi aconselhado, por um oráculo, a expor sua filha Andrômeda, para ser devorada pelo monstro. [...] Cassiopeia é chamada a estelar rainha da Etiópia, porque, depois de morta, foi colocada entre as estrelas, formando a constelação daquele nome. Embora tivesse alcançado essa honra, as ninfas do mar, suas velhas inimigas, conseguiram que ela fosse colocada na parte do céu próxima ao pólo, onde, todas as noites, tem de passar metade do tempo com a cabeça para baixo, recebendo uma lição de humildade." (trechos extraídos do O Livro de Ouro da Mitologia, pags. – 161;163, Martin Claret, 2006)

A história da música Astronomy

Astronomy é uma canção do grupo americano de Rock Blue Öyster Cult. Já apareceu em vários dos álbuns da banda. A primeira versão saiu  em 1974 no álbum Secret Treaties. Seu segundo álbum ao vivo, Some Enchanted Evening, de 1978, incluiu uma versão com um solo estendido de guitarra. A terceira versão foi incluída no álbum Imaginos, de 1988. Ela também foi regravada para a coletânea Cult Classic, de 1994. Em 2002 foi incluída no álbum ao vivo A Long Day's Night.


A letra da canção contém alguns versos de um poema de Sandy Pearlman, produtor da banda. O mesmo chama-se The Soft Doctrines of Immaginos. Nele aliens conhecidos como Les Invisibles guiam um humano modificado chamado Imaginos, também conhecido por Desdinova, através da história. Este desempenha papéis fundamentais que, eventualmente, levam à eclosão da Primeira Guerra Mundial.

São feitas referências a objetos celestes em toda a canção: The light that never warms (a luz que nunca se aquece) refere-se a Lua, The Queenly flux (o fluxo magestoso) refere-se a constelação de CassiopeiaMy dog, fixed and consequent (Meu cachorro, fixo e consequente) refere-se a Sirius, a estrela alfa da constelação de Cão Maior (latim: Canis Major) e Four Winds Bar  (bar Quatro Ventos) que pode ser uma referência ao Trópico de Câncer.

A música foi regrava pela banda americana de Heavy Metal Metallica e o cover lançado no álbum Garage Inc. de 1998. (Wikipédia em Inglês - Astronomy Song)

Por Blue Öyster Cult


Por Metallica




terça-feira, 18 de março de 2014

Fracasso - a parte importante e humana do aprendizado

O período das férias é marcado pela renovação e o semestre letivo pela iconoclastia agregada a dores de estômago, de cabeça, desânimo e muitas lágrimas. É o processo mais doloroso da minha vida até aqui. E tenho que enfrentá-lo sozinha, convertendo todos os "nãos" e o "não acreditar" em combustível para continuar na jornada.

Antes, quando cursava Ciências Contábeis, tudo parecia ser um pouco mais simples. Mas não deixava de ter as dificuldades do curso de Física que faço hoje. O cenário era apenas diferente e as pretensões também. Apenas queria terminar e enfrentar os titãs da Ciência. Porém, como em todas as guerras, sonhos passam por processos de desumanização, de quebras e de fortalecimento, tornam-se frangalhos, contudo se não fosse pela pequena fagulha de esperança que é responsável por manter vivos todos os grandes projetos, muitas da grandes obras, talvez, não teriam sido expostas ao grande público.

E nesse processo de volta e recomeço, férias e semestres iniciados, há o companheiro mais fiel do campo do aprendizado: o fracasso. E, claro, definidas as atividades e desafios que são bem comuns no meu curso atual, fico às voltas com esta imensa possibilidade.

O que mais me impressiona é a falta [talvez propositalmente] de discernimento do que deveria ser um ambiente saudável de estudos. É a personificação dos Três Macacos Sábios japoneses, mas às avessas: o que está errado deverá continuar da mesma forma, pois é necessário para ter sucesso.

Lendo e procurando sobre fracassos, deparei-me com algo bem interessante sobre o tema, um texto do astrofísico Marcelo Gleiser. O texto é interessantíssimo e há partes que merecem destaque:

"Fracassamos quando tentamos fazer algo. Só isso já mostra o valor do fracasso, representando nosso esforço. Não fracassar é bem pior, pois representa a inércia ou, pior, o medo de tentar. Na ciência ou nas artes, não fracassar significa não criar. Todo poeta, todo pintor, todo cientista coleciona um número bem maior de fracassos do que de sucessos. São frases que não funcionam, traços que não convencem, hipóteses que falham. O físico Richard Feynman famosamente disse que cientistas passam a maior parte de seu tempo enchendo a lata de lixo com ideias erradas. Pois é. Mas sem os erros não vamos em frente. O sucesso é filho do fracasso."

"Gosto sempre de dizer que os melhores professores são os que tiveram que trabalhar mais quando alunos. Esse esforço extra dimensiona a dificuldade que as pessoas podem ter quando tentam aprender algo de novo, fazendo do professor uma pessoa mais empática e, assim, mais eficiente. Sem o fracasso, teríamos apenas os vencedores, impacientes em ensinar os menos habilidosos o que para eles foi tão fácil de entender ou atingir."

"Claro, sendo os humanos do jeito que são, a vaidade pessoal muitas vezes obscurece a memória dos fracassos passados; isso é típico daqueles mais arrogantes, que escondem seus fracassos e dificuldades por trás de uma máscara de sucesso. Se o fracasso fosse mais aceito socialmente, existiriam menos pessoas arrogantes no mundo." 

Mas para o processo de aprendizado tentativa-fracasso-acerto torna-se saudável é necessário que haja professores capazes de transformar esse ciclo em algo proveitoso e formar um profissional humano e preocupado em ensinar Ciência para todos.

Muitos têm medo da Física e da Matemática pela falta de empatia que alguns profissionais possuem. Pudera, os mesmos espalham ao quatro cantos que estas áreas são templos sagrados sem espaço para fracassos, um teatro de egos, um lugar habitado apenas por gênios, onde perguntas básicas não são aceitas: pode existir espaço para o fracasso, mas ele está no final do corredor das humilhações.

Desejo, um dia, ter a oportunidade de estar em lugares em que se possa errar e tentar novamente, sem ter a própria capacidade desacreditada. Onde existam professores menos cansados, menos frustrados e menos arrogantes, com a preocupação de ensinar e prezar pela qualidade de ensino sem pensar em "fabricar artigos" em massa. Pode parecer uma utopia, uma lugar além do arco-íris, ou a própria terra de Oz, mas sem mudar pensamentos distorcidos, todos os trabalhos frutíferos [e os infrutíferos] ficarão presos na terra dos sonhos.

Marcelo Gleiser termina dizendo que fracasso tem gosto de vida. Não há nada mais humano do que nossas falhas.

Pode ser que no final do semestre eu esteja novamente em pedaços, mas recomeçar é o que resta. Prefiro ser um quebra-cabeças de erros e tentativas e ressurgir como a velha Fênix do que tornar-me uma máscara de arrogância tentando encobrir meu lado mais humano.

Fontes:

Homenagem ao fracasso - Marcelo Gleiser - 22/12/2013 - Folha de São Paulo
Os Três Macacos Sábios - Wikipédia em Português

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A alegria dos homens nas notas de Bach

Não há muito tempo (e para meu estarrecimento) ouvi algo de como música clássica, além de chata e antiga, também é insignificante por não possuir letra (Como assim?). Foi um aluno do curso de Física.

Ao escutar Bach hoje, lembrei dessa história. E muitos estão perdendo a melhor parte da festa por estarem justamente mergulhados nesse poço de ignorância.

Para esses que não se sentem tocados com Jesus Alegria dos Homens (Jesus bleibet meine Freude) e outros concertos dele (ou mesmo de outros compositores), só posso falar algo: lamento!

Assim, como disse o próprio Jesus ao finalizar a parábola do semeador: quem tem ouvidos para ouvir, ouça (Lucas 8, 8).

***
Johann Sebastian Bach (1685-1750) nasceu onde hoje é a Alemanha, em uma família com tradição na música. Teve quatro filhos que tiveram uma importância tão grande na mesma área que o sobrenome já estaria de qualquer forma garantido na imortalidade. Ser um Bach também significava possuir uma veia religiosa fortíssima.

Bach não foi um menino gênio como Mozart. Demorou um pouco para que as suas composições despontassem - lá pelos seus 35 anos. Mas como todos os bons e ótimos músicos, os instrumentos eram seu forte desde cedo, destacando-se no órgão.  E depois, no período que passou na corte de Köthen (1717-1723), cujos hábitos religiosos mais moderados permitiram-lhe dedicar-se mais intensamente à música instrumental profana, ele se revelou também um extraordinário cravista.

Bach não praticou a ópera, embora não lhe faltasse talento para isso.

Era bom de boca e gostava mesmo de comer (isso remonta-me a Vinicius e ao poema Não comerei da Alface a Verde Pétala). E como gostava de café! Apesar da fama de econômico, tinha a casa sempre cheia de flores e sempre gastava com instrumentos novos.

Foi um professor paciente com os alunos talentosos e impaciente com os que considerava medíocres.

Como pai, deu liberdade para cada um dos filhos desenvolver a própria personalidade musical.

Sua morte assinalou o final de um período - o barroco se fora e o classicismo chegara. Era a época do Iluminismo e das ideias revolucionárias e a Revolução Francesa logo, logo aconteceria. Assim, sua obra passou um bom tempo sendo apenas privilegio de círculos restritos. Só a partir de 1829, quando se fez a execução pública da Paixão segundo São Mateus, regida por Felix Mendelssohn, é que a obra de Bach passou a ser conhecida por um público mais amplo.

Poderia terminar dando dicas de algum álbum com as obras mais importantes de Bach, mas prefiro indicar o concerto que, para mim, simboliza a época de esperança, família, nascimento e alegria. Eis que Jesus Alegria dos Homens representa o Natal (apesar de já ter publicado textos mencionando que abomino o comércio em que se transformou). 

Trata-se da parte final e mais famosa da cantata  (tipo de composição vocal para uma ou mais vozes, com acompanhamento instrumental, às vezes também com coro, de inspiração religiosa ou profana) Coração e Boca e Ações e Vida, Herz und Mund und Tat und Leben, BWV 147a (sigla que quer dizer Bach-Werke-Verzeichnis "Catálogo de Obras de Bach" em alemão).

Música clássica não tem idade, credo ou faz qualquer distinção entre classes. O único fator que necessita é a perspicácia para ser apreciada e espalhada, assim como as sementes do semeador.


BWV 147 no vídeo acima (minutagem)

0:10   1. Chor "Herz und Mund und Tat und Leben" 
5:02   2. Rezitativ T "Gebenedeiter Mund!" 
6:50   3. Arie A "Schäme dich, o Seele nicht" 
10:27 4. Rezitativ B "Verstockung kann Gewaltige verblenden" 
12:09 5. Arie S "Bereite dir, Jesu, noch itzo die Bahn" 
16:33 6. Choral "Wohl mir, daß ich Jesum habe" 
19:43 7. Arie T "Hilf, Jesu, hilf, daß ich auch dich bekenne" 
23:24 8. Rezitativ A "Der höchsten Allmacht Wunderhand" 
25:46 9. Arie B "Ich will von Jesu Wundern singen" 
28:40 10. Choral "Jesus bleibet meine Freude" (A parte famosa)


A cantata é conduzida por Nikolaus Harnoncourt, regente alemão conhecido por suas performances de obras dos períodos clássicos e anteriores. É ganhador de um Grammy (2001) pela gravação da obra de Bach: Paixão segundo São Mateus.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Café Quente & Sherlock é TOP 100 do Prêmio Top Blog 2013: Yupi!

Olá, queridos (as) leitores (as)!

É com muita alegria que digo a vocês que o nosso blog entrou para a Lista Top 100 na categoria Arte & Cultura - blog Pessoal - da 5ª Edição do TopBlog Brasil e está classificado para as votações do segundo turno.


Já são quase quatro anos... E esse é um momento muito especial.


Agradeço a todos (as) que votaram. E, principalmente, por sempre estarem aqui, conferindo as postagens, as dicas, os filmes e as reflexões.

É sempre bom saber que tem alguém lendo e gostando. É o combustível que move o CQ&Sherlock.

Bem, o selo continua aí do lado e para votar nessa nova etapa é só seguir esses passos:

1. Clique no selo;
2. Você vai ser direcionado para a página de votação do TopBlog Brasil;
3. Vai aparecer local de preenchimento e votação;
4. Agora é só votar - lembrando que é permitido votar até duas vezes: por e-mail e por Facebook.

ATENÇÃO: a votação para o segundo turno do TopBlog Brasil vai até DIA 13 de MARÇO de 2014!

Até a próxima!





A vida em cor-de-rosa*

Suave, bem baixinho, as notas divagavam...

Hold me close and hold me fast
The magic spell you cast
This is La vie en rose...


Fortes abraços, magia...  Um dia eu pensei - "A vida em cor-de-rosa". Saltitantes nuances, sorrisos... Ah, muito complicado descrever todo esse fulgor. É uma cegueira instantânea.

Porém não me custa tentar imaginar uma vida tão esfuziante como as ruas iluminadas de Paris, salpicadas por um dourado sobrenatural. 

E eu pensei em você, dedicando todo esse esforço ao seu amor inalcançável. 

Deixemos a tristeza de lado, por alguns minutos, saboreando mais notas amadeiradas e florais...

When you kiss me heaven sighs
And though I close my eyes
I see La vie en rose


De olhos fechados, os beijos são observados apenas pelo céu. Sim, a vida tornou-se cor-de-rosa. 

Cá estão os desejos tecidos e arrematados por palavras. Tão distantes estão da realidade minha, talvez da sua. Porém o que faz cada dia valer a pena é que podemos viver nos sonhos toda a felicidade fragmentada pelo cotidiano iconoclasta.

When you press me to your heart
I'm in a world apart
A world where roses bloom

Romance de folhetim das tardes. E eu continuei a pensar que, sentindo seu coração, vivi em um mundo diferente, onde rosas floresciam.

And when you speak... Angels sing from above
Everyday words seems... To turn into love songs

As palavras que saem da sua boca encaixam-se em um hino angelical - são pequenas e delicadas peças de uma canção de amor.

Give your heart and soul to me
And life will always be
La vie en rose

E seu coração pertenceu a mim por alguns instantes. 

Porém sonhos terminam, cedo ou tarde. Está na hora de voltar para realidade. Mas antes lembrarei que, sempre que for assim, nossas vidas serão em cor-de-rosa.

* História da canção

La Vie en Rose (A vida em cor-de-rosa) é uma canção que foi escrita originalmente em francês por Edith Piaf, com melodia de Marguerite Monnot e Louis Guglielmi. Foi lançada no álbum Chansons Parisiennes de 1947. A canção original foi responsável pela notoriedade mundial de Piaf [o título da canção deu nome ao filme biográfico de 2007 que rendeu o Oscar de melhor atriz para Marion Cotillard no papel da própria Piaf]. A versão que temos no texto é cantada por Louis Armstrong [e pode ser encontrada no álbum Satchmo Serenades]. A letra em inglês foi escrita por David Mark. Esta foi incluida no Hall da Fama do Grammy em 1998.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Sereia

Sereia, lá onde a lua banha-se
Calmamente, um dia ouviu-se
Seu canto, puro e pujante
A enfeitiçar jovens viajantes.

Olhares perdidos nas procelas
São dias sem sol e sem velas
O vento cá não sopra mais
O silêncio das ondas é voraz...

[Esta pedra cinzenta é a lembrança
Das lendas entardecidas
Nos contos de criança]

“A bela azul espuma do mar virou
Sacrificou-se em prol de um amor
Que sempre a menosprezou.”

                                                       T.S. Frank




Se você ficou curioso sobre as ilustrações do vídeo... Tratam-se de três obras de John William Waterhouse (1849-1917), pintor inglês. 1. The Mermaid/1901; 2. The Siren Circa/1900; 3. Hylas and the Nymphs/1896. A última ilustração do vídeo não é do pintor.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Um novo ano - Chronos e sua essência

Tenho a sensação de reforma, recomeço e novos caminhos. E isso era somente a passagem do ano - tão simbólico. Porém não sei... Da minha janela apenas vi bêbados e a luz débil amarelada a cegar-me. Meus ossos não me deram paz. Fiquei por aqui, na cama,a espreitar, por um buraquinho, a alegria de plástico de muitos e pensei - ah, melhor deixar para o dia dois - meu doce quotidiano!
E foram fogos, beijos, juras de amor, brigas, começos e términos.

E no que pensei? Não me lembro. Podia ter pensado na minha casa de madeira, junto aos pinheiros e meu rebanho de ovelhas brancas. Muito longe, lá no Sul... Um dia.

Lembrei de qualquer coisa, disso eu sei.

O que um ano todo trouxe, não há de apagar-se em um dia.

Sem mágica, sem espírito. 

Enganar-se e fazer falsas promessas é enfadonho, pueril e bobo.

Eu acredito no trabalho e na construção.

E se o primeiro dia foi o primeiro tijolo, então, celebremos esta nova etapa.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Curiosidades cinéfilas: Overture, Intermission e Entr'acte

Caro (a) leitor (a), imagine comigo...

Você estava numa boa, pensando em qual filme assistir nesse fim de ano letárgico e preguiçoso e teve a brilhante ideia de ver Ben-Hur ou algum outro com um nome em Latim, quem sabe Quo Vadis...

Comprou aquela Coca-Cola geladinha, fez a velha pipoca de micro-ondas, colocou o DVD e ... Durante uns 6 minutos você se deparou com um grande OVERTURE, enquanto tocava a trilha sonora do filme. "Tudo bem, já passou", você pensou. E não é que duas horas depois apareceu um grande INTERMISSION e logo em seguida um ENTR'ACTE e mais e mais trilha sonora de novo...

NÃO É POSSÍVEL, Jesus!

Mas por que isso aconteceu?
Vamos às respostas! E, quem sabe, você passará a gostar desse velho modelo dos filmes de antigamente.

 
Overture Ben-Hur/1959

Overture – era uma abertura estática que tinha a finalidade de mostrar a trilha sonora, geralmente usada para aqueles filmes épicos, como Ben-Hur e Quo Vadis, por exemplo. O uso dela permitia que as pessoas entrassem no cinema e se acomodassem antes do filme começar. Também era uma premissa para mostrar a essência do filme. O ano de 1979 marcou o desuso da Overture, sendo que os últimos filmes a utilizá-la foram Jornada nas Estrelas – O Filme (Star Trek: The Motion Picture) e Abismo Negro (The Black Hole). Porém, a partir do último citado, as Overtures foram utilizadas somente nas chamadas roadshows, que são mostras limitadas de filmes, sendo retiradas no momento em que esses entram em circuito nacional, como aconteceu com Greystoke: A Lenda de Tarzan, o Rei da Selva (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes/1984), O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas/1994), Dançando no Escuro (Dancer In The Dark/2000), Cruzada (Kingdom of Heaven/2005), mas preservada na Versão do Diretor e Melancolia (Melancholia/2011).


Alguns filmes que utilizaram a Overture:

· King Kong (1933)
· E... O Vento Levou (Gone with the Wind) (1939)
· Vidas Amargas (East of Eden) (1955)
· Ben-Hur (1959)
· Spartacus (1960)
· Amor, Sublime Amor (West Side Story) (1961)
· Lawrence de Arábia (Lawrence of Arabia) (1962)
· Minha Bela Dama (My Fair Lady) (1964)
· 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey) (1968)
· Jornada nas Estrelas – O Filme (Star Trek: The Motion Picture) (1979)
· Abismo Negro (The Black Hole) (1979)


A lista completa dos filmes que utilizaram Overtures você encontra AQUI.

Intermission Ben-Hur/1959

Intermission - era o intervalo nos filmes que tinha uma finalidade prática: facilitar a substituição dos rolos de filmes. Porque em um filme Épico, com umas quatro horas de duração, isso precisava ser feito sem deixar o espectador irritado. E servia para mostrar mais ainda a trilha sonora, geralmente, primorosa. O público podia aproveitar para fazer outras coisas também, como esticar as pernas, ir ao banheiro e comprar guloseimas.


Alguns filmes que utilizaram o Intermission:

· O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation) (1915)
· E... O Vento Levou (Gone with the Wind) (1939)
· Fantasia (1940)
· Os Sete Samurais (Seven Samurai) (1954)
· Ben-Hur (1959)
· Spartacus (1960)
· O Rei dos Reis (King of Kings) (1961)
· Lawrence de Arábia (Lawrence of Arabia) (1962)
· Cleopatra (1963)
· Deu a Louca No Mundo (It's a Mad, Mad, Mad, Mad World) (1963)
· Minha Bela Dama (My Fair Lady) (1964)
· Doutor Jivago (Doctor Zhivago) (1965)
· Help! (1965) [Beatles] (Intervalo inferior a 10 segundos)
· A Noviça Rebelde (The Sound of Music) (1965)
· Grand Prix (1966)
· 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey) (1968)
· O Poderoso Chefão (The Godfather) (1972)
· Os Cowboys (The Cowboys) (1972)
· Mais Forte que a Vingança (Jeremiah Johnson) (1972)
· O Poderoso Chefão Parte II (The Godfather: Part II) (1974)
· Monty Python - Em Busca do Cálice Sagrado (Monty Python And The Holy Grail) (1975)



Intervalo inferior a 10 segundos

· Barry Lyndon (1975)
· Gandhi (1982)
· Neon Genesis Evangelion: Death & Rebirth (1997)


Entr'acte Ben-Hur/1959


Entr'acte - foi feito para aparecer logo após o Intermission, mostrando que era chegado, como no teatro, o segundo ato. Não tinha somente a finalidade de ser um intervalo para a troca de rolos. Como no filme Ben-Hur, o Entr'acte mostra o começo da nova jornada do herói. 


E por que entraram em desuso?

Com o passar dos anos, a tecnologia fez com que a mudança dos rolos fosse imperceptível. Se O Hobbit/2012 fosse de 40 anos atrás, teríamos nele, com quase absoluta certeza, Overture e Intermission (talvez com Entr'acte).


Fontes:

Abertura - Wikipédia em Português
Overture - Wikipédia em inglês
Intermission - Wikipédia em inglês
Entr'acte - Wikipédia em Inglês
Roadshow - Wikipédia em inglês

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Crítica da semana: Sede de Viver (Lust for Life)/1956

"Van Gogh foi o gênio incompreendido, marcado por falhar em aspectos importantes de uma época ainda fechada para a liberdade de expressão. Apenas desejou achar seu lugar no mundo, um mundo em tons de amarelo energético. E com Sede de Viver, Kirk Douglas transforma-se na vivacidade de Vincent - sua vida e suas histórias com a essência de seus quadros - muita intensidade."

Pintores (as) e escritores (as) têm muito em comum - o reconhecimento póstumo. E os (as) maiores (as), quase sempre, são os (as) que enlouqueceram pelo meio do caminho ou sucumbiram à pressão de uma sociedade não preparada para a gama de ideias e opiniões dos mesmos (as), por exemplo: Edgar Allan Poe, o grande escritor dos contos de terror e suspense, que influenciaria Arthur Conan Doyle e Agatha Christie mais tarde, acabaria retirado da sarjeta, delirando antes de morrer; Vermeer, o pintor da luz e perfeição técnica, viu-se na pobreza e, por dever muito e não ter mais condições de sustentar a família, morreu de um ataque do coração. Sendo assim, não foi diferente com Vincent van Gogh. Sua vida curta, cheia de histórias e incompreensão, terminaria de forma trágica aos 37 anos. E coube ao filme Sede de Viver (Lust for Life/EUA/1956) retratar com maestria essa trajetória. A película traz atuações espetaculares de Kirk Douglas (Vicent van Gogh) e Anthony Quinn (Paul Gauguin).

O filme merece ser comentando desde a abertura, com o emblemático Leo The Lion da MGM (em sua época de ouro), passando pelas mãos firmes e certeiras do diretor Vicente Minelli (sim, o pai da Liza e, na época do filme, já divorciado da Judy Garland) e terminando com um mosaico das obras originais de van Gogh vindas de museus e coleções particulares.

A história começa em 1877, mostrando o serviço religioso de Vincent em uma vila de mineiros na Bélgica. Vivendo em condições deploráveis e sem dar notícias, van Gogh preocupa o seu irmão Theo que aparece e o leva novamente para a Holanda. Van Gogh aos poucos recupera-se, porém uma desilusão amorosa o faz mudar para Paris, onde seu irmão Theo trabalha como negociante de artes. Na grande cidade, ele faz contato com diversos artistas impressionistas e conhece aquele que viria a ser seu maior amigo, Paul Gauguin. Influenciado por Gauguin, van Gogh vai atrás de lugares ensolarados para pintar e muda-se para a Bretanha. Algum tempo depois, Gauguin vai morar com ele. A situação precária em que os dois vivem e a deterioração mental de van Gogh fazem com que os dois não continuem juntos. Theo vai em socorro do irmão que pede a ele para ser internado em um manicômio.

O filme possui cores altamente vivas que caem como uma luva no enredo. É como enxergar através dos olhos do próprio Vincent e sentir sua agonia e seu desespero (desconfia-se que o pintor via tudo em amarelo, a chamada Xantopsia, talvez por beber absinto demais, ou fosse daltônico; também há a suspeita de que sofria de esquizofrenia ou de transtorno bipolar). Despojado dos bens materiais, ele estava onde o povo estava, vendo e pintado os agricultores colhendo, os ventos soprando nos campos, a boemia embriagada, as estrelas incandescentes, luzes e mais luzes.

Todo este trabalho rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para Anthony Quinn, além das indicações nas categorias de Melhor Ator, Melhor Direção de Arte e Melhor Roteiro Adaptado. Kirk Douglas recebeu o Globo de Ouro de Melhor Ator Dramático daquele ano por seu papel no filme.

Há pouco para reclamar, a não ser minúcias, desta bela obra: a falta da cena completa da orelha cortada (uma das melhores do filme e a mais emblemática da vida de van Gogh) que geraria a concepção de Autorretrato com a Orelha Cortada. Sabe-se que este famoso quadro do pintor foi concebido em 6 de janeiro de 1889 e a orelha foi-se antes, em 23 de dezembro de 1888. Porém a pintura não é vista em parte alguma do filme, nem mesmo no mosaico final.

Não há como finalizar sem mencionar o trabalho da grande lenda das trilhas sonoras: Miklós Rózsa. Responsável pelas composições dos épicos Ben-Hur e Quo Vadis, Rózsa criou para Sede de Viver uma das trilhas mais belas do cinema. Infelizmente a trilha não foi indicada ao Oscar. Um grande erro!

Se você é amante das artes ou só conhece van Gogh porque alguém na sala de aula um dia quis cortar a própria orelha, este é um filme altamente recomendável. Uma das grandes maravilhas de uma época salpicada com o amarelo dourado dos grandes atores, atrizes, estúdios, diretores e composições musicais.

Trailer


Trilha sonora [parte final - a parte da abertura é ainda mais bonita, mas ainda não foi disponibilizada no youtube]

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Notícias do front: épocas e nuances cinzas

Difícil é escrever, olhar ao redor e notar que o tempo desejado foi-se há anos.

Mudaram as estações e de uns meses para cá a inspiração para escrever desapareceu em meio a um nevoeiro de acontecimentos.

Muitas pessoas perderam minha consideração. E, muitas vezes, sair do meu cubículo para lidar com certos tipos é a tarefa mais árdua existe.

Não há como descrever a falta de senso, de cultura e, muitas vezes, bondade que assola a maioria dos jovens. São como robôs, muito bons em um ou dois aspectos, mas que acusam erro em outros mais sutis e humanos.

A pobreza de pensamento é ainda pior junto com agressividade vazia de argumentos. Eis uma narrativa simbólica:

"Um dia estava a escutar música clássica e certa criatura desprovida de qualquer característica requintada ou que a torne humanamente suportável disse que ao menos o funk carioca tem letra."

Sinceramente, diante desse exposto, fico a pensar no fato egoísta de isolamento do mundo.

E não se engane! Essas pessoas são justamente as que têm a oportunidade de frequentar uma universidade.

Eu perdi minha fé em certos aspectos. E muito de vez em quando, há alguns lampejos de salvação. Porém esmorecem diante das facilidades na estrada da vida.

Quanto mais jovens são, mais preconceituosos. E são assim em toda
s as áreas ou padrões que aos olhos dos mesmo não merecem existir. Acho que nesses dois anos, já fui vítima de certas brincadeiras, por exemplo, por escutar Chopin, ou ler um George Orwell, ou ter mais idade do que a maioria, ou ver um filme com Charlton Reston. São fatos inconcebíveis no meu mundo e no que acredito que faça um uma pessoa ser realmente uma pessoa: amar as artes, dar valor ao passado, respeitar as diferenças e basear o futuro em alicerces mais sólidos.

Esses dias sinto que o lugar mais atraente é o meu quarto e arrastar-me para fora dele significa voltar ao mesmo extremamente decepcionada a ponto de querer apenas dormir por uns dois dias antes de ter certeza que quase tudo está perdido em relação ao ser humano.

Continuo nessa caminhada, com paradas e reflexões, então. Não há modo de não sair ferida, mas existem maneiras de, talvez, desviar de algumas pedradas. Defender o que se acredita requer a maior e mais difícil virtude: paciência.