sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Am I sad french clown?

Enquanto escuto o DVD do a-ha - Live at Vallhall - Homecoming, meu pulso dói e meus pensamentos são transportados para outros lugares. Eu sei que tem algo fora do lugar, eu sei.

E esse turbilhão de pensamentos leva-me a um tango na Argentina, a uma dança a dois naquela rua de pedras, ao ritmo energético da Moondance de Van Morrison, a um show daquela banda dos anos 80, ao lado de amigos loucos, engraçados e bêbados, a uma caçada a tornados ao som de Child In Time do Deep Purple (como no filme Twister), a uma escavação arqueológica no Cairo e a observação dos movimentos das antenas de radioastronomia no Chile.

Só que o mundo está mais para um filme de Darren Aronofsky juntamente com David Lynch - vícios, desilusões, sonhos esfacelados, lei de Murphy, pantomimas, escuridão, vulgaridades, gritos, suicídios, pobreza, guerra interna, loucura, depressão e morte, ou tudo que o Pink Floyd, sabiamente, cantou em Dark Side Of The Moon.

A poucas horas de mais uma lista do Sisu e mais problemas à vista, eu não consigo sentir nada mais do que uma angústia pesadíssima. E essa fica presa e sufocando, um grito no vácuo. E além de todo o desmoronamento interior, eu ainda tenho que ver todos esses sentimentos serem transformados em culpa pelos outros.

Também, aos poucos, vou concluindo que tenho certa tendência a ser confundida com um clown francês. Minha vida é uma comédia, por acaso? Fora os clichês do "não fique assim", "vai dar tudo certo", "mantenha a esperança". Não preciso de livros de auto-ajuda humanos. Bons ouvidos e um café bastam-me. Porém, a mim, um ser marcado por um crime que desconheço e pelo qual estou sendo punida, é negado até os desejos mais simples.

E aquele pensamento sobre ser internada em uma clínica de repouso para jovens autodestrutivos ainda é recorrente. Assim como no filme Clube dos Suicidas (On The Edge/2001), a probabilidade de achar bons ouvintes em um lugar onde há um aglomerado de semelhantes é bem maior.

... E agora começa a tocar Stay On These Roads... E não sei explicar o porquê de uma música lembrar-me de momentos que nunca vivi. É como ler um livro sobre uma vida que você deseja ter, contudo é só um livro. Muitas vezes eu penso se o Criador não me esqueceu no canto e atrasou a data do meu envio em uns 30 anos.

E depois de mais um dia cinza, melancólico e mais algumas palavras escritas por aqui, chegou a hora de deitar. E concordo com o Kurt Cobain, pois dormir é um dos melhores momentos da vida. Só que o Kurt escolheu isso para sempre e sempre é uma palavra muito pesada e que seduz como uma serpente astuta.


3 comentários:

  1. hahahaha muito massa, esse ligação entre pensamentos e momentos musicais! Acho q sempre temos isso, de gravar e relacionar musicas e artistas com momentos da nossa vida.

    Arte é demais!

    Bjs

    http://www.estilodistinto.com/

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  2. Você é uma das pessoas mais talentosas que eu conheço. XD
    O jeito que transporta a emoção... Uau! Demais.
    Esse post ficou show!!!! *------------*
    Muito foda. =D

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  3. Você terminou seu texto de forma brilhante!!!!!!!!
    No que diz respeito ao Kurt. Olha, escreveu poucas palavras e com categoria discordou da péssima frase dele.
    Eu vou mais longe e até crítico demais. Kurt foi um idiota suicida, péssimo músico e não serve de influência para ninguém. Eles apareceram numa época em que a música estava fora de órbita e as pessoas se apegavam a qualquer coisa que aparecia. Bem, mas isso não interessa no assunto.
    Sensacional suas ligações com Floyd, Child in time do Deep Purple.
    Você gritou no vácuo e eu aqui bem longe, escutei.
    Bons ouvidos e um café, bastam, mas é preciso mais e mais.
    Parece clichê, piegas, sei lá mais o quê, mas quer saber: Gostei pra caramba dessa sua postagem.
    Bom final de semana.

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Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!