segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Segundas-feiras e suas reflexões

Raskólnikov (John Simm) na produção da BBC
Crime e Castigo/2002
Enquanto eu caminhava pelas ruas, parecendo uma laranja mecânica (por causa do uniforme de trabalho), escutando The Allman Brothers Band, imaginava como sentia-se Raskólnikov ao transitar pelas ruas poeirentas, sufocantes e imundas de uma São Petersburgo pobre. 

Uma dor de cabeça consumiu meu único resquício de bom humor. E eu pensei e repensei sobre esse começo de ano e em tudo que aconteceu (ou o que não aconteceu por décimos de ponto).

Quando eu era apenas uma criança, costumava brincar sozinha e, não raro, em vez de conversar com as outras crianças, conversava com os brinquedos - ali, no canto, eles e eu, no meu mundo particular. Levei isso para a vida adulta. E esse paralelo salva-me dessa tediosa realidade cinza, onde, aqui e acolá, há uma grama verde artificial e umas tulipas tão coloridas que parecem saídas de uma fábrica de flores de plástico.

Por isso pus-me a pensar em Ráskol mais e mais à medida que caminhava.

O tempo passa e a balança pende para o meu universo coexistente. Aos poucos volta aquela situação primordial, onde o que importa mesmo é chegar a um único ponto - a Ciência.

Durante o tempo em que abri uma porta para o mundo exterior e experimentei dele um pouco, tive mais subtrações do que somas - ilusão, cobranças de amizades nunca existentes, etc, etc. Agora necessito que isso tudo cesse.

Quero resgatar aquela garota que ficava horas e horas sentada na calçada simplesmente para ver Vênus a noroeste, que ficava feliz quando traziam-lhe recortes de Astronomia para mais um álbum e que queria apenas muitas pesquisas, shows de rock e uma casa de madeira.

E, quando ela finalmente sair das sombras, os outros bons acontecimentos serão apenas consequência.

Porém tenho que esperar, continuar a caminhar e usar meu mundo paralelo.

... E que continue a tocar um pouco mais de Southern Rock, por favor.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Recomendação Musical - The Ventures



Se eu falar Surf Rock, você me diz... The Beach Boys! Certo. Porém outro nome, tão bom e tão grandioso quanto, e infelizmente não muito conhecido por aqui, é o grupo:


The Ventures


Ventures não canta, só toca. É um dos ícones do Rock Instrumental, que abriu o caminho para o então gênero Surf Rock. 

A banda começou em 1958 com o nome de The Versatones. Os dois fundadores foram Don Wilson e Bob Bogle. Depois entraram Nokie Edwards e Howie Johnson. A formação clássica veio com a entrada de Mel Taylor, no lugar de Howie que, devido a um acidente, ficou impossibilitado de tocar.

Com certeza você, leitor (a), já ouviu em algum lugar a música Hawaii Five-O (tema da série de mesmo nome e também a mais conhecida do The Ventures por aqui). Quem sabe foi naquele disco do Coelhinho - Jive Bunny and the Mastermixers (1990) - na música That's What I Like. Porém fazem parte de seu repertório também: Walk Don’t Run, Perfidia (confira aqui), Wipe Out (confira aqui), Tequila (confira aqui) e a maravilhosa interpretação para Sleep Walk (confira aqui), da dupla Santo & Johnny. 

Em 1996 eternizaram suas mãozinhas no Rock Walk of Fame de Hollywood.

Em 10 de março de 2008 (ano da comemoração dos 50 anos da banda) The Ventures entrou para Rock and Roll Hall of Fame com a música Walk Don't Run e Hawaii 5-O.

Impossível não mexer o pé e sair por aí dançando - Recomendadíssimo.

Formação clássica

Don Wilson - guitarra rítmica
Bog Bogle -  guitarra líder e baixo
Mel Taylor -  bateria
Nokie Edwards - guitarra líder e baixo


The Ventures - Theme from Hawaii 5-O



The Ventures - Walk Don't Run



Fontes:


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Iconoclasta

Pigmalião e Galatea/1886
Ernest Normand
“E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!”
(Augusto dos Anjos, poema Vandalismo)


Frio, incômodo, inércia. E, depois de um café quente e do desânimo habitual, pus-me a pensar em Augusto dos Anjos.

Como no último verso, venho agindo como uma iconoclasta - ando a espatifar as imagens que, ilusoriamente, eu tenho.

Sufocada, intoxicada, necessitada. Criei um mundo onde eu era o lado miserável, pequeno e frágil. Em contrapartida, deturpei a realidade, maquiei os fatos e transferi meus desejos - estava pronta a imagem de adoração.

Como uma sonhadora, agi como Pigmalião. Esperei que Afrodite soprasse as narinas de minha estátua. Espera vã e tola.

Quando dei por mim, estava mergulhada no limbo, olhando duas janelas distintas, dois extremos que mostravam a realidade e a fantasia.

E num momento de desespero interior, um grito de solidão atinge a imagem. Em instantes tenho milhões de pedaços.

A fantasia foi-se. Serei capaz de gostar do ser real com o mesmo afinco?

Os dias passam lentamente, em silêncio e devagar. Anseio pela completude, porém a vida mostra-se distante e indiferente. E as fortes inclinações pelo desejo do corpo estão matando sentimentos mais nobres.

E assim continuo na beira do abismo - a olhar a minha doce imagem esfacelada e a realidade que, um dia, terei ou não de aceitar.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Semana das incertezas (part. II)

Minha cabeça dói nesse exato momento. Estou gripada e sem muitas esperanças.

Depois do resultado da primeira chamada, eu comecei a perguntar a mim mesma se a grande chance não foi ano passado, quando eu consegui ser aprovada em duas faculdades distintas para Matemática e Física.

Agora que tenho uma possibilidade real de mobilidade, a vaga parece distante. É insano pensar que um curso de Física, antes de 1/1, agora esteja 25/1, porém é o que aconteceu nessa edição do SISU, agravando ainda mais minha melancolia. Fiquei por tão pouco que não pude esconder minha tristeza durante o dia da divulgação dos resultados.

Algumas pessoas falaram comigo naquele momento taciturno. Algumas conversas foram de grande valia. Outras fizeram-me apenas relembrar que meu coração desvairado teima em cultivar sentimentos que existem unilateralmente.

Essa semana será decisiva. Se não sobrarem vagas para meu curso, o que fazer durante esse um ano que antecederá mais uma cansativa prova do ENEM? Continuar a trabalhar? Juntar dinheiro e fazer uma viagem? Ir a shows de rock em grandes cidades? Estudar em casa ou ir para o cursinho? Fazer pós e mestrado em Contábeis? Estudar para um concurso público? Confesso que a probabilidade de ficar mais um ano nessa expectativa não é nada agradável e é terrivelmente alarmante.

E que venha mais uma rodada.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Semana das incertezas

Ando de um lado para o outro, meu nariz está irritado e minha vontade de escrever tornou-se mínima nesta semana.

Por quê? Ora, porque meu futuro, minha paixão, meu ânimo e minha própria sanidade estão nas mãos de um sistema falho como o SISU.

Vou abster-me dos detalhes sobre meu próprio desempenho ao longo da semana em relação ao meu tão sonhado curso de Física. Resultado mesmo só dia 24 de janeiro. Porém as preliminares já deixam-me à beira de um ataque de nervos, pois sei que muitos que tiveram média acima da minha e, consequentemente, jogaram por jogar em Física como segunda opção, ocupam, agora, o espaço daqueles que realmente amam e querem esse curso para suas vidas. Tudo bem que haverá mais chamadas, todavia isso implica em mais agonia para os pobres corações dos aspirantes a cientistas.

Oh, isso parece um pesadelo inacabável! E apesar de já ter uma faculdade pública no currículo, estou parecendo uma iniciante no mundo do vestibular. Um medo terrível de passar mais um ano longe do meu sonho consome minha alma.

(Preciso de um chocolate... Pausa de 5 minutos - elevador, piso, supermercado, prateleira, caixa, passos, elevador, porta, cadeira, PC, blog... Nhác!)

Meu Deus, nem o chocolate é capaz de animar-me! Acho que se meus dois CDs do Queen chegassem logo, eu poderia ficar mais calma.

Enquanto isso... Desenvolve-se o meu drama interior.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Benedict Cumberbatch

Ele é quem dá vida ao meu Sherlock favorito da TV (porque o meu Sherlock Holmes favorito sempre vai ser o dos livros de Sir Arthur Conan Doyle). Nascido Benedict Timothy Carlton Cumberbatch, em 19 de julho de 1976, inglês.

Ele, filho de atores, seguiu a carreira dos pais - formou-se em Drama pela Universidade de Manchester (University Of Manchester) e depois continuou seus estudos em interpretação na Academia de Música e Arte Dramática de Londres (London Academy Of Music and Dramatic Art). 

Cumberbatch é um ator mais de teatro e de televisão, onde tem muitos êxitos, do que de cinema. Provavelmente você, leitor (a), antes de ler esse artigo, não soubesse da sua existência, pois para quem não acompanhou a primeira temporada de Sherlock/BBC (crítica aqui), ou viu filmes como Desejo e Reparação (Atonement/2007) e A Outra (The Other Boleyn Girl/2008), fica realmente muito difícil, visto que até mesmo a TV paga não coloca muitas séries e programas britânicos na sua grade.

Benedict teve um grande destaque quando interpretou Hawking no filme da BBC Hawking (2004), Stephen Ezard na série O Último Inimigo (The Last Enemy/BBC/2008) e Paul Marshal no filme Desejo e Reparação (2007). Porém sua ascensão veio com a aclamada série Sherlock de 2010. 

Lendo algumas reportagens e vendo alguns vídeos no youtube (infelizmente, quase tudo em inglês!), percebi que Cumberbatch tem um grande senso de humor e até mesmo muita educação quanto a crítica, visto que quando foi-lhe perguntado a respeito do que achava de seu novo status de sex symbol, ele respondeu que achava bizarro, uma vez que concordava com os críticos do tabloide The Sun - que compararam seu rosto ao de um cavalo de corrida.

Ele, de fato, tem um rosto exótico e muito longo e que não combina com certos cortes de cabelo, uns olhos verdes puxados (ora acinzentados) interessantíssimos, um sorriso meigo e um corpo longilíneo que confere-lhe elegância, principalmente no papel de Sherlock, quando usa ternos, camisas e casacos de cortes modernos e finos e uma voz poderosa, forte e com aquele belo sotaque inglês. Olhando seus outros trabalhos, o papel de Sherlock  é o que realça mais seus atributos, incluindo o corte de cabelo que deixa o rosto menos longo e a cores usadas que destacam os olhos. Porém, como todas as pessoas, há por aí umas fotos que não o favorecem.
E por tudo isso que Benedict Cumberbatch merece toda a atenção. Um grande ator e uma grande personalidade fazem de nosso novo Sherlock alguém que merece ser visto e revisto várias vezes. 



Entrevista com Benedict Cumberbatch sobre Sherlock/BBC (Sem legendas e áudio em inglês)


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Uma nova esperança

Passado algum tempo e depois de uma conversa sobre Nietzsche, não é à toa que fatos, por vezes indigestos, acontecem por ser necessária uma mudança de planos.

Essa necessidade por novos caminhos precisa ser saciada. Es próximos dias serão decisivos para isso.

Agora pretendo ir além dessas fronteiras. Enfrentar o desconhecido e as dificuldades. Porém, haverá recompensa? Pensar positivo mantém a cabeça sã.

Passada a turbulência, a confusão, o estarrecimento e a inegável conclusão, continua-se viva (o) do mesmo jeito e com as mesmas metas. Só que agora com novos destinos mais longínquos.

Se der errado, é voltar para casa e refazer os planos.

Coragem e perseverança - palavras de ordem!

É o começo para trilhar o caminho das estrelas.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O mal da paixão

Padecem os românticos e os carentes desse mal, a paixão. Cultivam em suas mentes pensamentos doces, momentos ousados e de entrega. Porém esquecem-se de que sozinhos são apenas devaneios. E no alto de suas loucuras, acham que isso é a realidade. Vivem fantasiando ao som de Bach e Vivaldi. Imaginam-se envoltos em uma atmosfera suave e cheia de notas amadeiradas.

Não raro, caem vertiginosamente no abismo da verdade e ao se estatelarem no chão, além de quebrarem todos os ossos, recebem cargas tóxicas de autodestruição.

Fecham-se em casulos e choram por dias, deitados na escuridão. Consomem-se em febre. Relembram momentos bons, muito poucos, relembram discussões e fazem voto de silêncio. E, minutos depois, desistem de tudo. Olham para os presentes que nunca foram entregues e para as declarações nunca ditas. Sentem-se fracassados e rejeitados.

O tempo dissolve suas almas e a cura vem em conta-gotas, dia após dia, lentamente.

E quando chega o meio da tarde, uma ansiedade toma-lhes de impulso. E essas criaturas, assim como eu, necessitam apenas de palavras gentis, de conversas soltas, de aquecimento na madrugada, de letras arranjadas de forma simples, de cumplicidade e afeto.

Estavam quietas, tecendo pensamentos, quando foram convidadas a um novo mundo. Permitiram-se, foram cautelosas, porém deram seu voto de confiança e embarcaram nessa viagem. Voltaram feridas e com o coração em fragmentos brilhantes.

Por sentirem o gosto do beijo e o calor do abraço, imaginaram-se amadas. Foram apenas esmolas e tudo se foi.

Agora seus amores estão em outros braços. Seus mundos não são mais os mesmos e a praticidade venceu a sensibilidade.
E voltaram, todos, pela fria estrada da desilusão. 

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Música envelhece?

Será que alguma música ou um estilo de música envelhece? Fiquei a pensar nisso um bom tempo.

Se envelhecer é, apenas, tornar-se velho, vamos ao conceito da palavra pelo Aurélio:

Velho - adj. 1. Muito idoso. 2. Antigo (3). 3. Gasto pelo uso. 4. Experimentado, veterano. 5. Que há muito exerce uma profissão ou tem certa qualidade. 6. Desusado, obsoleto. Sm. 7. Homem idoso. 8. Fam. Pai.

Agora, tomemos um exemplo: músicas do Eric Clapton. Vamos aplicar as definições que cabem a elas:

1. Antigas? Sim. Assim como composições de Mozart.
2. Gastas pelo uso? Possivelmente. Pelas vezes que Cocaine ou Tears in Heaven foram tocadas, há de supor-se que vários Long Plays foram riscados. 
3. Experimentadas, veteranas? Claro! Milhões e milhões de pessoas já experimentaram as músicas de Eric Clapton e adoram escutá-las. E elas são veteraníssimas no quesito bom rock and roll.
4. Que há muito exerce uma profissão ou tem certa qualidade? Sim. Clapton tem muita qualidade. E um estilo próprio que valeu-lhe o apelido de slowhand.
5. Desusadas, obsoletas? Chegamos ao ponto principal do texto.

Quando alguém diz que certa música, estilo e cantor envelheceram, está aplicando as definições desusado e obsoleto.
Frase lendária ainda na época em que Clapton era
do grupo Bluesbreakers na década de 60
Clapton lançou-se na banda Cream lá na década de 60. Saiu dela, começou sua carreira solo e virou o Deus da Guitarra (ou você acha que alguém iria se preocupar em estampar ERIC CLAPTON IS GOD na parede de um metrô se ele fosse ruim?). Em 1992, quando ele já estava VELHO, ganhou Grammys (sim, o Grammy já foi um prêmio sério!) pelo Unplugged (um deles pela versão de LAYLA, que VELHA já estava divina, imagine com roupa nova!). E hoje? Hoje o VELHO Clapton, com seu VELHO estilo de tocar e com suas VELHAS músicas, é simplesmente uma LENDA. Ele não precisou colocar LEGEND em seu nome (desculpe-me, John!) para ser o que ele simplesmente é: EXCEPCIONAL.

Pois bem, existe música boa e música ruim. Música ruim fica obsoleta, música boa não. Porque se, além do Eric Clapton, passaram pelos anos Marvin Gaye, Al Green, Pink Floyd, Creedence, Queen, Dire Straits e uma infinidade de outros representantes da boa música, então eles de velhos, no sentido de obsoletos e desusados, nada têm. Agora se muitos dos atuais músicos que vivem nas paradas vão tornar-se velhos no sentido de obsoletos, aí sim, pelo bem da própria história da música, a roupagem é adequada. 

Então, traga-me uma boa garrafa de Johnny Walker com mais de 18 anos, um álbum do Eric Clapton e um banquinho. Velharia é comigo mesmo!


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Começando com bom humor - Welcome 2011!

... E agora que o novo ano começou de vez, não sejamos hipócritas - desejemos apenas sobreviver a mais um ano...