quinta-feira, 18 de abril de 2013

Laranja atômico

São dias amarelados, débeis, frágeis e insossos. O mesmo filme e as mesmas atitudes. Apenas algo mudou - a condição de interesse.

Os rostos, antes observados, esperados, despertadores de sentimentos misteriosos, caíram no profundo abismo do ostracismo.

O café não tem mais o mesmo gosto, o chá está morno. As horas passam, dias passam, pessoas passam.

Talvez seja apenas o sinal do cansaço, da idade, dos círculos quebrados, das rotinas desfeitas.

Vejo-me em uma casa de madeira, no meio da floresta, sem material humano, sem esperanças e nem desilusões. Os raios de sol queimam suavemente, a água cai, o verde brilha esfuziantemente e notas estremecem o ar.

O tempo mudou.

E tudo de antes se perdeu.

Minha face, minha alegria, meus amores.

E não há nada além de um horizonte laranja atômico.

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