quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Combo - Livro & Filme - O Jardim de Cimento

Livro da semana – O Jardim de Cimento

O livro que tenho é da:
Companhia das Letras [Companhia de Bolso]
Ano: 2009
ISBN: 9788535915105
Número de páginas: 136
Autor: Ian McEwan (trad. Jorio Dauster)
Preço-faixa: 20,50 (+frete)


Ian MacEwan [Aldershot, Inglaterra, 1948] é considerado um dos grandes nomes da literatura inglesa e atual. Seus livros impressionam pela narrativa seca, sem eufemismos, mostrando situações cruéis através de fortes apelos visuais.

McEwan é um escritor sombrio, com enredos que mostram cenários inusitados e complicados, mas esses não estão ligados ao gênero bizarro.

O Jardim de Cimento é seu primeiro romance. Lançado em 1978, chamou a atenção da crítica pela história de uma desconstrução familiar feita de maneira sufocante e trágica.

Trata-se de uma família cujo progenitor morre repentinamente, deixando inacabado um jardim de cimento que há muito tentava terminar. O livro começa com a chegada de vários sacos de cimento à casa da família, o que gera muita discussão entre pai e mãe. O personagem que narra a história chama-se Jack – é através de seus olhos e de suas palavras que podemos visualizar aquele pequeno mundo - um clã isolado e sem parentes. O resto da família é composto por seus três irmãos – o pequeno Tom, Sue e Julie. Esta última mostra-nos um despertar sexual jovial, cheio de cores que aspiram por prazeres moldados na libido adolescente.

Após a morte do pai, a mãe assume o controle da família. Porém por pouco tempo. Sua morte acontece pouco depois, o que leva o leitor a um novo confrontamento e a um dilema familiar – sem parentes, os irmãos seriam separados e colocados em orfanatos. Isso os obriga a enterrar a própria mãe [mais uma vez o cimento está presente] no porão de casa e a viver da renda que esta deixa em um banco.

É nesse ponto que, talvez, Ian MacEwan faça jus ao apelido que ganhou – Ian Macabro. A narrativa não é complexa, porém cruel. Leva-nos ao inimaginável, a sensações e descobertas socialmente inaceitáveis.

É um livro pequeno, de palavras claras e objetivas. Confeccionado em tons de verão, com nuances de abafadas tardes escaldantes.

Depois de ler esse livro, querido (a) leitor (a), sua percepção sobre ingenuidade e moralismo será confrontada, levando-o (a) a questionamentos básicos sobre o certo e o errado. O Jardim de Cimento não choca ou fere – apenas mostra o convencional sendo desconstruído e transformado em uma realidade de sobrevivência e amor instintivo.

Crítica da semana: O Jardim de Cimento (The Cement Garden)/1993

O Jardim de Cimento mostra-nos a desconstrução de uma família – mortes, descobertas, sensações, novos modos de viver e sobreviver. Podemos julgar dois jovens irmãos por optarem pelo socialmente inaceitável a fim de protegerem o que resta da sua unidade familiar?

O Jardim de Cimento (The Cement Garden/França/Alemanha/Reino Unido/1993) é a adaptação para o cinema do livro homônimode 1978 de Ian McEwan.

O filme mostra uma família inglesa, sem parentes, composta pelos pais e quatro filhos. O clã sofre um grande impacto quando o pai morre e em seguida ocorre a morte da mãe. Os dois irmãos mais velhos optam por enterrar a genitora no porão de casa e assim manter a unidade familiar – com novos valores e com uma nova estrutura.

Aqui temos mais uma vez a dificuldade em adaptar um livro para o cinema – pois há uma classe que quase sempre sai muito insatisfeita – os leitores.

O livro tem uma riqueza de detalhes peculiar – pode-se até visualizar as cores e os tons dos cenários. A primeira impressão causada pelo filme é de que há alguma coisa errada exatamente nisso – eles precisavam ser tão sufocantes [amarelos demais, cinzas demais]?

O personagem principal, narrador em primeira pessoa, é Jack. No livro, Jack é um menino envolvente. No filme, o ator que o interpreta, Andrew Robertson, não se encaixa, passando insegurança e até mesmo o desconforto de estar ali. Sinéad Cusack (mãe) e Hanns Zischler (pai) estão bem, assim como Alice Coulthard e Ned Birkin como os dois irmãos mais novos, Sue e Tom. Jochen Horst, que interpreta o namorado de Julie, atua sem maiores destaques. E quem rouba a cena [e salva o filme] é a maravilhosa Charlotte Gainsbourg, interpretando Julie, a irmã mais velha. Podemos ver toda a sexualidade e libido adolescente descritas no livro.

O filme peca pela falta de ousadia. Tirando Charlotte Gainsbourg, é uma película débil e desconfortável, muito diferente da proposta visceral de Ian McEwan.



19 comentários:

  1. Ticy, miga!
    Volto para ler com calma,agora vou votar no teu blog, claro!

    Beijossss, minha miga!

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  2. Olá...
    interessei pelo livro, vou comprá-lo. Sempre prefiro os livros aos filmes, neles podemos ter uma interação mais intima de acordo com o nosso interesse.
    Votei em seu blog... de coração mesmo, acho que merece pois é um blog muito interessante. Torcendo por você.

    retribuindo a visitinha ao meu blog, não, não se trata de um amor nao correspondido, mas de um amor arrancado de mim pela morte...

    grande abraço.

    Marcela
    http://lapsosdeumamentebipolar.blogspot.com.br/

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    1. Que bom que se interessou pelo livro, querida Marcela. Ian McEwan é um escritor de sensações diferentes, com uma escrita limpa. Eu também, em alguns casos, opto primeiro pelos livros. Talvez seja por isso que há tempos ainda estou para ver Exodus, com meu querido Paul Newman, pois parei na metade do livro homônimo de quase 900 páginas. Obrigada por ter votado no CQ&Sherlock e pela torcida. Sinto muito por sua perda. Beijos***

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  3. Oi, votei em seu blog, ok!
    Vc indicou essa leitura, agora lendo o post criei um interesse maior em buscar o livro.
    A história parece bem forte, pesada, dessas que são boas mesmo antes de ir para o papel.

    Até!

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    1. Muito obrigada, querido Luciano, por ter votado no CQ&Sherlock. Que bom que se interessou pelo livro. Como disse para Marcela, Ian é um escritor que vale muito a pena.

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  4. amiga nao consigoooo votar em vc..como faz ai? tenho q me registrar? eh no topblog!

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    1. Olá, querida Pri! É só clicar no selo. Aparecerão as opções para votar por e-mail, facebook ou twitter. Cê pode votar com as três, se tive-las. *-----*

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  5. Ticy,

    Tudo bem? Votei por email!

    Quanto a sua resenha crítica, confesso que não conhecia o título, mas a ideia da desconstrução é extremamente atrativa.


    Beijos.

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    1. Olá, querida Luciana! Obrigada por ter votado no CQ&Sherlock. Que bom que achou o título interessante. Realmente a ideia da desconstrução é atrativa.

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  6. Oi Frank, não conhecia o livro nem o filme, mas geralmente as adaptações para a telona de títulos sempre deixam a desejar, acho que os diretores não conseguem captar a essência da estória dos autores, mas há exceções.

    Um abração pra ti.

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    1. Olá, querido Cheng! Bem, isso que cê disse é bem verdade. Acho que é por isso que muitos autores são roteiristas dos seus próprios livros, como aconteceu com Mario Puzo (O Poderoso Chefão) ou supervisionam as filmagens, como Carl Sagan (Contato).

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  7. Oi, Ticy! ( eu já escrevi isso há pouco rs)

    Pois é, eu já vi este livro da Companhia de Bolso na gôndola em uma livraria, mas acredita que não me interessei naquele momento? Da próxima vez que eu for à livraria vou dar uma olhada com maior atenção, afinal uma resenha literária como esta deixa qualquer um curioso, no mínimo.

    Vou lembrar disso.

    Bjs!

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    1. Querido Jaime, esse livro é excelente! Pegue-o da próxima! Obrigada pelos elogios!

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  8. Olá, T.S

    Não li esse livro, mas parece bem interessante. A começar pelo título, que já dá ideia dessa atmosfera dura, sombria, da qual falou nesse texto. Parece semelhante aos livros de Hemingway, que também possuem essa "secura" linguística e a tendência a tratar de temas obscuros, pessimistas.

    Parabéns pela indicação ao Top Blog!

    Abraço.

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    1. Realmente, querida Rose... É uma atmosfera dura, escaldante, amarela... Um amarelo veraneio... Obrigada!

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Querido (a) leitor (a), obrigada por ler e comentar no Café Quente & Sherlock! Espero que tenha sido uma leitura prazerosa. Até a próxima postagem!