sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O chá de cozinha

"Uma postagem pouco provável no blog de alguém que acredita fervorosamente no Living Apart Together e que está mais para a turma do professor Higgins."

Um chá de cozinha pode ser um objeto de estudo dos mais interessantes. É a mais vívida demostração de como duas pessoas podem ser felizes (e muito!) com a construção de uma família tradicional e que o amor conjugal existe para aqueles que têm sorte (parte importante) e uma paixão ardente que ainda não morreu no frio congelante da Sibéria.

A estrutura desse evento é basicamente assim: um clube, muito álcool, muita comida, go-go boys strippers ou um casal de comediantes gays, muitos presentes (a bola da vez é a tal da petisqueira), amigas ávidas por aquelas brincadeiras picantes, amigas doidas pela comida e as amigas das amigas da noiva.

E nesse momento eu poderia dizer - ah, vá! Quanta bobageira! Para que tudo isso? É apenas um casamento, um troço falido. Porém essa é a minha visão. Se meu conceito de felicidade não passa perto de festanças de casamento e do convívio na mesma casa, o que impede os outros de conseguirem isso dessa forma? Da mesma maneira que quero que respeitem minha opinião quanto as formas de amor, de como (não) viver juntos e dos novos conceitos de família, eu devo respeitar a alegria de uma noiva tradicional, feliz com seu casamento, com sua nova vida, seus futuros filhos, seu lar e com as muitas panelas que ganhou.

Um chá de cozinha é uma boa oportunidade para refletir sobre as dificuldades das mulheres em manter a sanidade:

1. Se casa, poderá ser: a víbora (visão da sogra); a ingrata (visão da mãe e das amigas solteiras); a desleixada (visão da sogra, do marido e das inimigas); a Amélia (visão do marido e dos amigos do marido); a boboca (visão das amigas solteiras, do marido e dos amigos do marido), a pobrezinha (visão das amigas casadas), a sortuda (visão das amigas solteiras); a boa mulher (visão da sociedade).

2. Se não casa ou/e pensa diferente sobre casamento e família, poderá ser: a fracassada (visão dos homens e das inimigas); a mal amada (visão dos homens e das inimigas); a pobrezinha (visão das amigas solteiras); a sortuda (visão das amigas casadas); a encalhada (visão da família); a lésbica (visão dos homens chutados, família e amigos); a revolucionária (visão daquele tio maluco); a independente (visão da empresa de trabalho) e a esquisita (visão da sociedade).

Ou seja, não há liberdade de escolha pura e simples para as mulheres. Um desses conceitos sempre vai ser supervalorizado pela sociedade de tempos em tempos.

Casamento é bom para quem quer e acredita nele. E essa noiva, imersa no que ela mesmo disse: "tudo está dando certo para mim", é a demonstração disso. Da mesma forma, os que não querem ou não pensam em cerimônias podem ser muito felizes.

E lógico, no estágio em que estou hoje, é difícil acreditar nessa felicidade de propaganda de margarina. Tudo bem, a vida segue. E eu comi bem para caramba nesse convescote moderno.

E, no final das contas, liberdade para casar ou não casar é título de álbum de Renato Russo - Equilíbrio Distante.

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Se você gostou dessa postagem, poderá apreciar também:

Liberdade? Você tem escolha?
O Living Apart Together - uma nova maneira de convivência


sábado, 13 de outubro de 2012

Mais notícias do Front...

Engraçado, geralmente, começamos pelo começo - janeiro é um bom começo, dieta é na segunda e por aí vai. Só que, muitas vezes, isso é tão redondinho que parece mais promessa de político amarelo.

Recomeçar mesmo em novembro - mês de aniversário. Daqui a pouco vem os trinta e com eles muitas coisas que ficaram para trás - o que busco mesmo é a tranquilidade.

Mas nenhuma paz vem antes da guerra.

Ninguém me conhece, nem eu mesma. E costumo dizer que se alguém entrasse em minha mente, sairia dela, no mínimo, insano e furioso.

Daqui um mês retomar a faculdade de Física. Muitas coisas precisam mudar, muitas atitudes são necessárias e algumas coisas precisam ser ditas para a vida seguir em frente.

"De noite quero descansar..." Isso me lembra que agora estou escutando Legião Urbana. Não acho Renato Russo melhor letrista que Cazuza. Acho-o mais sentimental, mas romântico - um poeta parnasiano enquanto Cazuza é mais da classe de Augusto dos Anjos.

É dia quente - dia de esquecimento.

Dia do perdão, talvez. Depois da vingança.

Por hora, só.

Pintura - Nêmesis, de Alfred Rethel (1816-1859), pintor alemão do século XIX.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dos pequenos infernos diários...

Dia quente e sem perspectiva. E pensei - se fosse permitido-me um desejo, um único que fosse, pediria um campo verde, frio e a presença de alguém que pudesse compreender apenas a minha forma de ser. Como é apenas um desejo, isso significa que, na atual conjectura, não há nada que prove que essa pessoa exista [talvez tenha morrido ou era bom demais para viver em um mundo tão catastrófico].

Não sei se tenho saudades da vida de antes, da vida de sempre. Todavia eu senti quando estava doente, pois não sabia se viveria para ver o sol cinza novamente [o velho medo da morte... O que há do outro lado? Não se sabe!].

Ultimamente tenho sentindo uma vontade imensa de dizer algumas verdades da maneira como devem ser ditas. Muita gente passou pela minha vida, disse o que queria e foi-se. E eu, como uma estúpida polida e medrosa, escutei tudo passivamente e pior - guardei.

Todos os dias é a mesma rotina - pesadelos, acordar, esmiuçar, entristecer-se, pensar, acumular e dormir.

A única coisa que ainda inspira-me é o Café Quente & Sherlock. Ele mostra que eu ainda estou viva, muito sozinha, mas ainda respirando. Pode ser o único detentor do meu amor [o amor do Camões] - a construção em palavras de alguém que sofre silenciosamente. E, quando manifesta-se, é motivo de piada, escárnio e descrédito por parte dos próximos.

Fugi, por algum tempo, da velha escrita - ela não tinha medo de ferir ninguém, do mesmo modo que 'eles' não têm medo de machucar-me. Mas do que adianta essa polidez? Essas palavras doces? Do agradar? O deixa para lá? Absolutamente nada! Faltam apenas dizer- Nasça de novo!

É mais um daqueles dias em que nada faz sentido, imagine a existência! Porém não em uma escala global. Afinal o que a falta de dinheiro prova é isso - a retirada da oportunidade de conhecer pessoas que podem mostrar que esse 'círculo regional' é o responsável por um mundo parecido com um campo de trabalhos forçados - onde só há dor, lamentação e desespero!

[não deve-se deixar a vida ter sentido somente por causa de alguém. Isso causa desgaste e uma enorme tristeza. Porém se ela parece não ter justamente por isso, então, por que não experimentar uma outra amostra?]

Um dia eu disse que queria apagar 99% das pessoas que conheci. Eu estendo esse número para uns 99,9%. Esse ano foi de erros e descobertas.

Uma das poucas descobertas boas foi saber que ajuda nos piores momentos não é algo exclusivo de livros ou de pessoas abençoadas pela roda da sorte da vida. De onde menos se espera, ela aparece. Já de onde se espera...

Não arrependo-me de nada dito e que permanece postado nesse blog - ao contrário! Gosto do meu nome - T.S. Frank. E tenho orgulho de toda a história construída até aqui. Este foi a minha voz quando ela falhou de fato, meu porta-voz, meu porto e, principalmente, minha janela para achar pessoa que sentem-se da mesma maneira como eu e estão fora da bolha multicolorida de vidas saídas de esfuziantes propagandas de margarinas.

E aos que não gostam, sentem-se incomodados com as verdades da vida alheia ou que acham que isso é muito complicado, tudo bem. Não há mais nada a dizer sem descer alguns degraus.

Hoje é o inferno, amanhã uma promessa - chuva, sordidez e dor de cabeça. Com muita sorte, apenas dormir sem pesadelos.

De fato, o que fazer para viver bem? Aceitar a solidão como uma companheira que pode trazer muitas experiências e aprendizados, quiçá até tranquilidade. Seja você, não importa o que digam. Mesmo que isso signifique, uma vez ou outra, a exposição de alguma frase no sentido "você é um (a) fracassado (a) na área pessoal.".