Eu tenho cavado em busca de um coração de ouro
São estas expressões que eu não abro mão
Que me mantém procurando por um coração de ouro
E estou envelhecendo
Elas me mantém procurando por um coração de ouro
Estou envelhecendo" (Neil Young, 1972, álbum Harvest)
Uma gama de buscas para dar sentindo à vida, com objetivos claros ou não... E assim somos nós. Porém essas procuras intensas só são possíveis com a ajuda de uma das linhas mais resistentes que se tem conhecimento: a esperança.
Ao longo dos milênios muitos relatos sobre esse sentimento único foram deixados. O mais belo está na mitologia grega, imerso na criação do mundo, juntamente com a história de Prometeu, o coração de ouro dos humanos, o titã punido por ajudar a humanidade, o símbolo da resistência e da luta contra opressão. E assim como ele é o símbolo do sofrimento imerecido, a esperança é a representação da dádiva vinda de Zeus para abençoar o mundo.
Segundo a Mitologia de Thomas Bulfinch, uma vez Pandora perdeu quase todas os presentes entregues a ela por Zeus, menos a esperança. "[...] embora haja tantos males, a esperança nunca nos abandona; e enquanto a tivermos, nenhuma soma de outras enfermidades podem nos fazer inteiramente desgraçados."*
Como bem se pode perceber: para esperança não existe tempo, existe perda.
Nossa busca maior, talvez, seja pelo coração de ouro de Prometeu e o relatado por Neil Young, ou seja, pelas pessoas que fazem o bem para nós e pelas pessoas ao redor. Contudo há algo maior, mais cheio de propósito: a satisfação plena, não somente de encontrar os nossos corações, porém de nos tornamos o coração de ouro dos outros.
Informações:
* Trecho extraído de O Livro de Ouro da Mitologia, Thomas Bulfinch, 2006, Martin Claret, p. 31.
* Foto 2: Quadro Prometeu Acorrentado de Jacob Jordaens. Foto 3: Ilustração Pandora de Walter Crane.