segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O mal da paixão

Padecem os românticos e os carentes desse mal, a paixão. Cultivam em suas mentes pensamentos doces, momentos ousados e de entrega. Porém esquecem-se de que sozinhos são apenas devaneios. E no alto de suas loucuras, acham que isso é a realidade. Vivem fantasiando ao som de Bach e Vivaldi. Imaginam-se envoltos em uma atmosfera suave e cheia de notas amadeiradas.

Não raro, caem vertiginosamente no abismo da verdade e ao se estatelarem no chão, além de quebrarem todos os ossos, recebem cargas tóxicas de autodestruição.

Fecham-se em casulos e choram por dias, deitados na escuridão. Consomem-se em febre. Relembram momentos bons, muito poucos, relembram discussões e fazem voto de silêncio. E, minutos depois, desistem de tudo. Olham para os presentes que nunca foram entregues e para as declarações nunca ditas. Sentem-se fracassados e rejeitados.

O tempo dissolve suas almas e a cura vem em conta-gotas, dia após dia, lentamente.

E quando chega o meio da tarde, uma ansiedade toma-lhes de impulso. E essas criaturas, assim como eu, necessitam apenas de palavras gentis, de conversas soltas, de aquecimento na madrugada, de letras arranjadas de forma simples, de cumplicidade e afeto.

Estavam quietas, tecendo pensamentos, quando foram convidadas a um novo mundo. Permitiram-se, foram cautelosas, porém deram seu voto de confiança e embarcaram nessa viagem. Voltaram feridas e com o coração em fragmentos brilhantes.

Por sentirem o gosto do beijo e o calor do abraço, imaginaram-se amadas. Foram apenas esmolas e tudo se foi.

Agora seus amores estão em outros braços. Seus mundos não são mais os mesmos e a praticidade venceu a sensibilidade.
E voltaram, todos, pela fria estrada da desilusão. 

7 comentários:

  1. Perfeito texto !
    Continue assim Abraços da Conterrânea

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  2. Pra ser sincero esse texto não é um dos que eu gosto de ler, mais mesmo assim ta bem legal mesmo, deve ser porque quando se trata de ler gosto de ler algo mais obscuro um pouco diferente doque esse, mais mesmo assim eu gostei adorei a parte do ''O tempo consome-lhes a alma. A cura, caríssima, vem em conta-gotas. Dia após dia, lentamente. E quando chega o meio da tarde, uma ansiedade toma-lhes de impulso ''
    beijos!

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  3. "caem vertinosamente no abismo da verdade e, ao se estatelarem no chão, além de quebrarem todos os ossos[...]"
    Eu, REALMENTE, amey esse trecho.
    Já passei, assim como todos, por fases assim e hoje, somando tudo, vejo que acabei me tornando frio e que já não consigo mais me entregar a outra pessoa como fazia antes.
    Achei ironico quando vi o seu post, sério...
    O meu, é sobre traição e o seu sobre, aparentemente, desilusão.

    De toda forma, me interessei pelo seu blog e vez ou outra darei uma passadinha por aqui...

    /a proposito, amey o seu comentario no meu blog o meuprimeiroblogay.blogspot.com

    See ya :*

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  4. bah boneca, sabe o que eu acho sobre isso? é que o ser humano anda carente além da conta! Essa necessidade de sofrimento parece q virou moda. Quem sofre e chora está na onda do momento.
    Acho q perdemos tempo demais na vida com lamentos e auto-flagelação!! E não é questao de insensibilidade nem nada. É apenas uma realidade. Don Vito Corleone ja demostrava isso, que ao inves de ficarmos nos lamentamos, temos q agir e correr atras.

    Bjss

    http://www.estilodistinto.com/

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  5. não são só os românticos e os carentes que se apaixonam, garota sherlock.... se não valeu a pena pelo final trágico, tenho certeza que valeu a pena pelo início ou pelo meio.... pelo menos pra vc... ou não?? não valeu à pena se sentir viva de novo?

    http://leonardoangelos.blogspot.com

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  6. Puxa, como foi bom ler este texto...adicionei vcs no meu perfil.
    Abraço fraterno

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  7. De facto sou um dos apaixonados e estou sofrendo

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Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!