
Ambos são assassinos, discrepantes nas ideologias motrizes e métodos - Bateman torna-se uma serial killer por não suportar a existência de alguém que tenha mais do que ele [posteriormente, outras mortes acontecem não por esse fator]. Raskólnikov, por sua vez, mata apenas duas vezes [uma não estava nos planos] em nome de uma ideologia que prega a existência de pessoas extraordinárias que estão acima da lei, do bem e do mal.

Ambos consideram-se superiores. Só que Bateman é egoísta e convive melhor com os crimes até o desespero no final - onde não há mais como esconder. Raskonilkov é bondoso, mas vira refém dos próprios atos, não por receio dos castigos humanos ou divinos, e sim porque sua consciência ainda está lá, mostrando os limites que uma pessoa extraordinária deve respeitar.
Os medos e sentimentos [excluindo 'as vias de fato' em si] desses dois personagens é, sem hipocrisia e falso moralismo, a essência principal de uma ideologia mais branda e benigna de pessoas que olham a vida através da lente da existência superior, desprezando as mesquinharias, a ignorância e, drasticamente, tudo em volta.
Em maior ou meno grau, cada um de nós já sofreu, ou sofre, com as mesmas angústias dos personagens - uma parte de Raskólnikov que acredita que o mundo seria melhor sem os seres ordinários e o restante de Bateman que está são e salvo por causa de uma imaginação fértil.
Figura 1 - Christian Bale [Patrick Bateman] em O Psicopata Americano (American Psyco)//EUA/Canadá/2000.
Figura 2 - John Simm [Raskonilkov] em Crime & Castigo (Crime and Punishment)/BBC/2002.