sexta-feira, 28 de março de 2014

Astronomia - uma estrela

Dizem muito mais do que podemos decifrar
As anis estrelas distantes
E, há muito tempo, sonhos infantes
Foram moldados à luz do luar

Enquanto a Rainha do Norte brilha
A grande e formidável Ursa ergue-se
Assim a bela vaidosa despede-se
Com ousadia pela celeste trilha




E, todos os dias, nessa roda gigante
A madrugada brinca com seu véu
Negro hipnotizante de movimentos flutuantes

E assim chega ao fim mais uma história
É o começo da aurora
E de mais um dia que já vem!



(Poema inspirado levemente na música Astronomy do grupo americano Blue Öyster Cult
T.S. Frank

Significados 

Rainha do Norte - constelação boreal Cassiopeia (latim: Cassiopea)
Grande e formidável Ursa - constelação boreal Ursa Maior (latim: Ursa Major)


Mitologia

"Continuando seu voo, Perseu chegou ao país dos etíopes, cujo rei era Cefeu. A rainha Cassiopeia, orgulhosa de sua beleza, atrevera-se a comparar-se com as ninfas marinhas, que, indignadas, mandaram um prodigioso monstro marinho devastar o litoral. A fim de apaziguar as divindades Cefeu foi aconselhado, por um oráculo, a expor sua filha Andrômeda, para ser devorada pelo monstro. [...] Cassiopeia é chamada a estelar rainha da Etiópia, porque, depois de morta, foi colocada entre as estrelas, formando a constelação daquele nome. Embora tivesse alcançado essa honra, as ninfas do mar, suas velhas inimigas, conseguiram que ela fosse colocada na parte do céu próxima ao pólo, onde, todas as noites, tem de passar metade do tempo com a cabeça para baixo, recebendo uma lição de humildade." (trechos extraídos do O Livro de Ouro da Mitologia, pags. – 161;163, Martin Claret, 2006)

A história da música Astronomy

Astronomy é uma canção do grupo americano de Rock Blue Öyster Cult. Já apareceu em vários dos álbuns da banda. A primeira versão saiu  em 1974 no álbum Secret Treaties. Seu segundo álbum ao vivo, Some Enchanted Evening, de 1978, incluiu uma versão com um solo estendido de guitarra. A terceira versão foi incluída no álbum Imaginos, de 1988. Ela também foi regravada para a coletânea Cult Classic, de 1994. Em 2002 foi incluída no álbum ao vivo A Long Day's Night.


A letra da canção contém alguns versos de um poema de Sandy Pearlman, produtor da banda. O mesmo chama-se The Soft Doctrines of Immaginos. Nele aliens conhecidos como Les Invisibles guiam um humano modificado chamado Imaginos, também conhecido por Desdinova, através da história. Este desempenha papéis fundamentais que, eventualmente, levam à eclosão da Primeira Guerra Mundial.

São feitas referências a objetos celestes em toda a canção: The light that never warms (a luz que nunca se aquece) refere-se a Lua, The Queenly flux (o fluxo magestoso) refere-se a constelação de CassiopeiaMy dog, fixed and consequent (Meu cachorro, fixo e consequente) refere-se a Sirius, a estrela alfa da constelação de Cão Maior (latim: Canis Major) e Four Winds Bar  (bar Quatro Ventos) que pode ser uma referência ao Trópico de Câncer.

A música foi regrava pela banda americana de Heavy Metal Metallica e o cover lançado no álbum Garage Inc. de 1998. (Wikipédia em Inglês - Astronomy Song)

Por Blue Öyster Cult


Por Metallica




terça-feira, 18 de março de 2014

Fracasso - a parte importante e humana do aprendizado

O período das férias é marcado pela renovação e o semestre letivo pela iconoclastia agregada a dores de estômago, de cabeça, desânimo e muitas lágrimas. É o processo mais doloroso da minha vida até aqui. E tenho que enfrentá-lo sozinha, convertendo todos os "nãos" e o "não acreditar" em combustível para continuar na jornada.

Antes, quando cursava Ciências Contábeis, tudo parecia ser um pouco mais simples. Mas não deixava de ter as dificuldades do curso de Física que faço hoje. O cenário era apenas diferente e as pretensões também. Apenas queria terminar e enfrentar os titãs da Ciência. Porém, como em todas as guerras, sonhos passam por processos de desumanização, de quebras e de fortalecimento, tornam-se frangalhos, contudo se não fosse pela pequena fagulha de esperança que é responsável por manter vivos todos os grandes projetos, muitas da grandes obras, talvez, não teriam sido expostas ao grande público.

E nesse processo de volta e recomeço, férias e semestres iniciados, há o companheiro mais fiel do campo do aprendizado: o fracasso. E, claro, definidas as atividades e desafios que são bem comuns no meu curso atual, fico às voltas com esta imensa possibilidade.

O que mais me impressiona é a falta [talvez propositalmente] de discernimento do que deveria ser um ambiente saudável de estudos. É a personificação dos Três Macacos Sábios japoneses, mas às avessas: o que está errado deverá continuar da mesma forma, pois é necessário para ter sucesso.

Lendo e procurando sobre fracassos, deparei-me com algo bem interessante sobre o tema, um texto do astrofísico Marcelo Gleiser. O texto é interessantíssimo e há partes que merecem destaque:

"Fracassamos quando tentamos fazer algo. Só isso já mostra o valor do fracasso, representando nosso esforço. Não fracassar é bem pior, pois representa a inércia ou, pior, o medo de tentar. Na ciência ou nas artes, não fracassar significa não criar. Todo poeta, todo pintor, todo cientista coleciona um número bem maior de fracassos do que de sucessos. São frases que não funcionam, traços que não convencem, hipóteses que falham. O físico Richard Feynman famosamente disse que cientistas passam a maior parte de seu tempo enchendo a lata de lixo com ideias erradas. Pois é. Mas sem os erros não vamos em frente. O sucesso é filho do fracasso."

"Gosto sempre de dizer que os melhores professores são os que tiveram que trabalhar mais quando alunos. Esse esforço extra dimensiona a dificuldade que as pessoas podem ter quando tentam aprender algo de novo, fazendo do professor uma pessoa mais empática e, assim, mais eficiente. Sem o fracasso, teríamos apenas os vencedores, impacientes em ensinar os menos habilidosos o que para eles foi tão fácil de entender ou atingir."

"Claro, sendo os humanos do jeito que são, a vaidade pessoal muitas vezes obscurece a memória dos fracassos passados; isso é típico daqueles mais arrogantes, que escondem seus fracassos e dificuldades por trás de uma máscara de sucesso. Se o fracasso fosse mais aceito socialmente, existiriam menos pessoas arrogantes no mundo." 

Mas para o processo de aprendizado tentativa-fracasso-acerto torna-se saudável é necessário que haja professores capazes de transformar esse ciclo em algo proveitoso e formar um profissional humano e preocupado em ensinar Ciência para todos.

Muitos têm medo da Física e da Matemática pela falta de empatia que alguns profissionais possuem. Pudera, os mesmos espalham ao quatro cantos que estas áreas são templos sagrados sem espaço para fracassos, um teatro de egos, um lugar habitado apenas por gênios, onde perguntas básicas não são aceitas: pode existir espaço para o fracasso, mas ele está no final do corredor das humilhações.

Desejo, um dia, ter a oportunidade de estar em lugares em que se possa errar e tentar novamente, sem ter a própria capacidade desacreditada. Onde existam professores menos cansados, menos frustrados e menos arrogantes, com a preocupação de ensinar e prezar pela qualidade de ensino sem pensar em "fabricar artigos" em massa. Pode parecer uma utopia, uma lugar além do arco-íris, ou a própria terra de Oz, mas sem mudar pensamentos distorcidos, todos os trabalhos frutíferos [e os infrutíferos] ficarão presos na terra dos sonhos.

Marcelo Gleiser termina dizendo que fracasso tem gosto de vida. Não há nada mais humano do que nossas falhas.

Pode ser que no final do semestre eu esteja novamente em pedaços, mas recomeçar é o que resta. Prefiro ser um quebra-cabeças de erros e tentativas e ressurgir como a velha Fênix do que tornar-me uma máscara de arrogância tentando encobrir meu lado mais humano.

Fontes:

Homenagem ao fracasso - Marcelo Gleiser - 22/12/2013 - Folha de São Paulo
Os Três Macacos Sábios - Wikipédia em Português