Acordei – dor de cabeça. Bebi litros e litros de chá. Gravei umas músicas. Não ficaram boas – na verdade, odiei todas e ando odiando a minha própria voz.
Pensei na
Astronomia...
[nenhuma segurança - eu por mim mesma e ninguém mais.]
Não estou conseguindo curtir as minhas próprias férias – é como se estivesse com um grande peso – idade, problemas familiares, a grana que anda curta [e sim, quando foi que não esteve? Sempre a mesma história em duas décadas e um pouco de existência!], casa e o próprio peso do curso de
Física - professores ruins exigindo que você seja autodidata e que tenha na ponta da língua o que os melhores cientistas provaram com ajuda de grandes universidades e grandes mestres.
Colegas... Tão novos e esperançosos - alguns muito espertos, outros muito malvados e ríspidos; há os bons no que estudam, os convencidos e os que vivem a dizer que tudo no curso é básico, muito básico... E eu pensando – O básico que F******!
O inferno de Dante – talvez a sensação de olhar o vazio e de acabar com tudo isso da maneira mais eficiente possível e nada politicamente correta.
Aos poucos, sinto que emudeço. As minhas últimas tentativas de ‘diminuir’ a pressão foram experiências frustrantes – como expressar-me para pessoas que vivem em situações diferentes e desconhecem esses problemas? Certamente ouvirei a emblemática –
você reclama demais!
... Reclamar demais, olhar inquisitivo, sorrisos de escárnio...
- Por favor, uma passagem só de ida para...
Por que as pessoas têm a mania de sorrir quando você está precisando de algumas palavras de conforto ou de uma piada sobre um livro do George Orwell?
[uma vez um colega de curso fez uma piadas muito legal sobre os mendigos da Pior em Paris e Londres – momento sublime e raro!]
Ontem fiquei preocupada. Não consegui chorar e estava prestes a morrer envolta por um sentimento de impotência. Então escutei
Oasis MTV Unplugged [1996] (aquele que o Liam faltou por uma suposta laringite, contudo tomou todas em um pub, assistindo ao concerto.).
E... Lembrei daqueles planos maiores da adolescência -
o êxtase dos ônibus espaciais, Vênus à noroeste, radiotelescópios, os olhos azuis inspiradores [talvez, pelo resto da minha vida, a lembrança mais pura do que é o verdadeiro amor – desprovido de lágrimas de sangue e palavras duras.].
Finalmente chorei.
E a vida esfuziante, embalada pelo Oasis, virá -
shows de rock, Astronomia, casinha de madeira, chá em bule de porcela, laguinho para mergulhar os pés, lençóis brancos, floresta de pinheiro, ovelhas brancas, torta de maçã e canela e, talvez, olhos azuis da compreensão e da cumplicidade?
O mundo do conhecimento é maravilhoso, porém para alguns, como eu, muitas vezes, janelas que não podem ser transpassadas são abertas. O masterplan [plano maior] vira uma tortura.
A realidade é uma grandessíssima M****.
Manhã gloriosa e plano maior, por enquanto, são ainda as músicas do Oasis, trazendo lembranças de pensamentos da época de ouro da inocência da minha própria mente. E se um dia, por obra divina, tudo mudar, Oasis MTV Unplugged derramará os primeiros acordes em um dia ensolarado que proclamará a minha liberdade!
The Masterplan
# E, então, dance, se você quiser dançar
Por favor, irmão, se dê uma chance
Você sabe que eles irão
Em qual caminho quiserem seguir
Tudo o que sabemos é que nós não sabemos
Como vai acontecer
Por favor, irmão, deixe acontecer
Esquivar-se da vida não vai nos deixar entender
Que somos todos parte de um plano maior# (trecho de Masterplan - Oasis/Noel Gallagher - 1995)
Morning Glory
#Todos os seus sonhos são feitos
Quando você está condenado ao espelho e a lâmina de barbear
Hoje é o dia que todo o mundo verá
Outra tarde ensolarada
[Eu estou] andando ao som da sua melodia favorita
O amanhã nunca sabe o que não sabe tão cedo# (trecho de Morning Glory - Oasis/Noel Gallagher - 1995)