domingo, 22 de julho de 2018

A escabrosa vulgaridade

Eis que do comum, das massas e das multidões, emerge uma palavra espinhosa e intragável -  a tão temida vulgaridade. Entretanto engana-se o pobre ser humano que acha-se no direito de assumir a posição de que essa malfadada característica é única e exclusivamente daqueles menos abastardados financeiramente. Uma tolice das grandes!

Afirmo que não há nada menos segregante do que esse arranjo de letras. Suas mãozinhas enegrecidas tocam as almas mais iludidas para que depois personifiquem a figura do horror em trejeitos e linguajar. E por mais que esses corpos banhem-se em ouro e nobres tecidos, a fantasia não tarda a esvair-se, revelando um poço sem fundo do mais desprezível que existe: para pobres e ricos, igualmente.

O mais escandaloso nessa constatação é o quão fácil é cair nessa terra lamacenta. Porque é laborioso começar a raciocinar de forma inteligente e a alimentar-se de ensinamentos que levem a um nível mais sublime, desapegado e menos material.

A vulgaridade não está nem aí se a criaturinha tem riquezas ou vem de um berço de alta estirpe.

Coloco nesse meio aqueles que pensam e agem como intelectuais de taverna, homens e mulheres, às vezes tão jovens, que interpretam pobremente o papel que escolheram para si mesmos. É degradante, porém um divertimento diabólico para os que observam atentamente tais bufões.

O senso comum também tende a achar que a baixeza atinge as classes menos favorecidas apenas porque essas vestem-se com trajes mais baratos e de gosto duvidoso. Contudo, nisso tudo, apenas muda-se o cenário, os atores e a quantidade financeiramente investida. Pegue alguns da elite e analise-os por um certo período. A maioria estará mergulhada na indignidade, mediocridade e obscenidade em formas gourmetizadas. Chega a ser extremamente patético. Já do outro lado, as classes menos favorecidas podem muito bem mostrar exemplos de requinte. E entre esses dois universos, se for para apostar nesse digladiar, prefiro a horda comum, verdadeira e de raiz. Não aguentaria, além do já exposto, presenciar vômitos de uma nobreza aguada que contém uma gente sórdida que se acha a nata do refinamento.

O contemporâneo tornou-se bem raso e incolor. Por isso refugio-me em mundos imaginativos. Porque nessa infame realidade, até mesmo a vulgaridade está sentindo vergonha deste mundo. 

domingo, 15 de julho de 2018

Novo curso: História - Um recomeço para vida acadêmica




Bem, PASSEI e estou DEVIDAMENTE MATRICULADA NO CURSO DE HISTÓRIA. 

Voltei para a mesma universidade pública e federal de antes...

Se uma porta foi fechada, eu tinha, então, que abrir uma janela.

De modo algum desistiria de tentar obter uma segunda graduação e ter a possibilidade de mestrado e doutorado em uma área que tivesse afinidade.

Pensei primeiramente em Letras. Entretanto logo repensei... O curso nesta cidade não oferece uma opção de turno noturno, algo que a História já possui. Assim que arrumar um emprego CTPS, farei os trâmites legais para a migração, sem o prejuízo da perda de cadeiras (já que é o mesmo curso, só muda o horário).

O turno vespertino facilitará o meu trabalho home office (quando tiver demanda, se houver...), pois não tenho muito ânimo para sair de casa com os primeiros raios de Sol. Por fim, o curso de História é uma área que pode englobar, perfeitamente, muito da Literatura (a parte mais atrativa de Letras para mim).

Terei, claro, uma bocado de trabalho pela frente: montanhas de leitura, estudos e exigência de uma escrita rica. E isso lembra-me: QUE ÓTIMO QUE EU FIZ LATIM!

E que seja um caminho calmo, laborioso e cheio de recompensas!


quinta-feira, 12 de julho de 2018

Desligamento voluntário - Física Bacharelado - Finalmente!!!

Livre estou, livre estou!
Bem, hoje finalmente pedi meu desligamento voluntário do curso de Física Bacharelado. Então, estou oficialmente fora dele, sem vínculo algum com a universidade, a não ser pelo bacharel em Ciências Contábeis, que terminei com êxito por lá há alguns anos.

Nesse tempo, desde do cancelamento da matrícula, passando pela recusa do famigerado e incompetente colegiado (formado por professores que mais parecem bufões da Idade Média e mais instigantes que sopa rala de orfanato) até a saída final, chegaram-me fatos bem interessantes. Soube, outro dia, que quase todos que tiveram recusados os pedidos de matrícula entraram com novos recursos por outro colegiado (o chamado de centro) e voltaram. Dos que voltaram pelo método clássico (apesar de muitos estarem no curso pelo tempo de dois cursos inteiros), veio-me, também, que um deles (o caso mais bizarro de todos) SEQUER está frequentado as aulas. Outra, mais esperta, que também teve seu processo deferido para o plano de estudos, foi chamada para uma nova vaga pelo SISU 2018.1 e um ex-colega, vendo que a chance que lhe deram não seria suficiente para que terminasse, já tratou de ver novas possibilidades para entrar novamente.

Ou seja... Pelo que pode-se concluir, tudo não passou de uma ENORME FACHADA fadada ao fracasso. É óbvio que muitos não conseguirão cumprir o prazo do tal bilhete de ouro da segunda chance. Entretanto todo esse CIRCO serviu para constatar:

1. Os professores de física (a maioria) são incompetentes, altamente ignorantes e não conseguiriam redigir um texto que pudesse ter o mínimo de cultura e respeitabilidade. Sabem um pouco do que estudaram e recusam-se a ensinar decentemente, talvez por medo da concorrência e por essa fantasia quase sexual de que tudo nesse entulho de equações não pode ser apreendido por ensinamentos (por telepatia ou osmose quem sabe).

2. Os que ficaram são pobres iludidos...

3. A Universidade não jubilou ninguém. Um blefe daqueles. Simplesmente quem não pedir desligamento voluntário (e não tem mais um pingo de interesse de ficar nessa casa da mãe Joana), ficará para sempre no LIMBO DE SER VINCULADO E PROIBIDO DE FREQUENTAR AS AULAS.

A minha parte, já fiz... Agora é esperar por melhorias e seguir com a vida.

Como diria Carlota Joaquina - "Dessa terra, não quero nem o pó!" Incluindo muitos dos ex-colegas (e até formados!) que são interesseiros (puxadores de tapete e xeleléus) e mais falsos que uma nota de três reais.

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Saiba o começo dessa história em:

Partidas & Reflexões - Uma carta de despedida para Ciência

segunda-feira, 9 de julho de 2018

O desgosto da família (a marca da dor crônica)

A dor visita-me agora... E sendo assim, restou-me passar a maior parte da tarde chuvosa e cinza deitada e sem proferir uma palavra sobre o que se passa comigo. Ninguém quer mais ouvir, é claro! E a situação torna-se ainda mais infernal porque meus joelhos estão de uma vilania sem precedentes.

Irei ao médico especialista em joelhos na quarta-feira (a coluna fica em segundo plano e sem previsão neste momento). Porém desde já perdi as esperanças. Poderia chorar um grande oceano e implorar para esquecer de mim mesma. Desejo imensamente um  pouco de morfina.

Uma dia voltarei ao normal?

Escrever esse texto está deixando-me sem paciência e irritada, pois a coluna grita como uma gralha. Estou prestes a colapsar.

Há tempos preciso de um auxílio extra com a questão da famigerada dor crônica e, creio eu, uma das melhores alternativas seria a psicológica. Entretanto já falaram-me que só irei com meu próprio dinheiro e que depressão e tristeza são para os fracos. Estou a escutar constantemente que preciso aguentar a dor, pois fulano age assim, beltrano assim...

Eu já escrevi tanto sobre isso, contudo pressinto que ainda não consegui dizer o quanto o mundo real, nu e cru, tem feito-me um mal, levando minha sanidade e vontade de viver para a beira de um abismo.

É certo que eu sou o pior dos fracassos, a personificação dos meus medos e passado. O retrato fiel de alguém que ruiu.

Acordo e não gostaria de tê-lo feito. Eu sei que os piores momentos estão por vir. Escutarei conversas desagradáveis, falarão que eu sou um peso e que absolutamente nada do que eu fiz até hoje levou-me a lugar algum. Tento fazer um alento do único trabalho que eu arrumei após a catástrofe do curso de Física. Mas o projeto do mês continua letárgico, pois tive inúmeros problemas de saúde (incluindo o cálculo renal) e o dinheiro que me pagam, Deus, não dá para absolutamente nada!

Estou com nojo da minha própria aparência. E eu a desprezo. Possuo um corpo doente e inútil que fica atrasando a vida de outros ao redor. Tudo em mim, da pele ao dedão do pé, é de uma monstruosidade infindável.

As minhas dores não são minhas; são propriedade alheia, fazendo da vida deles um grande purgatório. Eu sei bem disso, pois são as frases do dia a dia.

Hoje é um daqueles excepcionais momentos que eu gostaria de dormir e não acordar mais. Ficaria de muito bom grado no mundo dos sonhos, onde não há males que possam machucar o meu corpo e minha mente.

Anseio por conversar com alguém que entenda todo esse pesar, que perceba quão difícil é levantar, tomar banho, ficar em pé para escovar os dentes, lavar o cabelo, cortar a unha do pé... cuidar da própria roupa...

Preciso de conforto, desses verdadeiros, desprovido de pecado.

Sinto uma tempestade, um mar revolto, uma consequência. Há tantas mágoas para alimentar esse monstro horrível...

Quero falar livremente, voltar ao dia em que assisti o Enigma do Outro Mundo (The Thing) comendo pipoca, chocolate e tomando refrigerante, apreciando uma vida deliciosamente simples, sem lamúrias.

Segundo muitos, essa é a minha pior versão: a pessoa que nunca foi bonita nem por fora e nem por dentro (e tornou-se ainda menos admirável com alguns poucos quilos a mais), que não trouxe orgulho, só um terremoto de dores de cabeça, sem um trabalho decente e digno, sem filhos e sem marido.

Eu sou simplesmente o grande desgosto da família.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Assassinos de dor



Acordei e tudo ao redor parecia redundante.  - Deus, como meus joelhos doem! E pergunto-me se as pessoas com mais de sessenta anos amanhecem melhores do que eu em relação a isso.

Os últimos três meses foram um tanto quanto complicados, começando pelos famigerados já mencionados joelhos, que romperam em dores num belo acordar de um final de abril muito aborrecido.

Fui a um médico e vi a fotografia dos meus ossos. E lá estavam eles, pobres coitados, com cara de desânimo, mas sem nenhuma lesão aparente. Cheguei em casa com um monte de analgésicos - sininhos mágicosE se o efeito for imediato, de fato, a impressão é que todas as pessoas na face da terra desapareceram e nada poderá me destruir. Entretanto, como qualquer prazer, o maravilhamento passa rapidamente. E cá estou eu, com os benditos piores e sem dinheiro, esperando a boa vontade dos que me cercam.

Como toda má sorte para mim é pouca, nesse ínterim, tive cálculo renal. Se a sensação da morte iminente fosse descrita com relativa fidelidade, essa seria a dor angustiante do final irremediável. Sem plano de saúde, fui para a emergência pública e lá mesmo fecharam o diagnóstico. Tomei derivados da morfina, e foi como ir a Lua por uma estrada de gelatina. Duas semanas depois, a maldita pedra já tinha ido para o ralo, literalmente.

O nome que mais gosto de escutar ultimamente é analgésico, cujo o significado em inglês é ainda mais forte e preciso - painkiller - o assassino de dor.

Nessa situação deprimente, o que me sobrou mesmo foi escrever... Para suavizar os tormentos. Porque receitas de remédios já se foram todas. E as drogas que eu gostaria de tomar precisam de folhas especiais que são dadas apenas uma vez a cada visita, caras e com baterias de exames.

Não tenho um vintém, meu trabalho ruim paga muito mal e meus opiáceos são difíceis de conseguir. Ou seja, tudo normal no Reino da Dinamarca.