segunda-feira, 30 de abril de 2012

Glenn Miller

Muito triste e decepcionante ter a sensação que a maior parte do ótimo acervo cultural da humanidade será esquecido por ser considerado velho, ultrapassado e fora de moda. É assim com a música, com os livros e com as pessoas (como dizem alguns na universidade onde eu estudo - "quem gosta de Exterminador do Futuro, De Volta Para o Futuro e o Rocky é ancião." Imagina quem gosta de música da década de 40, é o quê? Múmia?).

Talvez muitos não saibam quem foi Glenn Miller. E para os que não o conhecem por motivos que não sejam os famosos "poeira demais me causa alergia" ou "velharia é coisa para museu", eu perdoo.


Gleen Miller nasceu nos EUA em 1904. Foi um dos grandes músicos de Jazz que este mundo teve o prazer de conhecer. Porém não do Jazz apreciado, por exemplo, nas músicas do Nat King Cole. Ele tocava o chamado Swing. Fundou, em 1937, uma das maiores Big Bands já conhecidas: a Gleen Miller Orchestra - que existe até hoje.

Gleen, junto com a Orquestra, vendeu muito entre 1939 e 1942. Criou hits que continuam a tocar por aí, como: In The Mood, Moonlight Serenade (gravada por Miller e sua Orquestra e incluída no Hall da fama do Grammy em 1991), Pennsylvania 6-5000, Chattanooga Choo Choo, A String of Pearls, At Last, (I've Got a Gal In), Kalamazoo, American Patrol, Tuxedo Junction e Little Brown Jug.


[Dicas: pegue aquele álbum do Coelhinho - Jive Bunny - lá tem uma faixa chamada Glenn Miller Medley. Ah! Tem o André Rieu aqui! Só clicar!]

Miller não teve tempo para curtir o seu sucesso. Assim como o escritor Saint-Exupéry, ele ingressou no exército durante a Segunda Guerra Mundial. Ao voar da Inglaterra até Paris, juntamente com mais oito passageiros, desapareceu sem deixar vestígios. E continua ainda a ser um grande mistério o que de fato aconteceu a Miller e aos passageiros, pois nenhum destroço foi encontrado até hoje. Há uma hipótese dada pelo historiador Roy Nesbit - a de que o avião foi abatido pelo chamado fogo amigo.


O filme que conta a história da trajetória de Glenn Miller é The Glenn Miller Story (Música e Lágrimas no Brasil), de 1953.

Então, eu sugiro que você, querido (a) leitor (a), arraste o sofá da sala e coloque a Big Band do grande Glenn para tocar.





Fontes:

Glenn Miller - Wikipédia em português
Gleen Miller - Wikipédia em inglês
The Glenn Miller Story - Wikipédia em português

Quer saber mais de Oldies aqui no CQ&Sherlock? Então leia:

Recomendação Musical - The Ventures

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Hugo, Laerte e Todo Mundo Odeia o Chris...



Olhando bem para essa tirinha do Laerte, eu lembrei de um episódio de Todo Mundo Odeia o Chris em que a Rochelle sai para jantar com o Jullius e eles são assaltados por um ex-colega de turma de Rochelle (só que o final é inverso aqui no Hugo).

terça-feira, 24 de abril de 2012

Das paixões findadas...

Madrugada, terrível, abafada e tensa. E, lá ao longe, algumas luzes piscam, distantes e borradas frente aos meus olhos cobertos por uma película feita de distorção.

Porão escuro, uma luminária, algumas lágrimas. Não é tão diferente assim de uns tantos anos atrás, das mesinhas e suas máquinas de escrever explodindo em tilintares secos e metálicos.

Tenho sentido-me uma criatura um tanto morta, vazia, empurrando cada nota suave da vida [que deveria estar em máxima colisão de sabores e experiências]. As paixões acabaram? O frio na barriga e as palavras embasbacadas?

[ou mataram-as?]

Percebo que o caminhar de minha vida perdeu um pouco do brio. E isso não deve soar como uma súplica, ou um desabafo intrínseco de tristeza. É apenas uma nota, talvez desesperadora, da falta de combustível e da inspiração que cercavam-me há algum tempo atrás.

Vários rostos passam diante dos meus olhos cansados, dia após dia - sorrisos em câmera lenta, jovialidade e esperança cheirando a tinta fresca. Talvez eles não saibam [ou nunca precisão saber] dessa convalescença das paixões que acontece em um certo tempo da vida.

Sinto fome e sede. E minha fonte esgotou-se - vislumbro uma poeira fina que cobre meu rosto, um calor escaldante e uma sofrimento avassalador.

Há sempre um sentimento vigorando a cada período como ciclos lunares. Porém para tecer os mais ardentes contos, precisa-se estar apaixonado por algo [ou alguém].

As paixões findam-se, vem o limbo.

Eis que a angústia seca as lágrimas que lavam a alma toda a noite, a cada prece, a cada dor. E quando poucas caem, são gritos sufocados, uma dor indescritível.

Devaneios noturnos - primeiro ato de uma peça forjada em cima de minha própria vida.

Melancolia matutina - o despertar de mais uma cena de desespero.

... Agora... Eu desejei apenas segurança, minha casinha de madeira. Uma pessoa para que eu possa dizer - "seja apenas feliz.", um beijo...

É um momento turbulento - sem explicação, sem ajuda. O tempo é o único alívio dado em conta-gotas.

Não sei o que há de vir. Há um turbilhão de sentimentos ainda por revelarem-se, mas que não podem ser utilizados para suprir essa falta de perspectiva.

Ando descalça e a areia é fria.

Do outro lado brilha o esboço de alguém. Resta-me apenas esperar por sua manifestação. Experiências de outrora fazem-me ter medo.

Contudo as esperanças, mesmo moribundas, não deixam que eu caia sem vida nessa estrada traiçoeira.

sábado, 21 de abril de 2012

Da imagem que perdeu-se...

Sigas tua intuição! [voz interior...]

Depois de uma semana em que constatei que qualquer semelhança entre um Pokémon e minha pessoa não tratava-se de mera coincidência, poderia ter evitado qualquer saída de casa.... Mas...
É certo - quando a auto-estima está mais baixa do que a natalidade do Japão [e a lei de Murphy ronda], evite sair com aquela amiga loira para a balada! Além de dinheiro perdido e aborrecimentos, você ganhará o status de vela da noite...


Minha imagem soa apática, disso eu sei. Em vinte e poucos anos nunca fomos melhores amigas.

Mesmo que as pessoas não saibam [e como culpá-las por não saber?], qualquer apontamento já é motivo para uma consulta nada agradável ao espelho.

Toda vez que lembro-me de imagem, beleza [falta dela], vem-me os versos tristes de Cecília Meireles:

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

A solidão, o coração partido, o amor que fracassou [desacreditado e cunhado apenas no interesse físico do outro] são as entrelinhas dessa imagem monstruosa que teima em crer que um dia o 'velho abrigo da tempestade' chegará - manso e gentil. 

Toda mulher, mesmo a mais despojada, sente essa necessidade de sentir-se atraente e, consequentemente, quando sua imagem está em baixa, uma carga de desamor próprio instaura-se de maneira energética. 

[pensei muitas vezes, nesses dias, que o tal amor desacreditado merecesse alguém condizente com a beleza que ele possui]

Dias difíceis, eu sei. E todas as experiências são válidas, mesmo que péssimas.

Dia após o outro.

Vai passar. 

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Poeminha biosonar

Voam morceguinhos
Lá fora
Num canto desesperador...

Mas o que diabos eles
cantam mesmo?

Ni
    Ni
        Ni
[estariam eles confabulado sobre um possível domínio do mundo?]

Criaturas doces
Misteriosas
[medo estrondoso]

E, todo dia,
velam
por mim

Ni
   Ni
      Ni. 

domingo, 15 de abril de 2012

Pequeno texto da tarde sem vida

Olhar lamuriento, deslocado...

E uma fina camada de papel celofane separa-me do mundo salpicado de notas vibrantes e cores intensas.

[um café, por favor!]

O mal-humor estampado!

E eu sei que minha solidão agora é melhor do que viver à mercê de pessoas que, ao primeiro erro, jogarão pedras pontiagudas.

Cobranças, mesquinhez, sordidez, soberba, vulgaridade - ecos de vidas amargas.

Pois...

Cansei das portas fechadas, das correções e de empurrar a vida.

[por que confundem educação com submissão?]

Cansei das poucas idades que trazem muito mais da infância do que projetos adultos.

[e os bons serão esquecidos porque as poucas idades não gostam de antiquários]

Dormir... Bem que gostaria de dormir, um pouco, sossegada, sem culpa.

Dor, muita dor - alma, corpo...

Morri para renascer mais tarde - com sede e fome.

[nesse meio tempo eu imaginei uma praia de areia branca e nuvens nimbos]

Analiso cada passo, palavras secas - as pessoas não amam mais.

[as pessoas se satisfazem]

Antes, enfurecia-me. Hoje? Bocejo.

Palavras sem vida, como esta tarde... Em um pequeno texto que passará batido pelos olhos de quem vive em bolhas multicoloridas de cores intensas.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Sybil Vane

Angela Lansbury como Sybil Vane. O Retrato de
Dorian Gray, 1945
Sybil Vane

Lá na escuridão,
De ruas sujas e desilusão,
Um feixe de luz
Incandescente
Movia-se.

Buracos, tavernas
Sorrisos de escárnio.
E a rosa amarela
Murmurava doces notas
Amadeiradas.

Quem poderia resgatá-la,
E colocá-la em seu devido lugar,
Sem desejar-lhe a carne
Para impetuosos
Momentos passageiros?

Seu erro, seu calvário
Em folhas de Wilde.
Seu amor puro e ingênuo,
Becos turbulentos.

E as águas a levaram
Junto com lágrimas
Sangue e futuros.

E a cada dia,
Na rua de tavernas
E buracos,
Sybil Vane renasce.

T.S. Frank

sábado, 7 de abril de 2012

Amor cataclísmico

E naquele momento não foi dito absolutamente nada. Havia tantas coisas para dizer, conversar, colocar os pingos nos 'is'. Uma madrugada, horinhas... E um amanhecer que para um era bonito e para outro, hmm, mais coloridos já existiram (era a tristeza por tomar conta, um vazio imenso...) Um Quintaninha dizia: Amizade: quando o silêncio a dois não se torna incômodo. E o outro: Amor: quando o silêncio a dois se torna cômodo. (e sobre a ressalva da primeira parte - ao menos amizade?)

Há seres humanos tão frágeis, solitários, feridos e medrosos que o velho conselho do 'curtir o momento' não tem validade em um mundo devastado.

[onde se escondeu a alma inquieta da juventude que ansiava por loucas histórias?]

Por que o verbo amar pesa tanto? Pergunto-me se podei meu próprio expressar de sentimentos quando confessei para algumas pessoas esse doce devaneio e delas obtive não um consolo ou um afago e sim recriminações com palavras duras e cortantes professadas de suas lâminas afiadíssimas.

Diz o, muitas vezes mal usado, 1 Coríntios 13 4-5O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita o mal.

Sim, o amor é sofredor, muitas vezes sadomasoquista e lágrimas jorram todas as noites como uma forma de expiar a culpa pela própria ingenuidade. Para tornar-se benigno é necessário um exercício diário, uma voz interior que diz - "deves superar seus medos". Não é invejoso (em certos momentos) quando se está de igual para igual e desarmado. Aqui há um ponto de discórdia - seria mesmo o amor não leviano? Talvez, leitor (a), você já tenha sido (ou está sendo) a pessoa mais imprudente do mundo - indo contra todas as evidências, todos os conselhos - só porque este sentimento sem razão de ser não o (a) deixou refletir e exerceu o poder do desejo, mesmo que sejam apenas momentos (e são estes momentos que martelam na sua cabeça e tornam-o (a) prisioneiro (a) de muitas quarentenas). Soberba, indecência e interesse não combinam com amor (a isso dá-se o nome de golpe!). Irritar-se é algo corriqueiro e suspeitar o mal já é um sinal de alerta: caia fora enquanto é tempo (e a isso dá-se o nome de psicopatia.)!

É um mundo com tantos sóis (copiando descaradamente Brothers In Arms) e tantas diferenças que amar alguém, mesmo sendo uma pessoa indiferente a todas as demonstrações, não deve ser encarado como fraqueza, ingenuidade ou insanidade. Guarde tudo em uma caixinha e conte apenas para as pessoas certas [não perca as esperanças, elas existem! Eu sei que existem!]. 

Por ora, é bom lembrar - eu me mantive vivo (a) em meio a sombras e uma vida turbulenta porque, apesar de só existir abismos ao redor, uma força estranha segurava-me, dizendo para eu ter esperança... 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Livro da semana - Na Pior em Paris e Londres

O livro que tenho é da:
Companhia das Letras
Ano: 2006
ISBN: 9788535908718
Primeira reimpressão
Número de páginas: 256
Autor: George Orwell (trad. Pedro Maia Soares)
Preço-faixa: 49,00 (+frete)

Na pior em Paris e Londres é o relato verídico de um cara que viveu realmente o lado da penúria. Esqueça essa balela de 'famosos de bom coração' que passaram alguns dias com os menos abastados! George Orwell foi ao fundo do poço porque quis dar veracidade as suas experiências. Porém, por um golpe de azar (ou sorte!), foi forçado a participar da taxada escória e a conviver com a fome por tempo indeterminado. Acabou por conhecer o lado humano daqueles que são considerados a parte feia e preguiçosa da humanidade: os mendigos!

A maior parte do 'clube da leitura' conhece George Orwell por A Revolução dos Bichos e, talvez, por ter ido pesquisar de onde saiu o horrendo Big Brother made in Brazil (procure por 1984).

[os marxistas, socialistas, comunistas, amantes de Fidel e Che devem detestar os pobres bichinhos da fazenda e mais ainda o Grande Irmão!]

Só que um dos livros mais interessantes da safra de Orwell tem uma inocente capa amarela e um título para lá de boêmio - Na Pior em Paris e Londres - A vida de miséria e vagabundagem de um jovem escritor no fim dos anos 1920. 

Um relato verdadeiro [e vivido inicialmente pelo necessidade de saber como é e depois por falta de grana mesmo] da pobreza extrema. O retrato fiel da fome, da mendicância [que era considerada crime na Inglaterra], do sentimento de chegar ao abismo e não ter nenhuma perspectiva a não ser a de sobreviver por mais um dia.

Rejeitado inicialmente por todas a editoras, Na Pior só teve espaço porque um editor de esquerda resolveu publicar. É o que podemos chamar de literatura jornalística, com doses balanceadas de humor e indignação.

Na Pior tornou-se um dos meus livros favoritos. Devorei cada página com satisfação, imaginando a primeira parte com uma Paris suja, de restaurantes caros e nada higiênicos, com a exploração da mão de obra barata e ávida por 'ser considerada gente', da doença, do penhor, das bebedeiras, da vulgaridade e do lado humano da parte desprezada que não teve opção; e a segunda parte, com uma Londres de albergues imundos, do crime de mendigar, dos andarilhos e da fome implacável.

É nesse contexto que nasce uma das expressões que mais chamou a minha atenção: o mendigo-monstro: ideia passada de pai para filho que mendigo é um parasita, que não trabalha porque não quer e que vadiar é bem legal.

"O mendigo não vagabundeia porque gosta, mas pelo motivo que, na Inglaterra, um carro deve se manter à direita na pista: há uma lei que o obriga a isso. Um homem miserável, se não for sustentado pela paróquia, só pode obter ajuda nos albergues de passagem [...]. Ele é vagabundo porque. segundo a lei, ou faz isso, ou morre de fome. Mas as pessoas cresceram acreditando no mendigo-monstro e preferem pensar que deve haver algum motivo mais ou menos vil para a vagabundagem (George Orwell, Na Pior em Paris e Londres, p. 232, Companhia das Letras). 

Na Pior é um livro para aqueles que querem entender mais sobre essa radical experiência de Orwell e pela (como diz Sérgio Augusto no posfácio do livro) sua opção pelos pobres. Um mergulho no outro lado nada próspero daqueles que foram relegados ao outro lado da vida: a miséria.