Madrugada, terrível, abafada e tensa. E, lá ao longe, algumas luzes piscam, distantes e borradas frente aos meus olhos cobertos por uma película feita de distorção.
Porão escuro, uma luminária, algumas lágrimas. Não é tão diferente assim de uns tantos anos atrás, das mesinhas e suas máquinas de escrever explodindo em tilintares secos e metálicos.
Tenho sentido-me uma criatura um tanto morta, vazia, empurrando cada nota suave da vida [que deveria estar em máxima colisão de sabores e experiências]. As paixões acabaram? O frio na barriga e as palavras embasbacadas?
[ou mataram-as?]
Percebo que o caminhar de minha vida perdeu um pouco do brio. E isso não deve soar como uma súplica, ou um desabafo intrínseco de tristeza. É apenas uma nota, talvez desesperadora, da falta de combustível e da inspiração que cercavam-me há algum tempo atrás.
Vários rostos passam diante dos meus olhos cansados, dia após dia - sorrisos em câmera lenta, jovialidade e esperança cheirando a tinta fresca. Talvez eles não saibam [ou nunca precisão saber] dessa convalescença das paixões que acontece em um certo tempo da vida.
Sinto fome e sede. E minha fonte esgotou-se - vislumbro uma poeira fina que cobre meu rosto, um calor escaldante e uma sofrimento avassalador.
Há sempre um sentimento vigorando a cada período como ciclos lunares. Porém para tecer os mais ardentes contos, precisa-se estar apaixonado por algo [ou alguém].
As paixões findam-se, vem o limbo.
Eis que a angústia seca as lágrimas que lavam a alma toda a noite, a cada prece, a cada dor. E quando poucas caem, são gritos sufocados, uma dor indescritível.
Devaneios noturnos - primeiro ato de uma peça forjada em cima de minha própria vida.
Melancolia matutina - o despertar de mais uma cena de desespero.
... Agora... Eu desejei apenas segurança, minha casinha de madeira. Uma pessoa para que eu possa dizer - "seja apenas feliz.", um beijo...
É um momento turbulento - sem explicação, sem ajuda. O tempo é o único alívio dado em conta-gotas.
Não sei o que há de vir. Há um turbilhão de sentimentos ainda por revelarem-se, mas que não podem ser utilizados para suprir essa falta de perspectiva.
Ando descalça e a areia é fria.
Do outro lado brilha o esboço de alguém. Resta-me apenas esperar por sua manifestação. Experiências de outrora fazem-me ter medo.
Contudo as esperanças, mesmo moribundas, não deixam que eu caia sem vida nessa estrada traiçoeira.
T.Frankinha minha amiga tudo bem?
ResponderExcluirVocê escreve com o coração e a sua escita depende muito do que você está sentindo e do momento que você está vivendo. Como eu já sou um leitor do seu blog a muito tempo eu já percebi isso. É bom escrever com o coração. Parabens pela sua transparencia!
Obrigada por seus elogios, querido Mansim!
ExcluirLindo...
ResponderExcluirObrigada, Thali!
ExcluirNossa, é realmente encantador o texto. Sem mais. Quando me sinto assim, sinto vontade de escrever também.. pra pôr pra fora mesmo, ou sei la pra quê. Só que é justo nessa hora que não sai nada, e eu acabo ficando angustiada mesmo, sem solução, entende? é estranho, porque normalmente a inspiração nasce nesses momentos tristes.. enfim, gostei muito do texto! valeu a pena ter vindo visitar aqui.
ResponderExcluirabraços!
http://biancase.blogspot.com.br/
Entendo sim, Bianca! Mesmo que as pessoas achem que tristeza é bem ruim, ela, por outro lado, dá-nos o combustível para alguns textos. Abraços!
ExcluirBoa tarde, T. S..
ResponderExcluirInteressante a forma como consegues descrever teu estado emocional com maestria e exatidão, parabéns.
Tens perfil no site Filmow.com?
Acho que é uma rede social que gostarias de participar.
Abraço.
Olá, querido Jacques! Obrigada pelos elogios! Eu não tenho perfil, mas estou cá olhando o site. Obrigada pela dica!
ExcluirAcabei de criar um perfil lá.
ExcluirLindo teu texto, onde vc extravasa suas emoções numa profusão de sentimentos. Gosto de teu jeito de escrever, é pura emoção e coração Frank, por isso gosto de blogs, um espaço onde nós podemos escrever sobre nossas experiências sem pressão ou cobrança.
ResponderExcluirAbração pra ti.
Olá, querido Paulo Cheng! Obrigada pelos elogios.
Excluira vida é uma sequência de portas que se abrem e se fecham. para o fazer, importa jamais deixar de caminhar, mesmo que nos percamos [mais do que nos encontremos] na difusão dos próprios passos.
ResponderExcluirbelo texto!
beijinho, querida t.s.!
Obrigada, querido Jorge Pimenta!
ExcluirTicy, minha miga!
ResponderExcluirObrigada pela presença sempre inteligente e especial no Humoremconto!
Confesso que não estava conseguindo vir aqui, por falta de tempo e concentração rsrs
Existe a melancolia que deve ser aproveitada como uma reflexão, uma espécie de conhecimento às avessas, nesse sentido é válido, quando não se transforma num abismo intransponível.
Beijos e te cuida!
Obrigada pela visita e amizade, querida amiga Cissa! Beijinhos!
ExcluirNossa, ha tanto tempo não ouço falar dos Dire Straits.. tinha até me esquecido da banda. caraamba, a música So Far Away fez parte da minha infânciaaa *----* foi tão bom lembrar deles, voltei a ouvir! obrigada por me lembrar, haha. aa, valeu pela visita!
ResponderExcluirabraços!
De nada, Bianca!
ExcluirTicy,
ResponderExcluirBoa noite! Encanto ter ler! E você traz uma questão que penso que estou abordando na minha crônica de ontem, ou seja, jogar fora a criatura morta e renascer. E a fome a sede vão ficando.
Beijos.
Lu
Olá, querida Lu! Obrigada pelos elogios. Você que é mestra!
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