O amor não existe, pressupus um dia.
Talvez se eu tentasse apenas gostar de alguém...
E assim nasceu um namoro falido e violento. Desse Lembro-me bem.
Ele sempre dizia que eu não era interessada em crescer e ser rica, apenas em sonhar com uma profissão nada rentável e gastar o que não tinha. Ele, filho de um juiz, um fanático religioso desviado que levava as mulheres para dormir em sua casa e suprir carências sexuais, afetivas e maternais dele, enquanto dizia-lhes sobre os deveres de uma esposa, o que ela poderia ser em um casamento.
Um dia ele reclamou que eu não usava maquiagem diariamente:
- Não vou ensinar você a ser UMA VERDADEIRA MULHER. Você já deveria ter aprendido! Ora, que sacrilégio não usar uma base nas unhas!
- Não vou ensinar você a ser UMA VERDADEIRA MULHER. Você já deveria ter aprendido! Ora, que sacrilégio não usar uma base nas unhas!
Em outro momento fez-me chorar copiosamente. Eu queria apenas comer fora em um domingo qualquer. Só que eu não poderia, tinha que cozinhar na casa dele:
- Você não possui dinheiro para esse luxo e eu não vou pagar!
- Você não possui dinheiro para esse luxo e eu não vou pagar!
Aliás, fez questão de deixar bem claro que só casaria comigo se eu pagasse minhas dívidas. Ele não iria trabalhar para pagar nada de ninguém. Quem falou em casamento? E em pagar dívidas? De onde saiu tudo isso?
Se eu ficasse doente ou muito cansada da faculdade e não pudesse ir para casa dele, escutava:
- Do que adianta uma namorada se não se pode ter sexo na hora em que se quer?
Ele, um estudante de psicologia, usava as minhas incertezas e angústias contra mim mesma.
Eu tinha que agradar a mãe dele, que desprezava-me porque eu morava em um bairro popular e não era da mesma religião da família. Uma vez ele brigou porque eu não fiz sala para a irmã.
Ele, com três meses de namoro, não convidou-me para a festa de aniversário dele na casa da família. O motivo era ridículo e escandaloso - eu não conhecia a tão famosa e intocável mãe. De último momento, resolveu mudar de idéia. Claramente recusei.
No dia dos namorados, depois de muito arrumar-me, ele levou-me para casa dele. Foi um jantar pavoroso e sem graça. Não ganhei presente e ele ainda reclamou do meu. Esse circo tosco foi a desculpa perfeita para que não houvesse despesas e eu dormisse lá.
Com seis meses eu resolvi terminar. Em uma viagem, senti-me atraída por outro homem.
No caminho para o lugar que marcamos, depois da minha chegada, ele queixava-se porque eu era a única e exclusiva culpada pelo namoro não estar indo bem, que eu tinha que mudar se quisesse mantê-lo. Ele salientou que quando começou a namorar comigo, saía com outras mulheres e tinha muitas opções. Eu deveria orgulhar-me por ele ter escolhido-me.
Assim que falei que estava acabado, ele quase teve um ataque cardíaco. Não acreditou que eu estava tendo aquela audácia. Ele repetiu várias vezes que foi um erro ter apresentado-me a mãe dele e toda a família (muito antes disso, eu tinha apresentado a minha!).
Tirei um grande peso das costas e acabei com uma farsa. Contudo fiquei com essa repulsa por compromissos e namoros, quase como um asco.
Depois de procurar saber mais e mais sobre o feminismo, descobri que fui vítima de abuso e violência psicológica.
Sinto-me mais segura e decidida hoje neste campo. Não tenho vontade alguma de enveredar-me por esse caminho novamente.
Minha solteirice tornou-se meu refúgio.
Gostei muito do seu blog! Já estou seguindo ;)
ResponderExcluirO Planeta Alternativo
Obrigada, Walter Segundo!
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