Seria esta minha existência uma jaula diamantada? Longe de todos que um dia amei? Estão eles espalhados em outros terrenos tão pedregosos como estes que caminho? Resta-me somente a especulação diante de pulsares latejantes - sensações intermitentes de que a vida passa-me como expiação.
A Queda de Faetonte 1604 Peter Paul Rubens National Gallery of Art/EUA |
Onde eu fui parar? Será que, sem perceber, eu cruzei uma outra dimensão onde os aborrecimentos reinam? Não, não... Quero o meu bizarro de novo, o meu frio na barriga, a neblina gélida do mistério.
O amor morreu e seria assim capaz de ressuscitar? Quantas perguntas ei de fazer-me até descobrir mais caminhos de tédio puro?
As pessoas falam e suas vozes ecoam lentamente como fluxos distorcidos e não têm significado algum. Seus semblantes são de bonecos de cera derretidos. Todas as cores esvaíram-se e sinto uma grande onda soprando em tons cinzas melancólicos.
Eu queria o meu nascer do Sol novamente, apesar de muito detestar as manhãs. Porém não o cobiço como um juvenil Faetonte que, por puro êxtase e inexperiência, acabou fulminado por um raio do controle alheio.
Desejo que coágulos dourados e brilhantes incidam sobre a minha pele, penetrando e transformando-a em um fluido.
Anseio por libertação e por grandes e majestosos voos.
Nos meus devaneios eu sou um raio de Sol; nos meus pesadelos não passo de uma caricatura de mim mesma.
E, ao final, constato que sou uma prisoneira que escreve nas paredes, dia após dia, a palavra Utopia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!