quinta-feira, 12 de maio de 2016

Ecos (Echoes)

A capa de Meddle é uma orelha submersa. Ideia do
Pink Floyd que teve que ser aceita pelo lendário
 designer gráfico Storm Thorgerson.
Lá em cima, os albatrozes se mantêm imóveis no ar
E nas profundezas das ondas, nos labirintos das cavernas de corais,
O eco de uma maré distante vem magicamente pela areia
E tudo é verde e submarino

[...]

Estranhos passando na rua
Acidentalmente dois olhares se encontram
E eu sou você e o que eu vejo sou eu
E eu pego você pela mão
E o conduzo através da terra


[...]

Entretanto, todos os dias, você surge em meus olhos atentos
Convidando e me incitando a subir
E através da janela na parede entram escorrendo nas asas da luz do sol
Um milhão de brilhantes embaixadores da manhã
E ninguém canta canções de ninar para mim
E ninguém me faz fechar meus olhos
Então escancaro a janela
E chamo você através do céu



 (Ecoes. Escrita por Pink Floyd, em 1970, para o álbum Meddle de 1971)


***

Ecoam pensamentos vívidos sobre mim. 

E todos os dias encaro minha face, minha projeção, no espelho de minhas atitudes. 

Em tempos abafadiços, as chuvas são apenas resquícios frequentes de tentativas pífias de amenizar muitas situações. É tempo, então, de transforma-se em um eco sibilante. 

Complacência é a morte de Prometeu. E o verbo se fez - sofrer... Em vão.

A luz da manhã cega-me, vagarosamente. São estilhaços de vidros dourados, gotículas de fogo, braseiro, luzeiro, pontas - carne fumegante. 

Ah, como pelejam esses seres ávidos por emoções transcendentais! Somos todos cristais rachados esperando pelo estalar final. 

Todos desapareceram. E deles fragmentos de lembranças formam uma colcha inteira de retalhos em cores arlequim. 

Rostos foram esquecidos e sorrisos apagaram-se!

E eu sou você agora! Inimaginável sensação de pareamento. 

Formamos o oposto, o contrário, os anti, bélicos e párias. 

Somos traídos, aqui e acolá. E não nos acostumados - alma inquieta que forma-nos. Estamos sempre em guerra, declarando-a a todos os nossos desgostos. 

E a solidão teceu-nos.

Vagabundos... Errantes... Humilhados. Eis nosso cotidiano, você e eu!

E mais uma batalha foi escrita. E esse relato ecoará dentro de cavernas escuras da nossa própria perdição.




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