segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Crítica da semana: Veludo Azul (Blue Velvet)/1986

Veludo azul mostra-nos a face bizarra de um mundo coberto pelas cores artificiais de tulipas esfuziantes. Para David Lynch a vida não é nenhuma propaganda de margarina. Por detrás de sorrisos brilhantes, escondem-se existências tão degradantes como a pior sarjeta existente.

David Lynch choca. E disso todo mundo sabe, ou deveria saber. Não é fácil absorver as ideias de um diretor que foca sua arte em um mundo perturbador e vertiginoso. Porém, de todas as obras lynchianas, Veludo Azul (Blue Velvet/EUA/1986) figura entre as mais primorosas - a passagem de uma vida aparentemente correta, no velho estilo american way of life, para outra escura, fria e sufocante em apenas um atravessar de rua.

Na pequena Lumberton, o jovem Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan), recém-chegado à cidade natal, encontra uma orelha humana em um terreno baldio. A partir desse acontecimento, uma série de eventos fará com que Jeffrey cruze o caminho de pessoas perigosas, como o psicopata Frank Booth (numa interpretação magistral do saudoso Dennis Hooper, personificando um dos 50 maiores vilões de todos os tempos segundo a AFI's) e de uma perturbada cantora - Dorothy Vallens (Isabella Rossellini).

A trilha sonora é um espetáculo à parte - desde a canção Blue Velvet de Bobby Vinton, até a cena antológica com a música In Dreams de Roy Orbison .

David Lynch foi indicado à categoria de Melhor Diretor, no Oscar de 1987, por este filme.

Não posso esconder a minha admiração por Lynch. Muitas pessoas costumar dizer que suas vidas são filmes lynchianos - eu mesma digo isso. Não é exagero! O cineasta apenas projeta na tela o que essas vidas são - um verdadeiro escárnio. Só que muitos ainda iludem-se com o sabor artificial e acreditam que tudo é maravilhoso. É como na abertura do filme - aquelas tulipinhas vermelhas, amarelas, com aquela cerquinha branca tão bonitinha... Contudo a realidade nua e crua é que isso é uma grande mentira! It’s a strange world (É um mundo estranho). Se há sobrevivência, loucura mínima, ou nenhuma tentativa de suicídio, então temos lucro total.

Sim, a nossa existência não passa de um filme bizarro, só que você, leitor (a), talvez, ainda esteja no prólogo - as tulipas esfuziantes ainda brilham.

Trailer - Veludo Azul (Blue Velvet)


Roy Orbison - In Dreams


Bobby Vinton - Blue Velvet



17 comentários:

  1. Puta merda, nao vi esse filme ainda! Saca só, isso aqui poderia ser a descrição do meu livro haha: "Divina Sujeira mostra-nos a face bizarra de um mundo coberto pela cores artificiais de tulipas esfuziantes – Para Jim Carbonera, a vida não é nenhuma propaganda de margarina – por detrás de sorrisos brilhantes, escondem-se existências tão degradantes como a pior sarjeta existente."

    Perfeito! É exatamente isso q eu acho e tento passar no livro :P

    Vou baixar esse filme certoo!!

    Valeuu, ótima recomendação!

    Bjss

    http://www.estilodistinto.com/

    ResponderExcluir
  2. Parece ser bem interessante o filme.
    Vou baixar também.

    ResponderExcluir
  3. Parece interessante, só não sei se teria paciência pra assistir até o fim. De qualquer forma, tentarei.

    ResponderExcluir
  4. volver também deve ser muito interessantissimo,
    vou abaixar também .
    depois posso criticar o filme
    rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
    to brincando .

    ResponderExcluir
  5. Adorei seu blog, parabens gostei mutio. Já estou, seguindo segue o meu ?? www.hyagofantinel.blogspot.com !!

    ResponderExcluir
  6. Adorei o blog, aceita parceria?
    http://amomuitotudoissso.blogspot.com
    Se aceitar responde lá oks?

    ResponderExcluir
  7. T. Scherlock Frank!!!
    Vi esse filme há um tempão, mas é Linch!
    Sempre Linch! As verdades nuas e cruas, o escárnio e como ele muitas vezes trabalha com situações feias até atores feios, nesse filme até que não é o caso! E a trilha heim? "Blue Velvet..." adorei que vc colocou o link ali para a gente ouvir. Mas... maravilhosa lembrança essa tua, poder revisitar Linch nas mãos de T.S e que bela resenha garota! Beijos e ótima segunda, ou resto dela!!!
    http://anaceciliaromeu.blogspot.com

    ResponderExcluir
  8. Ja to baixando o filme, e vou ver mais filmes dele. Acho que pelo que tu me disse e pelo q a cissa esta falando aki em cima, é bem o estilão de filme e atmosfera que eu gosto.

    Olha, sobre se sentir o "abaixo do cu do cachorro" acho q todos nós ja nos sentimos assim. As vezes por falta de gratidao, reconhecimento, amor proprio, desilusão, etc. Isso tem até pontadas de depressão. Porém, uma coisa aprendi, a unica pessoa que pode mudar isso é nós mesmos. Nao adianta ficarmos ouvindo um milhao de conselhos, psicologos, remedios, etc, se a gente nao querer mudar. Eu sei q ninguem curte ficar assim, mas as vezes temos q ter muito mais força de vontade q acreditamos ter. Sei q parece um papinho meio cliche, mas é a realidade. E acho, q isso vai perdurar um pouco mais, pq só consigo te ver 100% de bem e feliz se tu realizar teu sonho e passar na prova q tu tanto quer. Mas esse é o lance, tu mesmo disse sobre o equilíbrio, q foi perfeito tua colocação. Acho q tu está a procura disso.

    Beijãoo e muito obrigado pelas palavras sobre os poemas! Fico muito lisonjeado!

    ResponderExcluir
  9. pelas músicas já deu pra perceber que é um ótimo filme... filme-crítica é sempre bem-vindo... me lembrou agora o beleza americana, filme que achei mto interessante e que acho q tem a ver com esse que vc indicou
    abss sherlock

    ResponderExcluir
  10. Caso goste de mitologia grega e tenha interesse em resenhar o PELOS PODERES DOS DEUSES OLIMPIANOS:
    http://www.imperiodosdeuses.blogspot.com/
    Beijos,
    Sarah Micucci (autora)

    ResponderExcluir
  11. TS Frank,
    Não vou recorrer ao Google, mas tenho quase certeza que David Lynch também foi diretor do filme Twin Peaks, que depois virou um seriado.
    Será que tenho razão? Depois você me fala.
    Quanto à Veludo Azul é um filme esquisito! É, esquisito mesmo, mas um ótimo filme. A interpretação da Isabela Rosselini é ótima, a filha da eterna deusa Ingrid Bergman.
    Assisti há muito anos atrás e agora com sua postagem reativei a memória aqui e acho que assistir novamente.
    Grande indicação.
    Beijo pra ti.

    ResponderExcluir
  12. Já ouvi tanto falar deste filme, mas nunca assisti. Depois da tua crítica vou baixá-lo. Adorei teu espaço e muito mais a forma como te expressas.
    Que tal conhecer o Boatos e Afins?
    http://www.boatosafins.blogspot.com


    Já tou seguindo aqui e no twitter

    Beijos querida!

    ResponderExcluir
  13. o texto era para ironizar o proprio autor, rs que sou eu rs

    ResponderExcluir
  14. linda todos nós ja nos sentimos "abaixo do cu do cachorro" a vida é uma benção mas acordamos com o pé esquerdo bada day hair e tantas outras coisas q nem cabem aqui kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    o filme é massa, adoro trilhas antigas me fazem sentir bem pacas! a musica é bem escolhida e vc escreve muito bem! adorei teu canto! e vale sim comentar! bjos

    ResponderExcluir
  15. Não li ainda, pois nao vi este filme, mas em breve vou assiti-lo, esta em minha lista de filmes do lynch.

    por enquanto escou começando a assitir Twin Peak..

    obrigado pelo comente no blog...

    ResponderExcluir
  16. Oi T. S.
    voltei para tomar um chá inglês das 17h contigo! Tudo bem? Reli teu post agora e ouvi mais uma vez o "Blue Velvet", máximo!
    Beijos e te cuida.

    ResponderExcluir
  17. Já ouvi falar muito desse filme, mas nunca o assisti.
    Sobre Twin Peaks, também ouvi dizer que é uma série tão complicada que nem os fãs entenderam direito o que houve nela.
    Valeu pela dica.
    Vim até aqui por indicação da Ana Cecília, e gostei bastante do site.
    Até mais.

    Jacques Beduhn
    http://relativaseriedade.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!