terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Manuscrito - Hécate

domingo, 25 de dezembro de 2016

Mais um Natal...

Então, eu não tenho muito para escrever sobre o Natal. O que eu tinha para falar sobre ele foi escrito anteriormente, em outros anos...

Deixarei um vídeo do Drauzio Varella que explora bem o assunto natalino...

... É uma boa ferramenta para reflexão.

E sim... Eu estou com meu bucho cheio até agora - chutei a intolerância à lactose por hoje, comi muito panetone, Chester assado na cerveja, salpicão, farofa e bebi litros de Coca-Cola.

Hoje permiti-me ser um pouco feliz. Esqueci minhas dores físicas e psicológicas.

Estou com a minha família, o que realmente importa... O restante... Bem, deixarei para os comentários do Ano Novo...

Este é o meu milagre de Natal. 



sábado, 24 de dezembro de 2016

Combo - Livro & Filme - Austenlândia (Austenland)

- Estou solteira porque, aparentemente, os únicos homens bons são os fictícios. 
(Jane Hayes em Austeland, 2013)

Antes que este tenebroso ano de 2016 acabe e que as costumeiras mensagens de Natal e Ano Novo apareçam, trago duas resenhas sobre Austenlândia (Austenland) - o livro e o filme.

Uma das novidades é que este livro foi o primeiro que li no meu novo e-reader - o Kindle Paperwhite (uma resenha inteira será dedicada a ele em breve). No mais, para as leitoras e leitores que gostaram da postagem mais popular do CQ&Sherlock até aqui, Por que queremos um Mr. Darcy?, esse é o meu presente de Natal para vocês!

Mas antes...

Eu vi primeiro o filme na Netflix e depois li o livro no Kindle.

A opinião no blog será uma das poucas, senão a única, na internet que expressa a preferência ao filme. Isso não significa que o livro seja ruim. Mas há paixões que vão contra a corrente...




Filme Austenlândia (Austenland/2013)

Se você gosta de Orgulho e Preconceito, personagens caricatos, belas paisagens e sente-se, também, um pouco Darcymaníaca (o), este filme é como uma mão em uma luva da Era Vitoriana. Vestir a pele de Jane Hayes não será incomum – Keri Russell dá voz e corpo a cada traço de personalidade das heroínas de Austen neste filme que mais parece uma sátira do livro homônimo - o que é ótimo!

Austenlândia (Austenland/USA/UK/2013), com direção da estreante americana Jerusha Hess, é um daqueles filmes para ver descompromissadamente, quando há a vontade de assistir algo leve, romântico e doce como um merengue.

A comédia romântica é certeira no quesito divertimento e entretenimento. Outros aspectos, como os personagens caricatos, causam divergências de opiniões - ou você ama ou odeia. Particularmente, sobrou-me amor. Tanto que já vi o filme umas 15 vezes.

O enredo fala sobre Jane Hayes (Keri Russell), uma mulher com mais de 30 anos de idade, que não consegue encontrar um namorado, pois nenhum homem parece à altura de seu grande ídolo - o Mr. Darcy (personagem criado por Jane Austen no romance Orgulho e Preconceito). Um dia ela decide gastar todas as suas economias e voar para o Reino Unido, onde existe um resort especializado em acolher as mulheres apaixonadas pelas histórias de Austen. Lá, ela descobre que o homem dos seus sonhos pode se tornar uma realidade.

Há de se destacar a atuação de Keri Russel como Jane Hayes, que é leve e simpática, muito da personalidade da atriz, que também passa essas características em outros trabalhos. Outro destaque é para o ator JJ Feild (que é americano, mas mudou-se para Londres quando era apenas bebê), que faz o Henry Noble, o residente Mr. Darcy. Sua interpretação de um homem de poucos amigos e de ar emburrado que depois revela-se um perfeito cavalheiro com uma voz suave e um jeito encantador é na medida.

Outro bom ponto é a trilha sonora, com músicas dos anos 80, como, por exemplo, Bette Davis Eyes (1981), de Kim Karnes, e Heaven Is A Place On Earth (1987), de Belinda Carlisle.

Uma dica é assistir pós-THE END - há boas surpresas - Austenlândia virou um parque temático sob a direção de Mr. Charming, o, agora, casal Jane e Henry aparecem para passear no novo lugar e outros finais são mostrados. Nos créditos, há um clipe com os personagens fazendo uma coreografia para a música do rapper Nelly - Hot in Herre.

Definitivamente, sendo você, leitor (a), fã de Austen ou apenas de comédias românticas, este filme é uma ótima pedida. É como comer uma caixa de chocolates quando deseja-se: não há como enjoar. Recomendadíssimo!





Livro Austenlândia (Austenland/2009)


O livro que tenho é da: Editora Record
Formato: e-book
E-reader: Kindle
Ano: 2014
ISBN: 978-85-01-03296-6 (recurso eletrônico)
Edição: 1 ª edição
Número de páginas: em um e-book o número de páginas é relativo. Trata-se de um livro curto.
Autor (a): Shannon Hale (trad. Regiane Winarski)
Preço-faixa na Amazon: R$ 18,90


Austenlândia, da autora americana Shannon Hale, é um livro despretensioso, cujo o maior intuito é divertir os românticos e os obcecados por Mr. Darcy que não pertencem ao grupo dos xiitas austenianos. Na proposta que lhe cabe, sai-se muito bem.

O enredo gira em torno de Jane Hayes, uma mulher de 33 anos que mora em Nova York. Bonita, inteligente e com um bom emprego, ela guarda um segredo constrangedor - é obcecada pelo Mr. Darcy, (personagem criado por Jane Austen). Com uma vida amorosa lamentável, Jane decide aceitar seu destino - noites solitárias no sofá assistindo a Colin Firth em Orgulho e preconceito. Contudo, ao ganhar uma viagem de férias para Austenlândia, um misterioso lugar onde todos devem se portar como se estivessem em uma obra da consagrada escritora, Jane tem a chance de viver o romance que sempre sonhou.

O livro é curto, de fácil leitura e que pode ser terminado em um piscar de olhos. Agradável e bem desenvolvido no limite de seu próprio universo.

Vale a pena uma conferida.


Algumas diferenças entre o filme e o livro


No filme, Jane vende o carro para comprar o pobre Pacote Cobre para Austenlândia em uma agência de turismo. No livro, ela recebe a viagem de sua tia-avó Carolyn como herança.
No livro, a mãe de Jane é Shirley. No filme, ela não é mencionada.

A tia-avó Carolyn não é mencionada no filme.

A melhor amiga de Jane, Molly, no livro, tem gêmeos. No filme, ela aparece apenas grávida.

No livro, Pembrook Park, o local de Austenlândia, tem poucas informações na internet. Há um contrato de privacidade que não pode ser quebrado nem pelos usuários e nem por funcionários. No filme, Austenlândia tem até propaganda na televisão.

No filme, Jane encontra Miss Charming no aeroporto, na chegada a Londres. No livro, esse encontro acontece somente em Austenlândia.

No Filme, Henry Noble é, de fato, sobrinho de Mrs. Wattlesbrook, dona de Austenlândia. Ele é professor universitário de História e foi parar lá por causa de uma decepção amorosa. Ele não é ator. A primeira semana dele no resort é também a primeira semana de Jane no local. No livro, Henry Noble é na verdade Henry Jenkins, ator com formação também em História. Ele é divorciado. Ele já trabalhava em Austenlândia antes.

No filme, Henry Noble tem olhos azuis. No livro, ele tem olhos marrons.

No filme, Martin é um ator que naquela temporada faz papel de jardineiro. No livro, ele é apresentado primeiro como Theodore, na parte em que Jane é preparada para as danças da época, e depois como Martin, o jardineiro.

No filme, Martin tem olhos marrons. No livro, eles são azuis.

No filme, Mrs. Wattlesbrook é a anfitriã também na casa principal, tendo um marido chamado Mr. Wattlesbrook. No livro, a casa fica a cargo de Tia Saffronia e seu marido John Templeton. Esses dois personagens não existem no filme.

No filme, Jane não tem criada. No livro, o nome dela é Matilda.

No filme, a história fictícia da Sra. Amelia Heartwright é um pouco diferente no livro.

No livro, Henry Noble/Henry Jenkins diz que Andrews é gay. No filme, isso fica apenas subentendido.

No filme, Miss Charming, ao final, compra Austenlândia e transforma em um parque temático. No livro, isso não acontece.

O cenário do desfecho do filme é diferente no livro. Nele, Henry Jenkins acaba por comprar uma passagem e pegar o mesmo avião em que Jane toma para voltar para Nova York. No filme, depois que há a briga no aeroporto e que Jane diz para Henry Noble que ele foi perfeito, mesmo sendo somente uma atuação, há a passagem em que ela chega em casa e desaustenriza o quarto. O desfecho romântico é dado quando Henry Noble, sendo realmente Henry Noble, vai até a casa de Jane para devolver um caderno com os desenhos que ela fez dele. Este é o melhor final.

***

Caro leitor (a), se você gostou dessa postagem, poderá se interessar também por estas no CQ&Sherlock:

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Dia de TPM: humilhações crônicas, dor na coluna e aulas em auto-escola

Há algo de errado desde a infância. Eu não sei bem o que é. Nem mesmo sei explicar com palavras para tecer o cenário detalhadamente para tonar-se algo inteligível e compreendido. É uma sensação de deslocamento, de que nada disso pertence-me, que nenhuma dessas pessoas que cercou-me até agora são conhecidas e próximas. É como uma relação profissional, onde há uma hierarquia que deve ser obedecida. Mas sempre há aquele que não acha justo tudo o que acontece, o salário que recebe, o tratamento, o porquê de o subestimarem e nem o motivo da vida o ter colocado ali. Porém ele continua a ser tratado como a escória e a válvula de escape para briga de egos. Essa pessoa sou eu.

Não tem sido fácil viver e isso já tem alguns bons anos. E, o pior, a tendência é não melhorar. Eu poderia comparar essa minha trajetória com a minha dor crônica na coluna - se eu repousar, seguir todas as regras e continuar letárgica, fazendo o que o médico diz, não sentirei tanta dor. Só que nesse método paliativo, eu sinto-me presa, extremamente cerceada e incapaz. E quando vou fazer algo que gosto (o que é raro nos dias de hoje), os momentos precisam ser aproveitados ao máximo, pois eu sei que no final do dia, quando a realidade chegar, as dores imensuráveis e indizíveis se instalarão. E não haverá ninguém para consolar-me, apenas para apontar o dedo e dizer que aquilo tudo é minha culpa.

Pois bem, desde que me conheço, as primeiras palavras que tomei conhecimento do significado foram, justamente, culpa e egoísmo - inseridas em minha alma através do método católico da repetição. Ultimamente essas palavras circulam como um pesadelo cíclico e tem a forma de aulas de direção. E é uma história longa até chegar no coração de todo o problema.

Nunca tive um contato mais íntimo com carros, a não ser pegar caronas e pedir um táxi. Nunca me interessei por eles. Minha família nunca teve um sequer (e não tinha mesmo condições para tal empreitada). Só que a necessidade chegou e, por insistência e subsídios da família, tive, por livre e espontânea pressão, de ir a uma auto escola.

A primeira que eu fui, pela qual fiz três provas e não passei, era uma bagunça. Umas mulheres preguiçosas e muito mal informadas, as donas, ofereciam carros péssimos, quentes e instrutores estranhos. Só que eu precisei enfrentar isso por ser perto da minha casa.

Sobre os instrutores dessa primeira auto-escola - tive muitos problemas. O primeiro era muito invasivo, conversava sobre religião, acidentes e era muito machista. Gritava um pouco e era um pouco ignorante. Porém sempre me cumprimentava. Só que no dia das provas, não passava segurança e, no cotidiano das aulas, deixava passar a pouca fé em mim. O segundo era muito relapso. No dia da minha última prova não foi me acompanhar e nem falar comigo. Fiz a prova sozinha e desacreditada. No fim, o meu processo venceu e não consegui atingir o objetivo.

Quando foi-me indicada outra auto escola, um pouco mais longe, mais ainda perto de onde eu moro, contratei sem pestanejar. Como eu estava de saco cheio desse processo e passando por problemas diários, acabei fazendo a prova teórica de muito mau humor e acabei não passando. Só passei na segunda vez.

Depois dessa etapa, vieram as aulas práticas. Em toda a minha vida, até aqui, não passou pela minha cabeça reviver o medo tenebroso que senti na minha infância e adolescência (quando sofria bullying na escola, e, depois, assédio moral também no trabalho, o que me fez ter pânico de ir para a escola e trabalhar. Hoje considero estes fatos as raízes de muitos problemas que tenho. A falta de compreensão e acompanhamento adequado tiveram, também, um grande grau de contribuição).

O instrutor é ríspido e extremamente grosseiro. Quando fui para minha primeira aula, desse segundo processo, ele não me cumprimentou e nem respondeu meu bom dia, de fato, ele continua a não responder minhas saudações. Como é um carro novo, mais moderno e com ar-condicionado, pedi que ensinasse-me algumas coisas antes de sair com ele e também ressaltei o medo de sair nas ruas e avenidas. Ele respondeu animalescamente que não precisava me mostrar as funcionalidades do carro, que não mudava em nada, pois era meu segundo processo e eu deveria já saber disso.

Eu tenho pânico de dirigir. Tenho medo de rotatórias, não sei muito bem fazer ultrapassagens e fico com medo de congestionamentos. Como o outro instrutor despertou essa insegurança em mim no primeiro processo, repetindo o mantra de que eu estava muito lenta e não sabia dirigir direito, eu fiquei com esta sensação ruim ao entrar em um carro para guiá-lo. Eu tinha depositado todas as minhas esperanças nessa auto-escola em que estou hoje e arrependo-me amargamente disso.

O novo instrutor sempre grita comigo e apenas diz para acelerar, reduzir, ajustar e onde entrar. Ele não deixa tirar dúvidas e quando faço perguntas ele simplesmente fala raivosamente: o quê? Há dias em que ele está muito estressado e o vejo dar baforadas para expressar algo como "que saco de estar aqui". Quando erro alguma coisa, ele, ao invés de ensinar-me a maneira correta e com calma, mesmo que leve tempo, simplesmente grita para eu tirar o pé dos pedais e as mãos do volante e conduz, ele mesmo, o carro.

A cidade que eu moro tem um trânsito péssimo. Uma pesquisa apontou que aqui é um dos piores lugares do mundo para se dirigir. Então, toda vez que termino a aula com esse Senhor, eu saio sentindo-me o pior ser humano da face da Terra, uma pessoa incapaz de aprender e inútil. O trajeto de ônibus até a minha casa é um palco em que uma tela de cinema reproduz cenas tristes de toda a minha vida.

Além do medo e da tristeza por não conseguir dirigir, sinto-me pressionada a agradar a todos. Agradar aos que estão pagando meu processo, agradar a auto-escola e, principalmente ao instrutor. Sinto-me com as asas cortadas e acorrentada.

Sempre repetem que eu estou atrapalhando o trânsito, que vou provocar uma acidente. Mas nenhum se prontificar a ensinar-me o que se deve fazer sem que eu, todas a vezes, fique com as mãos tremendo e com uma forte dor de cabeça.

Como na minha casa ninguém me dá razão (como há muito tempo, desde de pequena, eu sou a culpada por atrapalhar a vida das pessoas, de adoecer e todas as dificuldades que se abatem sobre mim ou os outros ao redor), fui procurar a única amiga da minha universidade, do curso de Computação, que confio nesses momentos.

Ao explicar a situação, ela me disse que eu tinha que sair urgentemente dessa auto-escola, ou, se a primeira opção não fosse possível, trocar de instrutor. A primeira situação está fora de cogitação pelo preço, a segunda tem um empecilho: a secretária do lugar fala mal dos alunos na frente de outros alunos, de como eles são péssimos e é grande amiga dos instrutores de lá.

Hoje, para piorar, eu quis cancelar duas aulas e fui informada de que não podia. Teria que ter avisado com 24 horas de antecedência, mesmo em caso de doença, salvo atestado. Acabei me exaltando ao telefone e nem sei se irei fazer mais aulas. Não tenho mais coragem. Contudo já fui notificada pela minha família de que se eu não for, as coisas ficaram muito feias para o meu lado. Aliás, a única coisa que repetem é para eu esquecer e continuar as aulas com ele. Citam que já enfrentaram problemas maiores e que nunca morreram por este fato.

Todos os dias sofro com recriminações de toda a espécie. Na verdade, muitas vezes eu não tenho vontade de viver ou acordar pela manhã. E esses acontecimentos pioram muito o meu estado mental. Não durmo direito e só tenho sossego de madrugada, onde aproveito para ver, em paz, algo que eu gosto ou apenas degustar o silencio que foi negado durante o dia.

Estou com crise de dor na coluna, o que me deixa parecida com um animal com um espinho na pata. Como disse no começo, uma das poucas coisas que ainda me dá prazer é jogar vôlei. E estou pagando o preço. E pensar que para ter algo satisfatório, por uns momentos, tenho que aguentar uma dor que acaba com a minha vida durante a maior parte do tempo, me faz pensar o quanto a vida é uma merda incalculável. E estou sem plano de saúde, uma verdadeira catástrofe. Eu queria muita vezes chorar, gritar, quebrar algumas coisas. Só que eu não tenho privacidade, não tenho meu canto, eu nem mesmo tenho o meu próprio quarto.

Não suportaria ser chamada de fraca hoje, estou estafada de verdade.

De fato, eu penso que estou no limbo. Talvez eu tenha morrido e esta é a minha punição.