Cena do clipe High Hopes - Pink Floyd - 1994 |
O desalento não poderia ser mais expressivo. Saudades de tantos acontecimentos nunca vividos, das músicas nunca tocadas, dos sorrisos que nunca floresceram.
Ninguém mais recita poemas e estes tornaram-se sinônimo de fraqueza. Os amores não são mais alimentados com palavras ricas, tecidas com fios de ouro. Padecem agora com onomatopeias ininteligíveis, beirando os rangidos de cães afoitos e raivosos.
A minha alma escuta em apenas uma frequência. E brilha em um espectro invisível aos outros.
Minhas histórias e peripécias pertencem a um mundo interior. E, externamente, ouço sons moribundos e entristecidos. É o estalar de ossos no frio, o frio da ignorância, do desamor, do instantâneo.
Cena do clipe High Hopes - Pink Floyd - 1994 |
A vida de escritor não está nada fácil, nem dos renomados, nem dos independentes, muito menos daqueles de fim de semana.
"Não nos enxergam mais!"
Quase ninguém lê com o sabor da paixão na língua, com o sentimento do desbravamento,
da caça, do encontro e do deleite. Muitos são só números, quantidades, isto e aquilo...
Transportei-me para vales verdes encantadores. Voei para Grandes Esperanças, não as de Charles Dickens e sim as de Pink Floyd.
Sobrevivo das histórias que crio e das que escrevo (mesmo sem público), e das várias vidas que vivi e não me lembro.
Cena do clipe High Hopes - Pink Floyd - 1994 |
O mundo submergiu na lama da simplicidade deplorável.
E não há mais nada que possa ser feito neste século.
Um dia futuro, alguém, ou algo, olhará o céu e perguntará sobre a essência da humanidade. E sua resposta virá através de um livro manuscrito dourado e iluminado, das músicas que foram tocadas em notas de Bach, dos sorrisos que floresceram e dos amores alimentados pelas poesias - todos de uma época que, neste momento, é imemorial.
***
High Hopes - Pink Floyd - Division Bell - 1994
High Hopes - Pink Floyd - P.U.L.S.E. - 1995 (com tradução em português)
Sobre a canção do Pink Floyd - High Hopes
Uma das músicas mais significativas na minha vida. Sua letra fala sobre um passado cheio de imagens, sons e pessoas. É a metáfora da saída para o desbravamento de um novo horizonte, incerto, mas cheio de esperança. É um saudosismo marcado em cada estrofe.
A canção foi composta por David Gilmour (um dos mais geniais, para mim, guitarristas e uma das mais bonitas vozes do rock) e Polly Samson, sua esposa, para o álbum do Pink Floyd, Division Bell (sem Roger Waters) de 1994. É o penúltimo na discografia de estúdio do Pink Floyd.
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