Antes, quando cursava Ciências Contábeis, tudo parecia ser um pouco mais simples. Mas não deixava de ter as dificuldades do curso de Física que faço hoje. O cenário era apenas diferente e as pretensões também. Apenas queria terminar e enfrentar os titãs da Ciência. Porém, como em todas as guerras, sonhos passam por processos de desumanização, de quebras e de fortalecimento, tornam-se frangalhos, contudo se não fosse pela pequena fagulha de esperança que é responsável por manter vivos todos os grandes projetos, muitas da grandes obras, talvez, não teriam sido expostas ao grande público.
E nesse processo de volta e recomeço, férias e semestres iniciados, há o companheiro mais fiel do campo do aprendizado: o fracasso. E, claro, definidas as atividades e desafios que são bem comuns no meu curso atual, fico às voltas com esta imensa possibilidade.
O que mais me impressiona é a falta [talvez propositalmente] de discernimento do que deveria ser um ambiente saudável de estudos. É a personificação dos Três Macacos Sábios japoneses, mas às avessas: o que está errado deverá continuar da mesma forma, pois é necessário para ter sucesso.
Lendo e procurando sobre fracassos, deparei-me com algo bem interessante sobre o tema, um texto do astrofísico Marcelo Gleiser. O texto é interessantíssimo e há partes que merecem destaque:
"Fracassamos quando tentamos fazer algo. Só isso já mostra o valor do fracasso, representando nosso esforço. Não fracassar é bem pior, pois representa a inércia ou, pior, o medo de tentar. Na ciência ou nas artes, não fracassar significa não criar. Todo poeta, todo pintor, todo cientista coleciona um número bem maior de fracassos do que de sucessos. São frases que não funcionam, traços que não convencem, hipóteses que falham. O físico Richard Feynman famosamente disse que cientistas passam a maior parte de seu tempo enchendo a lata de lixo com ideias erradas. Pois é. Mas sem os erros não vamos em frente. O sucesso é filho do fracasso."
"Claro, sendo os humanos do jeito que são, a vaidade pessoal muitas vezes obscurece a memória dos fracassos passados; isso é típico daqueles mais arrogantes, que escondem seus fracassos e dificuldades por trás de uma máscara de sucesso. Se o fracasso fosse mais aceito socialmente, existiriam menos pessoas arrogantes no mundo."
Mas para o processo de aprendizado tentativa-fracasso-acerto torna-se saudável é necessário que haja professores capazes de transformar esse ciclo em algo proveitoso e formar um profissional humano e preocupado em ensinar Ciência para todos.
Muitos têm medo da Física e da Matemática pela falta de empatia que alguns profissionais possuem. Pudera, os mesmos espalham ao quatro cantos que estas áreas são templos sagrados sem espaço para fracassos, um teatro de egos, um lugar habitado apenas por gênios, onde perguntas básicas não são aceitas: pode existir espaço para o fracasso, mas ele está no final do corredor das humilhações.
Desejo, um dia, ter a oportunidade de estar em lugares em que se possa errar e tentar novamente, sem ter a própria capacidade desacreditada. Onde existam professores menos cansados, menos frustrados e menos arrogantes, com a preocupação de ensinar e prezar pela qualidade de ensino sem pensar em "fabricar artigos" em massa. Pode parecer uma utopia, uma lugar além do arco-íris, ou a própria terra de Oz, mas sem mudar pensamentos distorcidos, todos os trabalhos frutíferos [e os infrutíferos] ficarão presos na terra dos sonhos.
Marcelo Gleiser termina dizendo que fracasso tem gosto de vida. Não há nada mais humano do que nossas falhas.
Pode ser que no final do semestre eu esteja novamente em pedaços, mas recomeçar é o que resta. Prefiro ser um quebra-cabeças de erros e tentativas e ressurgir como a velha Fênix do que tornar-me uma máscara de arrogância tentando encobrir meu lado mais humano.
Fontes:
Homenagem ao fracasso - Marcelo Gleiser - 22/12/2013 - Folha de São Paulo
Os Três Macacos Sábios - Wikipédia em Português
Mas para o processo de aprendizado tentativa-fracasso-acerto torna-se saudável é necessário que haja professores capazes de transformar esse ciclo em algo proveitoso e formar um profissional humano e preocupado em ensinar Ciência para todos.
Muitos têm medo da Física e da Matemática pela falta de empatia que alguns profissionais possuem. Pudera, os mesmos espalham ao quatro cantos que estas áreas são templos sagrados sem espaço para fracassos, um teatro de egos, um lugar habitado apenas por gênios, onde perguntas básicas não são aceitas: pode existir espaço para o fracasso, mas ele está no final do corredor das humilhações.
Desejo, um dia, ter a oportunidade de estar em lugares em que se possa errar e tentar novamente, sem ter a própria capacidade desacreditada. Onde existam professores menos cansados, menos frustrados e menos arrogantes, com a preocupação de ensinar e prezar pela qualidade de ensino sem pensar em "fabricar artigos" em massa. Pode parecer uma utopia, uma lugar além do arco-íris, ou a própria terra de Oz, mas sem mudar pensamentos distorcidos, todos os trabalhos frutíferos [e os infrutíferos] ficarão presos na terra dos sonhos.
Marcelo Gleiser termina dizendo que fracasso tem gosto de vida. Não há nada mais humano do que nossas falhas.
Pode ser que no final do semestre eu esteja novamente em pedaços, mas recomeçar é o que resta. Prefiro ser um quebra-cabeças de erros e tentativas e ressurgir como a velha Fênix do que tornar-me uma máscara de arrogância tentando encobrir meu lado mais humano.
Fontes:
Homenagem ao fracasso - Marcelo Gleiser - 22/12/2013 - Folha de São Paulo
Os Três Macacos Sábios - Wikipédia em Português
''LISIAS COMUM 5°''
ResponderExcluirÉ só o sucesso que nos define como pessoa?
FRACASSO
[sobre fracassar, ter o direito de fracassar,
e ser um fracassado sem ser excluído], entenda...
https://www.youtube.com/watch?v=FGY4sGwgABU
Lisias, o texto trata exatamente do fracasso como processo na construção do ser humano, ou seja, sucesso por si não define uma pessoa.
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