segunda-feira, 1 de maio de 2017

Belchior (1946-2017) - O poeta das desventuras e a palo seco


Ah, Belchior... Agora que tu encerraste esta existência e foi preparar-te para uma outra, que será muito mais satisfatória e cheia de respostas para teus anseios, não poderia eu fugir das lembranças de tua companhia de uns oito anos atrás, tocando repetidamente A Palo Seco e por Medo de Avião em minhas madrugadas incertas e também preenchidas por conclusões nada floreadas da vida. Sim, essa realidade e essas desventuras também assolam-me, por isso tuas músicas caem-me como uma luva.

Tu fizeste-me rever João Cabral de Melo Neto hoje e este livro de capa verde que olho aqui do lado. Foi quase certo que o teu a palo seco também veio do mesmo dele. E eu fiquei refletindo sobre essa expressão tão significativa, que para ambos, representava seus navios com o mastro, mas sem vela, ou mesmo o cante flamenco unicamente com a voz, sem qualquer acompanhamento musical.

De onde tua faca veio, em forma de canto torto, também veio Uma Faca Só Lamina de nosso amigo escritor e poeta nordestino de uma Vida Severina.

Sabe... Eu também tenho medo de avião... E um montão de roupas velhas coloridas. E não possuo dinheiro no banco, muito menos parentes importantes e eu vim do interior.

Tu estás nas tuas canções e nós nelas também.

Ecoa em minha mente, com chiados daquele teu vinil numa vitrola, minha vida que começava a ser construída para meu bem e para meu mal.

Nunca esquecerei-te.

Sigas em paz e em direção à luz.

Con soidade já estou...












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Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!