quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Boemia de todos os dias...

Estou um pouco afastada das atividades da escrita. Pois sim, são tempos um pouco trabalhosos, de andanças e mais andanças. O curso de História começou e com ele apareceram as grandes responsabilidades.

Não posso dar-me o luxo de apenas estudar como meus outros bons e jovens colegas assim fazem. Preciso trabalhar, apesar de pagarem-me bem abaixo do que espera-se. Ganhei uma bolsa para uma iniciação a Docência. Um pouco de sorte, diria você. Considero-me uma mulher que tem dois empregos e ganha o salário ínfimo de um só.

O Brasil anda muito estranho. Com essas pessoas de valores antiquados, pregando os preceitos de uma família cristã de uma fornada da Idade Média. Assusta-me mais as mulheres que apoiam um candidato que as desfavorece em tudo. Contudo o comportamento dessas não me é tão distante. Tenho um exemplo claríssimo de uma parente bem próxima. Suas atitudes refletem sua pouca autoestima e sua própria falha em manter algo que desde o começo destinava-se ao fracasso retumbante, com direito a humilhações perpétuas advindas daquele que ela diz amar. Esses tal conceito familiar serve apenas para aqueles (e bem aquelas) que têm medo de suas próprias vidas, embaçam sua percepção e tentam possuir o que não podem ter. São fracos, dados a uma ambição desmedida, cobertos de dívidas e entre outros descalabros recorrentes nesses 'cidadãos de bem' cobertos pela lama espiritual.

E assim os dias vão passando...

E sinto aquela saudade que aperta o peito arduamente. São rostos que faltam-me. Por onde andam aquelas formas que ressoavam pelos fins de tarde de vento suave e acetinado? Tem-se em mim apenas essa época sombria, de uma gente que emana ódio, pouca sabedoria e muito menos o conhecimento acerca da própria razão de ser do mundo e dos seres que aqui vivem.

Na semana que passou vi e falei com alguém que lá atrás fez parte, mesmo que muito pouco, da minha vida. Deixo aqui registrado seu jeito brejeiro único, de sorriso avassalador e uma timidez bem proposta. Não poderei nunca queixar-me dos próprios erros que cometi por julgamentos insensatos, levados, em partes, por falsas amizades, líquidas e diabólicas. Quem sabe, um dia, perdoe a mim mesma por ter deixado escapar a admiração que aquele moço bonito sentia. Porém sei, perfeitamente, que nunca mais serei digna de tal afeição novamente.

[Escuto Nelson Gonçalves]... E a minha boemia de todos os dias faz-se. E bebo (somente café, devido a minha fraqueza de saúde) a todos aqueles que um dia gostei verdadeiramente.

Desejo ver-me novamente de forma bonita. Mas custa-me acreditar em uma beleza partida de alguma parte desse corpo e mente. Entretanto, mesmo que seja uma afronta, anseio novamente por um endeusamento ingênuo, ou mesmo aquelas paixões febris, das mulheres tolas dos folhetins.

Apagou-se meu Sol minúsculo. Poderia achar outro e faltam-me forças. E agora assisto à vida dos outros... E assim resgato as lembranças de alguém que um dia eu almejei ser.