terça-feira, 5 de abril de 2022

Mirabella

Galego e Português encontram-se como parentes separados por um oceano. E conversam, às vezes, sobre as suas nobres origens do Latim. E não muito distante disso, Ariano Suassuna disse, certa vez, ao grande Carlos Núñez, músico galego, que gostava muito do som de sua língua. E numa prosa muito frutífera, puseram-se os dois frente à frente, entre toques de gaita, num entendimento perfeito. Eis aí um pouco do meu amor por esse idioma, que inspirou também Garcia Lorca, em Seis Poemas Galegos, de 1935.

Não vou me por a fazer um tratado sobre a língua galega a uma hora dessas da madruga. Aqui só quero expressar um pouco desse sentimento saudosista, de cheiros, gostos e do por vir. Esse último tão promissor e amedrontador por ser, também e agora, um não acontecer. 

Para lá, depois do imenso mar, tem-se o Caminho de Santiago, místico e destino. E para cá, no sertão, também assim se chama; herança dos tempos coloniais de ganhos, perdas e transformação. 

E a cada nome que eu descubro e que leio nessa língua, vejo a vastidão das possibilidades imaginárias. Assim é um mirar belo, de Mirabella, da canção que traz o conto melódico do amor e do temor do descaminho. É ela um ser do maravilhoso, numa narrativa dentro do mirabillis, que, no final, é o próprio Latim.

Um ótimo nome que guardarei, bem como as jornadas galegas de Ariano e Carlos e a voz sussurrante e calma de Rosa Cédron.




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