E bem lá no fundo, onde as lembranças mais intocáveis moram, notas de um cheirinho de pré-escola eram gotas de alegria - Mabel e suco de laranja!
Sou só saudade, esse enorme conjunto de átomos dessa matéria dolorosa.
Era um tempo bom... E eu não sabia. Nunca sabemos.
Tempo dos livros de capas vermelhas, cheios de histórias, guerras, princesas, reinados e lutas.
Era o fim do mundo. Porém só meu.
Hoje só há lama, fragmentos de corações dilacerados, amizades perdidas, confianças extraviadas, mal entendidos, chateações e pensamentos que deveriam ser guardados.
Todos os amores deveriam ser platônicos e eternos, juvenis e brilhantes. E só amamos assim uma vez. Os outros sempre serão aquém, cheios de lágrimas e sofrimentos, ou monótonos, ou errados, pelas pessoas erradas e situações tortuosas.
Um dia eu tive meu oceano azul. E agarrei-me a ele com apreço. E esta memória é o calmante para o caos de sentimentos desse presente ingrato e catatônico.
A vida tornou-se cinza, sem graça. E as pessoas desinteressantes, todas elas! Onde estão seus rostos vívidos, cheios de perguntas e cores saltitantes? Perderam-se dentro de mim. São apenas faces e fábricas de palavras.
Saudades das nuvens que profetizavam chuvas magníficas vindas do leste e que traziam o cheiro das folhas verdes e dos espíritos das florestas. Portais eram abertos através do arco-íris. Sentava na praça e elas [as nuvens] eram de todas as cores, rosas, azuis, amarelas... Uma sinfonia harmoniosa no final de tarde. A felicidade estava ali com seu véu e eu não sabia.
A noite, o mais lindo céu - o caminho brilhante e leitoso da Via-Láctea . Ali depositei meus sonhos. E eles ainda estão lá, mas perdidos, pois eu também me perdi.
Era tudo esperança.
É agora tudo que resta é o pó daqueles tempos cheios desejos.
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Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!