Lá, ao longe, a minha alma caminha pelos ladrilhos bonitos de uma vida que nunca existiu.
Há flores amarelas tulipando as cercas que recobrem campos verdes de voraz calmaria.
Mas, aqui, a verdade, a feia verdade, impõe a escuridão do medo, da vergonha de ser...
Alguém perdido onde não deveria estar.
A morte e as feridas, cortes abertos - exagero em vermelho.
Barquinhos que flutuam em meio a águas turvas formadas por lágrimas noturnas.
A mesma rotina, dia após dia, nada a esperar.
Assim eu vejo a cidade velha da minha mais velha janela.
E meu mundo desaba em gotas de desespero silencioso.
As moças alegres que contam seus dias, todos os dias, pelos corredores.
[eu pergunto-me se a felicidade é um dom]
E os rapazes que esbanjam sorrisos de vitalidade:
São as idades douradas da juventude.
Meu tempo perdeu-se em meio a altas fantasias
De amores que nunca existirão.
Amores físicos notáveis, intransponíveis, intangíveis e inexistentes.
E eu caio lenta e vertiginosamente
Rumo às folhas secas
Que prenunciam
Que a alma que lá atrás ficou
Precisa muito mais
Do que esperanças baratas
Forjadas no caos da dor.
Belo poeminha noturno! Tomara que você tenha muitas insônias pra poder escrever mais poeminhas desses!
ResponderExcluirMiga, linda!
ResponderExcluirQue saudades de ti!
Poema muito intenso e interessante, ao mesmo tempo delicado e doce, creio que esta frase sintetiza tudo que pensei:
"Barquinhos que flutuam em meio a águas turvas formadas por lágrimas noturnas."
Lindo!
Beijos, Ticy, te cuida, tá bom?
Ótima semana!