"Os costumes são a hipocrisia das nações." (Les mœurs sont l'hypocrisie des nations - Physiologie du mariage ou Méditations de philosophie éclectique sur le bonheur et le malheur conjugal: Nouv. éd. - Página 39, de Honoré de Balzac - Publicado por Charpentier, 1838 - 408 páginas)
As previsões catastróficas confirmaram-se. E não seria para menos. O mundo é governado por uma incrível roda que movimenta toda a energia ao redor de si. E, de tempos em tempos, essa força vital traz paz e quietude, amor e liberdade, para que mais tarde estejamos mergulhados nas trevas escabrosas de um brilho acetinado de toda a cretinice imunda da essência humana, travestida pela moral e os ditos bons costumes. Somos obrigados a presenciar o desvelar das minúcias patéticas de pessoas extremamente religiosas, gananciosas e que tentam expiar seus próprios pecados através de mentiras que assustariam até mesmo o pobre diabo.
Os velhos tempos repulsivos e letais estão de volta, banhados pelo sangue de um vermelho vivo sem precedentes. Esse mesmo vermelho que trouxe dias de glórias, o bem dos pobres e o escárnio dos burgueses. Sim, uma cor tão temida, mal interpretada, mal cuidada e mal administrada. E, mesmo assim, a teimosia não deixa-me afastada dela. Tenho sonhos, mas não mais utopias.
A História anda bem; pelo menos a minha, aquela que vou de encontro todas as tardes desse verão escaldante (e algumas manhãs também quando tenho reunião da minha bolsa de iniciação à docência). Poderia estar melhor, é claro, se meu ego não fosse tão grande e seletivo (e vaidosamente digo que é bem válido ser desse modo).
O meu descontentamento crônico faz eu sentir falta daqueles que tem a minha idade e que entendem quando falo de Simon & Garfunkel ou tomam um café comigo recomendando documentários e álbuns do Nat King Cole, por exemplo.
Padeço pela solidão da falta dos meus iguais.
A juventude não amedronta-me, porém deixa-me muito entediada.
Talvez o Sol nasça daqui para frente com um tom de laranja atômico queixoso e ponha-se levando muitas lágrimas azuis de arrependimento.
Jazem todos os bons sentimentos em covas rasas, assassinados esses por ditadores da vida alheia e das pregações divinas.
E estou aqui... Com o amargor de quem perdeu-se nessa dantesca multidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!