Ele é incansável, destemido, intrépido e aventureiro. Não tem medo, não perdoa e avassala como ventos raivosos que rasgam o véu da noite.
Tem sede infinita de amar e ser amado, corresponder entre linhas e receber cartas adocicadas que poderiam formar livros cheios de cores e paixões.
Feito tão puramente, no abrandar do sono mais profundo e dos sonhos mais íntimos, despiu-se desavergonhado, inocente, tão agora, tão intensamente...
Só que este foge de mim todos os dias, como gotas límpidas que escorrem pelas mãos, sobrando apenas vestígios de sentimentos que poderiam conquistar minha própria confiança.
Ao redor, somente a escuridão disfarçada em sorrisos e gentilezas. Estou farta e cansada disto tudo, um belo teatro! Quero milhas além destes rostos tão duros, tão cheios de si, mergulhados em suas próprias divindades, gananciosos, ríspidos, opressores, indelicados... Ah, mundo cruel e indesejoso, você poderia estar escondido nas profundezas abissais!
Minha vida não passa de tentativas frustradas, barulhos ensurdecedores de vozes irritantes com suas conversas vazias e cheias.. Cheias de números e formas que não dizem absolutamente nada.
E todos os dias entrego-me aos meus próprios pesadelos. Por sorte, algumas vezes, manifesta-se esse rico e inoxidável motor de vida para acalentar minhas próprias lágrimas.
"Ele passou como um raio fulgurante... Desaparecendo em sua própria calmaria. Deixando vazios espaços que tentaram ser abertos por muitas vezes... E, agora, a um passo de desistir, não me resta mais nada a não ser lamentar...".
E esse coração secreto ainda não aceitou tão grandiosa derrota. Recusa-se, inventa teses e dissertações. Só que os números são frios, calculistas e precisos. E, em outra dimensão, assim como toda a desavença entre mecânica clássica e mecânica quântica, este parâmetro não cabe aqui.
De fato, jaz neste lugar a possibilidade de outra história de amor.
Não posso dizer como sinto-me - são as convenções e as precauções de quem já não mais quer escrever sobre corações partidos.
Contudo o coração que esconde-se partilharia e confessaria - sua solidão e seus desejos. E admitindo que não pode deixá-lo e não pode tê-lo, guarda-o para si profundamente...
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Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!