Quando Einstein teve a brilhante ideia de pensar em um tempo relativizado, nossos bisavós iam à encontros românticos à luz da lua. E veio ao mundo não só um emaranhado de equações físicas, mas a concepção de que, no vale das palavras que esperam ser escritas, tempo é uma questão de referencial.
E certo tempo depois, de acordo com os relógios newtonianos, um rapaz de 28 [ou 29] anos resolveu expressar, na forma de música, sua preocupação de não mais estar preparando-se para qualquer coisa na vida, porém de estar bem no meio dela. Assim nasceu Time do jovem [depende do ponto de vista e da cabeça pensante] Roger Waters.
Agora, cá estou eu a tirar Dark Side Of Moon do armário e deixar que a notas da 4ª faixa ecoem - estou refletindo sobre os jovens velhos de 27 anos.
27 é uma faca de dois gumes - de um lado, os jovens imersos nos dez e pouco e 20 e pouco [bem poucos], alguns familiares e amigos da mesma idade insistindo que os trinta estão logo ali: a juventude acabou! É hora de esquecer os sonhos juvenis e procurar os caminhos dourados da estabilidade [leia-se Money, de uma história em breve]. Do outro, outros jovens imersos nos mesmos dez e pouco ou vinte e pouco [bem poucos], outros familiares e amigos dizendo o inverso. E nessa constante mudança de referencial, minha cabeça vira um grande corpo maciço e curva o espaço-tempo ao redor: as luzes de pensamentos benfeitores são desviados e não estou apta a saber sua exata localização.
Instaura-se a crise da velhice relativa. Ou seja, sempre há uma conjunção condicional espinhosa nas questões mais humanas possíveis: os jovens amores [se existir maturidade], o curso de Física [contanto que termine cedo], as festas [desde que sua faixa etária esteja inserida no público alvo] e mais atos e fatos cotidianos.
Das várias teses da madrugada, uma permeia insistentemente minha mente - meu tempo não é o mesmo deles. Viajei na velocidade da luz por um universo de desvarios, histórias e fantasias, almejando alcançar as estrelas. Idealizei pessoas, situações e uma vida inteira, e, quando voltei, anos passaram-se e meu mundo mudou porque eu envelheci justamente para os que ficaram, porém meu olhar voltou-se para eles cheio de esperança de encontrar a maturidade que desejei.
No final, a conclusão pode ter várias faces, mas a mesma essência: meu espírito e minha mente estavam ali desde meus não tão distantes dez e pouco. Eu apenas ganhei as experiências cunhadas nesta caminhada até aqui. Não se pode esperar que pessoas, mesmo sendo muito jovens, mudem sua personalidade com o tempo - ela é imutável.
Aqui, neste momento, e na nossa velocidade, tempo é implacável: não há relatividade e experiências que modifiquem mentes vazias que não querem ser modificadas.
Algo é certo, o tempo vai passar, seja ele na relatividade ou não. E quando a velhice chegar para aqueles que não sabem respeitá-la e admirá-la, o destino não passará de um buraco negro - imperdoável.
E Time tocou.
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Nossa! ótima reflexão sobre os meus vinte e poucos [bem poucos], kkkk, anos...
ResponderExcluirrealmente concordo com tudo o que voce disse, me sinto em meio a um turbilhão de decisões que ainda não foram tomadas, como se a vida tivesse pressa.
Essa música do pink floyd é linda. Amo a letra, é intensa e reflexiva.
Pois é, querida Marcela... Os 20 e poucos... Uma idade boa, você é bem mais sábio, mais experiente e até mais suave e delicado. Vivamos! Beijos!
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