segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A alegria dos homens nas notas de Bach

Não há muito tempo (e para meu estarrecimento) ouvi algo de como música clássica, além de chata e antiga, também é insignificante por não possuir letra (Como assim?). Foi um aluno do curso de Física.

Ao escutar Bach hoje, lembrei dessa história. E muitos estão perdendo a melhor parte da festa por estarem justamente mergulhados nesse poço de ignorância.

Para esses que não se sentem tocados com Jesus Alegria dos Homens (Jesus bleibet meine Freude) e outros concertos dele (ou mesmo de outros compositores), só posso falar algo: lamento!

Assim, como disse o próprio Jesus ao finalizar a parábola do semeador: quem tem ouvidos para ouvir, ouça (Lucas 8, 8).

***
Johann Sebastian Bach (1685-1750) nasceu onde hoje é a Alemanha, em uma família com tradição na música. Teve quatro filhos que tiveram uma importância tão grande na mesma área que o sobrenome já estaria de qualquer forma garantido na imortalidade. Ser um Bach também significava possuir uma veia religiosa fortíssima.

Bach não foi um menino gênio como Mozart. Demorou um pouco para que as suas composições despontassem - lá pelos seus 35 anos. Mas como todos os bons e ótimos músicos, os instrumentos eram seu forte desde cedo, destacando-se no órgão.  E depois, no período que passou na corte de Köthen (1717-1723), cujos hábitos religiosos mais moderados permitiram-lhe dedicar-se mais intensamente à música instrumental profana, ele se revelou também um extraordinário cravista.

Bach não praticou a ópera, embora não lhe faltasse talento para isso.

Era bom de boca e gostava mesmo de comer (isso remonta-me a Vinicius e ao poema Não comerei da Alface a Verde Pétala). E como gostava de café! Apesar da fama de econômico, tinha a casa sempre cheia de flores e sempre gastava com instrumentos novos.

Foi um professor paciente com os alunos talentosos e impaciente com os que considerava medíocres.

Como pai, deu liberdade para cada um dos filhos desenvolver a própria personalidade musical.

Sua morte assinalou o final de um período - o barroco se fora e o classicismo chegara. Era a época do Iluminismo e das ideias revolucionárias e a Revolução Francesa logo, logo aconteceria. Assim, sua obra passou um bom tempo sendo apenas privilegio de círculos restritos. Só a partir de 1829, quando se fez a execução pública da Paixão segundo São Mateus, regida por Felix Mendelssohn, é que a obra de Bach passou a ser conhecida por um público mais amplo.

Poderia terminar dando dicas de algum álbum com as obras mais importantes de Bach, mas prefiro indicar o concerto que, para mim, simboliza a época de esperança, família, nascimento e alegria. Eis que Jesus Alegria dos Homens representa o Natal (apesar de já ter publicado textos mencionando que abomino o comércio em que se transformou). 

Trata-se da parte final e mais famosa da cantata  (tipo de composição vocal para uma ou mais vozes, com acompanhamento instrumental, às vezes também com coro, de inspiração religiosa ou profana) Coração e Boca e Ações e Vida, Herz und Mund und Tat und Leben, BWV 147a (sigla que quer dizer Bach-Werke-Verzeichnis "Catálogo de Obras de Bach" em alemão).

Música clássica não tem idade, credo ou faz qualquer distinção entre classes. O único fator que necessita é a perspicácia para ser apreciada e espalhada, assim como as sementes do semeador.


BWV 147 no vídeo acima (minutagem)

0:10   1. Chor "Herz und Mund und Tat und Leben" 
5:02   2. Rezitativ T "Gebenedeiter Mund!" 
6:50   3. Arie A "Schäme dich, o Seele nicht" 
10:27 4. Rezitativ B "Verstockung kann Gewaltige verblenden" 
12:09 5. Arie S "Bereite dir, Jesu, noch itzo die Bahn" 
16:33 6. Choral "Wohl mir, daß ich Jesum habe" 
19:43 7. Arie T "Hilf, Jesu, hilf, daß ich auch dich bekenne" 
23:24 8. Rezitativ A "Der höchsten Allmacht Wunderhand" 
25:46 9. Arie B "Ich will von Jesu Wundern singen" 
28:40 10. Choral "Jesus bleibet meine Freude" (A parte famosa)


A cantata é conduzida por Nikolaus Harnoncourt, regente alemão conhecido por suas performances de obras dos períodos clássicos e anteriores. É ganhador de um Grammy (2001) pela gravação da obra de Bach: Paixão segundo São Mateus.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Café Quente & Sherlock é TOP 100 do Prêmio Top Blog 2013: Yupi!

Olá, queridos (as) leitores (as)!

É com muita alegria que digo a vocês que o nosso blog entrou para a Lista Top 100 na categoria Arte & Cultura - blog Pessoal - da 5ª Edição do TopBlog Brasil e está classificado para as votações do segundo turno.


Já são quase quatro anos... E esse é um momento muito especial.


Agradeço a todos (as) que votaram. E, principalmente, por sempre estarem aqui, conferindo as postagens, as dicas, os filmes e as reflexões.

É sempre bom saber que tem alguém lendo e gostando. É o combustível que move o CQ&Sherlock.

Bem, o selo continua aí do lado e para votar nessa nova etapa é só seguir esses passos:

1. Clique no selo;
2. Você vai ser direcionado para a página de votação do TopBlog Brasil;
3. Vai aparecer local de preenchimento e votação;
4. Agora é só votar - lembrando que é permitido votar até duas vezes: por e-mail e por Facebook.

ATENÇÃO: a votação para o segundo turno do TopBlog Brasil vai até DIA 13 de MARÇO de 2014!

Até a próxima!





A vida em cor-de-rosa*

Suave, bem baixinho, as notas divagavam...

Hold me close and hold me fast
The magic spell you cast
This is La vie en rose...


Fortes abraços, magia...  Um dia eu pensei - "A vida em cor-de-rosa". Saltitantes nuances, sorrisos... Ah, muito complicado descrever todo esse fulgor. É uma cegueira instantânea.

Porém não me custa tentar imaginar uma vida tão esfuziante como as ruas iluminadas de Paris, salpicadas por um dourado sobrenatural. 

E eu pensei em você, dedicando todo esse esforço ao seu amor inalcançável. 

Deixemos a tristeza de lado, por alguns minutos, saboreando mais notas amadeiradas e florais...

When you kiss me heaven sighs
And though I close my eyes
I see La vie en rose


De olhos fechados, os beijos são observados apenas pelo céu. Sim, a vida tornou-se cor-de-rosa. 

Cá estão os desejos tecidos e arrematados por palavras. Tão distantes estão da realidade minha, talvez da sua. Porém o que faz cada dia valer a pena é que podemos viver nos sonhos toda a felicidade fragmentada pelo cotidiano iconoclasta.

When you press me to your heart
I'm in a world apart
A world where roses bloom

Romance de folhetim das tardes. E eu continuei a pensar que, sentindo seu coração, vivi em um mundo diferente, onde rosas floresciam.

And when you speak... Angels sing from above
Everyday words seems... To turn into love songs

As palavras que saem da sua boca encaixam-se em um hino angelical - são pequenas e delicadas peças de uma canção de amor.

Give your heart and soul to me
And life will always be
La vie en rose

E seu coração pertenceu a mim por alguns instantes. 

Porém sonhos terminam, cedo ou tarde. Está na hora de voltar para realidade. Mas antes lembrarei que, sempre que for assim, nossas vidas serão em cor-de-rosa.

* História da canção

La Vie en Rose (A vida em cor-de-rosa) é uma canção que foi escrita originalmente em francês por Edith Piaf, com melodia de Marguerite Monnot e Louis Guglielmi. Foi lançada no álbum Chansons Parisiennes de 1947. A canção original foi responsável pela notoriedade mundial de Piaf [o título da canção deu nome ao filme biográfico de 2007 que rendeu o Oscar de melhor atriz para Marion Cotillard no papel da própria Piaf]. A versão que temos no texto é cantada por Louis Armstrong [e pode ser encontrada no álbum Satchmo Serenades]. A letra em inglês foi escrita por David Mark. Esta foi incluida no Hall da Fama do Grammy em 1998.