Há, nesse estrambótico e complicado negócio que é a vida, certos períodos estranhos em que o homem considera o universo inteiro como uma simples e enorme farsa, ainda que mal vislumbre em que pode consistir a brincadeira e tenha bastante desconfiança de que esta se realiza à sua custa. Entretanto, nada o desalenta e nada parece valer a pena enquanto está lutando. Engole todos os acontecimentos, ideias, credos e opiniões e todas as coisas duras, visíveis ou invisíveis, por mais encaroçadas que sejam; como uma avestruz de poderosa digestão engole balas e pedaços de pedras.
Sim - Pelo Golpe de 64!
Sim - Pelo meu pai, minha mãe, meu filho, minha mulher, minha amante loira do celular iphone 6...
E o mundo, o nosso mundo, a nossa jovem ex-Democracia, nascida no ano do meu próprio vislumbre de luz, suspira agonizante, diante de uma política acéfala, aculturada, vulgar, despreparada, oligárquica, patriarcal, machista, defensora de torturas e ditaduras, extremista religiosa - o Estado Laico que dane-se! "Eu quero mesmo é faturar um milhão" - Lava Jato - meus jatinhos particulares!
Ismael, em Moby Dick, não poderia ter descrito seu próprio cenário de desilusão de forma mais atemporal.
Tudo isso é culpa nossa - nostra maxima culpa - criamos monstros. E agora eles irão nos devorar!
Nascemos em meio a lama, tendemos a passividade e ao esquecimento - corrupção, aos montes, nas Universidades (apropriação de bens públicos), nos trabalhos que almejamos, nas empresas que mascaram Planos de Contas, subornos astronômicos e até na nossa própria casa.
Somos todos uns bananas, isso sim! - E formamos uma República cheia delas - nanica, PRATA ou PLOMO, ao gosto do freguês.
Fui uma avestruz. Tive que engoli, em um processo igual ao maldito, cruel e elitista foie gras, desculpas esfarrapadas de UMA LIMPEZA que não passa de uma farsa, uma do tamanho do universo paralelo. E, depois que meus olhos sagraram diante de um DESCALABRO HOMÉRICO, eu vomitei - minha (in) digestão matou-me - a avestruz tornou-se um ganso bem morto.
Nossa política é egoísta. Ela não representa você, nem eu, nem o totó da casa deles. Preocupam-se com seus prazeres satisfeitos e suas ostentações - se ele tem é porque Deus deu (ou o Diabo) e o dízimo gordo dos fiéis, os nosso impostos, a propina. E agora elas todas (as notinhas) reinam na Suíça.
Somos uma piada mundial. Ou seja, todo dia é um 7x1 diferente!
Respiramos ainda o ar de uma sociedade saudosista da escravidão. Há tempos esse ar envenenado atinge os sindicatos, as empregadas domésticas, os porteiros, os estudantes, a galera das Humanas, a UNE, as famílias do Bolsa Família e da Minha Casa, Minha Vida, em mim e em você. Ela (a sociedade) nunca contentou-se em não ter mais seres humanos como propriedade. Vivemos uma era de jovens que cultuam o ódio, porque eles mesmos são vazios, mimados, criados em uma bolha de laboratório - cheios de quereres que ultrapassam o respeito e a liberdade individual.
Respiramos mais ainda o ar de uma sociedade saudosista de um tempo escuro que também manchou nossa História - 64. Quem em sã consciência defenderia tal atrocidade? E a resposta assusta. Pois falhou-se em tratar criminosos como eles realmente são. Quando um protótipo errado de ser humano defende torturadores e assassinos, a culpa é dele mesmo por ser tão energúmeno. Porém, quando alguns milhares também o seguem... Hum... Isso causa uma certa beliscada incomodante - como não pensar em Hitler, Pinochet, AI-5, Carlos 'Infernal' Ustra...
Quando a História faz seu papel e o jornalismo é sério - bandidos não viram heróis!
A vida tornou-se estrambótica, negra e cheia de incertezas. Nossa Moby Dick nos roubou mais uma perna, ajudada pela nossa própria tripulação. Ahab não contaria com isso nem mesmo em seu pior pesadelo.
E o pesadelo dele agora é o nosso.
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Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!