Hoje pensei em um outro cenário. E foi assustadora a sensação de alívio e leveza por uns instantes. Eu até consegui imaginar como não é mais ter dor crônica.
Eu descobri o valor da desistência.
E da mudança urgente com suas nuances.
E eis que eu explico...
Muitas postagens desse blog falam sobre a realização de um sonho e esse era o curso de Astronomia. Só que, devido as imensas dificuldades, tive que optar por Física. E é inegável que, ao longo dos anos, tornou-se ela mais um dos grandes pesadelos da minha vida.
Sim, eu arrependo-me. E ao mesmo tempo sei que foi necessário.
Não há nada no curso que faça-me feliz. Não há ninguém para admirar, nem para seguir e muito menos para conversar.
Só há uma imensa infelicidade, dores de cabeça, doenças psicológicas que viraram físicas, inimizades, desconfiança, falsos amigos, baixa auto estima, cobranças extremas e muita culpa.
Sinto-me incapaz e bem deslocada. E é bem difícil admitir que eu deveria ter feito uma mudança quando ela era necessária.
Sofro com dor lombar crônica desde o primeiro dia de aula nesse curso. Foi como um grande aviso da tormenta que viria do leste. E essa dor, quase certamente, não cessa por eu viver ameaçada e amedrontada, sem ter com quem compartilhar todas as minhas angústias.
São 6 anos de médicos, fisioterapias inúteis, uma rizotomia que não surtiu efeito, remédios fortíssimos e o mais agravante - aquele velho sentimento de que eu não tenho o direito de falhar nem sequer com a minha própria doença. Que apesar do martírio que eu vivo, são os outros que vivem atormentados pelos problemas que eu causo.
Hoje estou sem plano de saúde. E não posso ir tão cedo ao médico.
Cotidianamente eu escuto que tornei-me um fardo, um descrédito, alguém que PASSOU DO PRAZO DE VALIDADE.
Por mais que eu ame a ideia de trabalhar com Ciência, o lugar, o curso oferecido, o material humano, colegas e professores tiraram todo o brilho do meu sonho. Aliás, tiraram muito mais do que isso - eu não sinto-me digna de um dia possuir algo bom ou de merecer alguma estabilidade e felicidade.
Estou vazia e trincada.
É hora de mudar, inevitavelmente.
Preciso de liberdade, respeito e consideração. Eu não tenho isso na faculdade e muito menos na minha vida.
E é a partir desse ponto que terei que fazer algo que não gosto muito, mas que a necessidade faz-me reconsiderar - estudar para concursos públicos. E se eu passar em algum, sim, eu poderei refazer a minha vida e tentar colocar algum sentido nela.
Quem sabe eu não chore mais, todas as noites, por ter dor crônica.
Não quero ser mais o estorvo.
Quero apenas ter a chance de ser eu mesma.
E não levarei ninguém da minha antiga vida. A lembrança de seus rostos é, gradualmente, queimada em uma grande fogueira, um por um...
Se eu pudesse, eu trocaria até mesmo de nome, desapareceria por um longo tempo e sentiria o gosto de tudo o que me foi negado.
Daqui por diante não escreverei mais sobre esse devaneio que não mais existe.
Pretendo apenas relatar a minha luta pela minha própria sobrevivência.
E no dia que eu disser que finalmente sinto-me liberta, eis que a velha roupa cinza nunca mais será vestida.
Espero que tenha passado dessa fase e continue lutando pelo sonho de ser astrônoma ;)
ResponderExcluirEstou na luta contra a Iconoclastia nesse aspecto. ;)
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