sábado, 13 de dezembro de 2014

Curta de Animação - Tom & Jerry - The Cat Concerto/1947/Metro-Goldwyn Mayer

Tom & Jerry é uma quase unanimidade. Não me atrevo a dizer que seja em seu grau total porque sempre há os da discórdia. 
A série é uma das obras-primas da dupla Hanna e Barbera, esta, por sua vez (junto com Walt Disney, Walter Lantz e Chuck Jone) compõe a tétrade máxima dos Cartoons Clássicos, a Era Dourada em que desenho era um bem inquestionável de cultura - disputas para fazer o melhor [algo como, nos dias de hoje, a BBC, ITV e 4 Channel (todas da Inglaterra) fazem com suas séries e minisséries.]. 

A série de desenhos Tom & Jerry não leva a marca típica Hanna-Barbera em suas aberturas e créditos finais, pois os episódios clássicos foram produzidos para MGM Cartoon Studio
Os desenhos passaram por Hanna e Barbera entre 1940-1958. Depois, entre 1960 e 1962, por Gene Deitch. Entre 1963 e 1967, foram conduzidos pelo grande nome responsável por Looney Tunes e Merrie Melodies -  Chuck Jones. Depois desse último, os desenhos passaram ainda por outras fases. 

Tom & Jerry - The Cat Concerto/1947/Metro-Goldwyn Mayer

Criado em 1946 e lançado nos cinemas em 26 de abril de 1947 (e relançado em 1955 pela Metro-Goldwyn Mayer). Foi produzido por Fred Quimby e dirigido por William Hanna e Joseph Barbera, com a supervisão musical der Scott Bradley e animação por Kenneth Muse, Ed Barge e Irven Spence. O desenho ganhou o Oscar de Melhor Curta de Animação de 1946 (concorrentes daquele ano: Musical Moments from Chopin - Walter Lantz Productions, Universal - Walter Lantz; John Henry and the Inky-Poo - Paramount - George Pal; Squatter's Rights - Walt Disney Productions, RKO Radio - Walt Disney; Walky Talky Hawky - Warner Bros. - Edward Selzer). Ocupa a posição #42 na lista dos 50 Melhores Cartoons de Todos os Tempos.

MÚSICA CLÁSSICA: a música clássica presente no desenho é Hungarian Rhapsody No. 2, de Franz Liszt. Faz parte de um conjunto de 19 rapsódias.

 [o que é uma rapsódia? Termo originário do grego rhapsodía, significando “canção costurada”. Designa, desde a Grécia Arcaica, tanto cada um dos livros de Homero (século VIII a.C.) quanto os poemas épicos cantados por alguém que não fosse o criador deles. Rapsodo é o nome dado a um artista popular ou cantor que, na antiga Grécia, ia de cidade em cidade recitando poemas, principalmente epopeias.]

A No. 2 foi composta em 1847 e dedicada ao escritor e estadista húgaro László Teleki. Liszt também era húngaro e usou suas influências musicais da juventude (música húngara com elementos ciganos) como inspiração para a obra. Recomendo que vejam a interpretação do pianista húngaro Adam Gyorgy para a Rapsódia Número 2 aqui.

OUTRA MÚSICA:  a partir do momento 04:41 até o 04:58 do cartoon, a obra de Lizst é substituída momentaneamente pelo instrumental da canção On The Atchison, Topeka And The Santa Fe. A música faz parte do filme As Garçonetes de Harvey (The Harvey Girls), de 1946, e nele é interpretada por Judy Garland. Foi composta por Harry Warren, com letra de Johnny Mercer. A canção ganhou o Oscar de 1946. Recomendo assistir dois vídeos - a parte do filme com a música aqui e outra com um ritmo mais animado aqui. Ambas cantadas por Garland.

Ficha Técnica
Dirigido por William Hanna e Joseph Barbera
Produzido por Fred Quimby
História por William Hanna e Joseph Barbera
Música por Scott Bradley, Franz Liszt, Harry Warren e Johnny Mercer
Animação por Kenneth Muse, Ed Barge, Irven Spence e Richard Bickenbach (sem créditos)
Estúdio: MGM Cartoon Studio
Distribuído por Metro-Goldwyn-Mayer
Data de Lançamento: 26 abril de  1947
Processo de coloração por Technicolor
Duração: 07:32 minutos
País: EUA
Língua: Inglês

Fontes:

Tom e Jerry - Wikipédia em Português
Tom e Jerry - Wikipédia em Inglês
The Cat Concerto - Wikipédia em Português
The Cat Concerto - Wikipédia em Inglês
Oscar de Melhor Curta de Animação - Wikipédia em Inglês
E-Dicionário de Termos Literários - Rapsódia
Livro Os 50 Melhores Cartoons de Todos Os Tempos - Seleção por 1000 Profissionais da Animação - Edição em Inglês - Editora Turner Publishing Inc./Atlanta
Estúdio de Animação MGM - Wikipédia em Inglês
Franz Liszt - Wikipédia em Inglês
Rapsódia Número 2 - Wikipédia em Inglês
Música On the Atchison, Topeka and the Santa Fe - Wikipédia em Inglês

Caro (a) leitor (a), você poderá se interessar, também, pelas postagens da mesma linha:

Curta de Animação - Mickey & Friends - The Band Concert/1936/ Walt Disney

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

E se pudesse esquecer...

Pergunto-me o quão egoísta seria esquecer pessoas, lugares, situações. Apenas recomeçar. Sem passado.

São dias muito complicados, como todos os de tanto tempo. Porém eu realmente peguei-me pensando nisso - esquecer todas as lembranças dos rostos de agora. Muitas vezes crio histórias, cenários conduzidos por músicas delicadas e... Não há um conhecido. Outras pessoas são modeladas, diferentes das muitas atuais (a grande e ingrata maioria) - generosas, gentis, sabias, solidárias, dispostas, interessantes, misteriosas, charmosas... Um universo utópico. Porém, se não fosse por ele, teria sucumbido há muito nesse pequeno e sufocante limbo.

A vida desenha um ciclo - existem épocas em que você conhece alguém regular, em contrapartida, chovem muitos que trarão a dúvida, o dissabor, a desordem, a antipatia, o descaso, o aproveitamento, a desilusão e muitas e ácidas lágrimas.

Não, não seria egoísmo. Concluo agora. Quantos dos mesmos estão pensando nas palavras duras, atos, aproveitamento ou mesmo lembrando-se da mera existência de quem agora escreve?

Faces chateadas, mentes intolerantes, falácias - o gosto podre de cada entonação.

Não sobra tempo: ocupados e ocupados infinitamente - ganhar dinheiro, escrever equações, uma festa, outros compromissos. Ou... Sobrou um espaço ínfimo, vou agendar...  - Sim, espere... Preciso ir.,.

E quando ajudam -  cobranças e mais olhares ranzinzas... "Eu perdi meu tempo para nada...".

No fim - sou culpada por todos os males. Quem sabe até pelas guerras mundo afora.

O desejo de apagar...

... Um bocado de gente do depois, do outra hora e do não tenho tempo.

... Outras tantas do mal-amada, sozinha, desiludida, idiota.

... E mais tantas do é fácil (quando é difícil), pavoneando sabedoria, é difícil (quando tudo que se precisa é de uma explicação de alguém disposto).

Ao redor há os tons monossilábicos, insípidos, cinzas e marrons.

[e mais um semestre abandonado...]

Sempre, uma vez na semana [talvez duas], aparecem as opiniões: estude mais, não faça isso, não seja polivalente, por que não trabalhar, sério? Que pena...

[tenho memória de elefante para situações e dizeres ruins]

Algumas correntes foram quebradas - as das humilhações do iconoclasta de outrora. Sobraram cacos, feridas abertas. A cicatrização é extremamente lenta. Nunca houve ninguém para ouvir, pois nunca existiu também tempo...

[Todos têm suas prioridades divididas em cem colocações.]

Somaram-se as dores físicas e persistentes com o mundo-cubículo, o descaso cotidiano, as misérias humanas da convivência, o ombro retirado e negado.

Formou-se uma nuvem pesada preta e azulada

Mas no meu martírio, altíssimo, eu preciso encenar, dizer que está tudo bem, pois do contrário, quem liga, ou melhor, as chateações jorrarão, que são tão iguais ao representar -  são os biquinhos de desagrado.

Hoje foi um dia de muita dor, a dor física que desgasta dia após dia, sem causa aparente, que teima em procurar explicações materiais para algo que pode ser também da alma. Porém, no meu círculo, nada é levado em conta se não existe a prova comum.

Se eu pudesse esquecer, esqueceria. Não há nada demais em querer suprimir a dor imposta.

Muitas vezes, por várias vezes, desejei apenas conversas e uma sopa quente.

... E esses desejos foram a minha condenação.




**Sobre o vídeo: LOCAL HERO é uma das músicas que mais gosto do Dire Straits. Tema de um filme britânico de mesmo nome (1983). A versão original é mais animada. O que não cabe aqui. Porém a versão do álbum/DVD On The Night (1993) é mais bonita e singela. E esta sim dá-me a sensação de calmaria e esperança. Como os vales verdes cheios de ovelhas em terras para lá de frias (um sonho escocês, irlandês, quem sabe...)


sábado, 6 de dezembro de 2014

Quando Ouvi o Astrônomo Erudito (When I Heard the Learn’d Astronomer)

A Via Láctea pode ser vista como um grande faixa ou arco no céu 
noturno se as condições de visibilidade forem boas o suficiente.
Esta foto panorâmica foi tirada no Vale da Morte, 

Califórnia, EUA.

Por Walt Whitman*

Quando ouvi o astrônomo erudito,
Quando as provas, os números foram enfileirados diante de mim,
Quando me foram mostrados os mapas e diagramas a somar, dividir e medir,
Quando, sentado, ouvia o astrônomo muito aplaudido, na sala de conferências,
Senti-me logo inexplicavelmente cansado e enfermo,
Até que me levantei e saí, parecendo sem rumo
No ar úmido e místico da noite, e repetidas vezes
Olhei em perfeito silêncio para as estrelas.



A Via Láctea no Hemisfério Sul.
(Foto Tirada no Observatório
La Silla - Chile)

(When I heard the learn’d astronomer,
When the proofs, the figures, were ranged in columns before me,
When I was shown the charts and diagrams, to add, divide, and measure them,
When I sitting heard the astronomer where he lectured with much applause in the lecture-room,
How soon unaccountable I became tired and sick,
Till rising and gliding out I wander’d off by myself,
In the mystical moist night-air, and from time to time,
Look’d up in perfect silence at the stars.)


(Publicado originalmente no livro Folhas de Relva/Leaves Of Grass em 1855)

***

Se o astrônomo descrito (mais parecido com alguns físicos/professores que conheço) fosse mais filosófico (sim, pensou Carl Sagan, pensou bem!) que mecânico, talvez o grande Walt Whitman não tivesse saído da sala e ido conversar com as próprias estrelas. Então, como diz Olavo Bilac, "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas..."

Sobre Walt Whitman*

"Toda revolução digna deste nome produz seu grande poeta [...] Assim, se Maiakovski é o poeta da Revolução russa, não é exagero dizer que Walt Whitman (1819-1892) é o grande poeta da Revolução Americana, ocorrida uma geração (1776) antes de seu nascimento." (Paulo Leminski em Introdução In Walt Whitman. Folhas das FOLHAS DE RELVA. Seleção e tradução de Geir Campos. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984. p. 8)

Whitman  (Huntington, 31 de maio de 1819 – Camden, 26 de março de 1892) foi um poeta, ensaísta e jornalista norte-americano, considerado por muitos o "pai do verso livre".

O que é Verso Livre?

No fazer poético, os versos livres, também chamados de versos irregulares, não utilizam os esquemas métricos, nem as rimas, ou qualquer outro padrão musical, mas preocupam-se tão somente com o ritmo e a musicalidade natural da fala ou leitura. Alguns poetas e estudiosos afirmam que os versos livres possuem afinidades com a prosa, enquanto outros enxergam uma grande autonomia e distinção nessa forma poética. De qualquer forma, é inegável que os versos livres garantem ao poeta uma maior licença para se expressar e possuir maior controle sobre o desenvolvimento da sua obra. Consequentemente, os versos livres produzirão uma poesia espontânea e individualizada.

Declamações (em inglês - língua original do poema)

Pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson:



Na série americana Breaking Bad, Temporada 3, Episódio 6 - Sunset:



Fontes: 

Quando ouvi o astrônomo erudito - Pensador Uol